F1 – Quem vai se dar melhor e pior no Canadá

segunda-feira, 5 de junho de 2017 às 19:44
Circuito Gilles Villeneuve em Montreal

Circuito Gilles Villeneuve em Montreal

A natureza da pista onde a F1 fará a sua sétima corrida da temporada, o Circuito Gilles Villeneuve, na ilha de Notre Dame em Montreal, no Canadá, certamente vai proporcionar uma corrida muito melhor que a última em Mônaco.

A pista de Montreal coloca ênfase no motor como poucas no calendário atual da F1. Desprovida de curvas de alta e/ou de raio longo, a tração, a velocidade em reta e os freios são os quesitos mais exigidos nessa pista, que geralmente proporciona boas corridas, muitas vezes ótimas.

O motor chega em sua velocidade máxima em última marcha três vezes durante uma volta. Nas duas retas principais – que são cortadas por uma chicane – e na reta oposta. Isso pode ajudar a Mercedes a equilibrar um pouco as coisas com a Ferrari, mas em compensação o motor Renault vai limitar muito as chances da Red Bull se intrometer na briga da frente;

Quanto a McLaren-Honda – e respondendo a algumas perguntas que me foram feitas pelos leitores – , apesar de seus avanços notórios de chassi e aero desde o início da temporada em Melbourne – quando não era um carro equilibrado como se espera de uma equipe grande – provavelmente tenha um final de semana daqueles miseráveis novamente em virtude do motor Honda, que é o menos econômico do grid, o que tem menos potência e o mais frágil.

Uma grande atualização estava prevista para esse final de semana no Canadá, mas o chefe da Honda, Yusuke Hasegawa, disse na sexta-feira passada que eles estavam atrasados e provavelmente não iria dar tempo de usar o motor atualizado em Montreal. Se isso de fato acontecer, a McLaren pode não passar sequer do Q3 na classificação de sábado e fazer uma corrida abaixo da crítica no domingo, se por acaso conseguir terminá-la.

Posso afirmar com alto grau de certeza, que nunca vi um motor tão ruim na F1 desde 1972, ano que que comecei a acompanhar a categoria. Eu sempre soube que os japoneses não são bons em criar novas tecnologias, apesar de serem muito bons – talvez os melhores – em aperfeiçoar tecnologias inventadas e desenvolvidas por terceiros. E o motor da F1 é único, sua complexidade foi ‘inventada’ por Mercedes, Ferrari e Renault e ainda é desconhecida pelos outros fabricantes, incluindo a Honda.

E como eu não sou nenhum gênio da lâmpada, é óbvio que os japoneses sabem dessa limitação histórica deles. O mínimo que eu esperava era que eles fizessem como Ferrari e Renault, que contrataram alemães e ingleses para junto com seu pessoal, desenvolver e até mesmo aperfeiçoar seus motores. Não nos esqueçamos que o chefe de motores da Mercedes F1 é um inglês chamado Andy Cowell.

A McLaren não registra um top 10 no Canadá desde que corre com o motor Honda no início de 2015 e ainda não marcou um ponto nesta temporada.

Montreal será uma boa chance para a Force India e Williams marcarem pontos e colocarem seus carros no top 10, desde que Lance Stroll mostre que pelo menos em casa ele seja num piloto razoável.

Os freios também são demais exigidos, já que as freadas no final das retas são profundas e violentas. E essas freadas provavelmente explicam grande parte do sucesso que Hamilton tem tido ao longo dos anos nessa pista. Foram cinco vitórias em nove vezes que o inglês correu ali. Não é a toa que Hamilton tem a melhor freada de todos os pilotos atuais da F1.

Mas então, se a Mercedes tem o melhor motor e se Hamilton é quem melhor usa os freios numa pista onde esses dois fatores são essenciais, Hamilton é o favorito para a vitória? Não. Sochi também é uma pista de motor e freios, mas ele foi mal lá e Bottas só venceu porque fez uma super-largada.

A Ferrari é o melhor carro no geral. Sua mínima – e teórica – desvantagem de motor é amplamente coberta por sua grande vantagem em todo o resto, principalmente no papo franco e aberto que o carro tem com os pneus. Sua suspensão está muito melhor resolvida e proporciona que seus pilotos ataquem as zebras de maneira muito mais controlada, o que lhes confere melhor tração nas saídas de curva, que é outro ponto crucial dessa pista.

O grande problema da Mercedes tem sido os compostos ultra macios, que mais uma vez será o composto protagonista em Montreal. Dos 13 jogos de pneus que a Ferrari escolheu para seus pilotos nesse GP, 9 são ultra macios. A Mercedes escolheu 8, pois está apostando que a superfície mais abrasiva da pista force os pilotos a usarem o super macio por muito mais voltas que o ultra macio.

Isso deve acontecer na corrida e os pilotos da Mercedes devem parar antes para trocarem seus ultra macios pelos super macios, Mas na classificação a Ferrari tem tudo para fazer a primeira fila inteira, obviamente se o tempo estiver seco e se nenhum deles errar sua melhor volta no Q3.

Adauto Silva
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