F1 – O que está pegando antes da temporada 2018 começar

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018 às 17:24

Hamilton e Vettel colados na Eau Rouge – Spa 2017

Por: Adauto Silva

Você que é um apaixonado por Formula 1 deve estar ávido por novidades sobre tudo que já temos para este ano na principal categoria do esporte a motor.

O Autoracing vem noticiando tudo o que já é fato todos os dias desde a última corrida da temporada de 2017 em Abu Dhabi.

O que ainda não noticiamos são algumas especulações quentes e mornas que ainda precisam de confirmação e portanto, ainda são boatos. E algumas “meias verdades”, depende do ponto de vista…

Vamos comentar algumas delas:

Mercedes W09 ??

* Um jornal italiano afirmou que o Mercedes W09 será 10 cm mais curto que o W08 de 2017
Se essa informação for verdadeira e a de Pino Allievi do jornal La Gazzetta dello Sport também for, isto significa que Ferrari e Mercedes terão praticamente o mesmo comprimento, já que tudo indica que a Ferrari de 2018 será um pouco mais longa. Vale lembrar que o simples “encurtamento” do carro não significa nada se a aero não for toda mudada, principalmente bargeboards, sidepods, assoalho e difusor. Pelo contrário, com o carro mais curto, se tudo isso não mudar teremos um W09 pior que o W08 e o mesmo vale para a Ferrari.

Será que teremos um Mercedes e um Ferrari 2018 extremamente parecidos e portanto mais próximos ainda em desempenho? Vale muito esperar pelos treinos de pré-temporada!

Williams FW40 – 2017

* A Williams de 2018 será quase uma cópia do Mercedes W08
Essa informação é nossa, mas também não conseguimos confirmá-la totalmente. De qualquer maneira, isso justificaria o enorme otimismo de Paddy Lowe, que conhece muito bem o carro da Mercedes de 2017 e mesmo ele tendo tido alguns problemas em muitas pistas, ainda assim é um carro 10x melhor que a Williams de 2017, além de usar o mesmo motor da Mercedes. O problema são os pilotos…

Marco Matassa com Kvyat na Toro Rosso

* A Ferrari contratou Kvyat para piloto de desenvolvimento este ano.
Isso é fato e já noticiamos. O que não noticiamos ainda é que a Ferrari contratou também Marco Matassa, engenheiro de pista que trabalhava com Kvyat na Toro Rosso.

Isso pode ser um indicativo que Kimi está por um fio para perder seu lugar de titular no meio da temporada de 2018? Pode.

Motor Renault V6 turbo

* O motor Renault de 2018 ganhará cerca de 40 hp em relação ao do ano passado
Vimos essa info numa revista francesa, além do grande otimismo mostrado pelo chefe da McLaren, Zac Brown, nos últimos dias em relação à temporada 2018. Não duvido que em seu pico de performance a Renault tenha conseguido isso no dinamômetro. Mas e a questão de transmitir essa potência extra para as rodas em pista durante boa parte de uma volta nas mais diversas circunstâncias? É muito diferente… Além dessa questão, temos também o problema de confiabilidade. Na segunda metade de 2017, quando a Renault estava forçando e desenvolvendo mais potência, vimos uma série de motores da equipe de fábrica e das clientes “abrindo o bico” no meio das corridas.

Motor McLaren feito pela Ricardo

* McLaren poderá construir seu próprio motor
Isso vai depender de como será o motor de 2021 em diante. Pessoalmente acho que se a McLaren fizesse isso ela finalmente viraria “gente grande” como montadora de super carros. O problema é que existem muitas correntes diferentes forçando a especificação do motor novo. O grupo que está decidindo isso retrocedeu nos últimos meses, tamanha pressão vinda de todos os lados.

As montadoras que já estão na F1 não querem mudar praticamente nada, pois investiram e ainda estão investindo muito tempo, dinheiro e pessoal de altíssimo nível para melhorar os já fantásticos motores atuais. Mas a Red Bull – que tem muito peso por ser dona de duas equipes na F1, a Aston Martin e algumas fabricantes independentes como a Ilmor e a Cosworth, querem simplificar o motor. Essa é a guerra mais feroz atualmente na F1. Mercedes, Ferrari e Renault estão de um mesmo lado, a Honda e a FIA estão meio em cima do muro e o “resto” está do outro lado. A Liberty quer o que for melhor para o espetáculo e o papel dela é conseguir conciliar todos esses desejos. É bem difícil. Mas se fosse fácil qualquer um faria…

Dizer que o motor atual é caro foi desmentido por Prost , que afirmou hoje que os motores antigos eram mais caros que a atual fantástica unidade de potência que vem sendo usada desde 2014. Ele não é caro, é complexo, assim como a própria Formula 1. F1 nunca foi pra qualquer um e nunca vai ser. Ali só estão os melhores de todas as áreas.

Toto Wolff, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas

* O sucesso da Mercedes e o insucesso de Kubica
Muito tem se dito que o sucesso dos alemães na F1 deve-se unicamente ao fator financeiro e ao seu motor melhor. Eu discordo.

Primeiro que um carro de F1 não se trata de apenas motor. O motor é um dos componentes mais importantes, assim como a aerodinâmica, a suspensão e o piloto. Os pneus também tem grande importância, mas como na F1 atual todos usam os mesmos pneus, sua importância – ainda alta – fica restrita a como eles são usados pela suspensão e pelo piloto. Como na F1 os pneus fazem parte da suspensão muito mais do que em qualquer outra categoria, o carro que tiver uma suspensão perfeitamente adaptada aos pneus atuais leva grande vantagem.

Dizem que Kubica não foi bem nos testes com a Williams porque ele não se adaptou aos pneus. Poderia ser uma boa desculpa para tirar o foco do problema no braço dele. E provavelmente é, porque os outros pilotos que a Williams testou não tiveram problemas com os pneus.

Lógico, os pneus atuais tem uma janela de temperatura muito restrita de funcionamento ideal. A degradação térmica é tão importante quanto a degradação mecânica ou física, o que você preferir. Se o carro e/ou piloto andarem acima ou abaixo da temperatura ideal dos pneus, uma série de problemas pode acontecer e fazer com que o tempo de volta fique até meio segundo pior. Nós vimos isso acontecer com a Mercedes em 2017 em algumas pistas, assim como com a Ferrari em 2016 em muitas pistas. Mas isso é muito mais um problema da suspensão do carro se adaptar aos pneus do que do piloto.

Mas voltando ao sucesso da Mercedes, tudo na F1 é equilíbrio. Para você realmente ter chances de título, você precisa de pilotos acima da média, motor muito bom, aerodinâmica – o que eu ainda elejo como sendo o fator mais importante – excelente e uma suspensão que te proporcione usar os pneus de forma ideal. Não adianta você ter apenas um ou dois desses componentes porque sua chance de conquistar o título é quase irrisória. Você precisa de todos esses componentes.

E para você ter todos esses componentes você precisa de gestão. O melhor gestor vai sempre conseguir tirar o melhor de cada componente porque vai ter as pessoas certas nos lugares certos, vai priorizar os investimentos nos lugares certos, vai ter métodos e procedimentos firmes e finalmente vai ter atitudes racionais, agregadoras e motivacionais. Hoje o melhor gestor da F1 é disparado Toto Wolff.

E dinheiro? Lógico que é importante. Mas diferente do que muitos pensam, a equipe Mercedes não tem mais dinheiro que as outras grandes. Ferrari, McLaren e Red Bull tem orçamentos parecidos e até maiores que a Mercedes. A equipe Mercedes de F1 é uma organização separada da fábrica Mercedes de carros, a Daimler. Toto Wollf é acionista da equipe de F1, assim como Niki Lauda. Eles têm 30% e 10% da equipe respectivamente. A equipe tem um orçamento definido no início do ano e não pode estourá-lo de jeito nenhum. Se isso acontecer, tanto Wolff quanto Lauda terão que colocar dinheiro do próprio bolso.

E você acha que considerando a quantidade de dinheiro que a F1 demanda, Wolff e Lauda tem “bala” pra isso? Nem de longe…

Josef Newgarden e Alexander Rossi

* Pilotos norte-americanos na F1
Graham Rahal, filho do grande Bobby Rahal, e Mario Andretti – que dispensa apresentação – andaram criticando a equipe Haas de F1 por afirmar que “não existe um piloto norte-americano pronto para a F1”.

Apesar de Graham não ser nem a sombra do piloto que foi o pai dele – o mesmo com Mario Andretti e com seu filho e neto -, eu acho que eles estão certos. Vejo pelo menos dois pilotos norte-americanos que poderiam andar bem na F1. O primeiro deles é Alexander Rossi, que fez cinco corridas pela Marussia em 2015 e na minha opinião teve um ótimo desempenho, considerando que era um novato num carro sem a menor condição.

Nessas 5 corridas Rossi fez 3X2 em classificação sobre seu companheiro de equipe e em corrida fez 4X1. Fora esses números, ele mostrou que tinha potencial ao não fazer nenhuma grande besteira em nenhuma das corridas e parecendo sempre andar no limite do carro. Ele não seguiu na F1 exclusivamente por falta de patrocínio, já que 5 corridas é muito pouco tempo pra mostrar alguma coisa mais consistente mesmo.

E temos o atual campeão da Indy, o jovem Josef Newgarden, que sempre andou bem e sagrou-se campeão de 2017 na primeira vez na vida que teve equipamento de ponta, mesmo com uma concorrência forte dentro da equipe.

Sinceramente não vejo porque Newgarden e Rossi não poderiam fazer melhor que Grosjean e Magnussen, se entrassem na Haas para fazer pré-temporada e tivessem o mesmo apoio que a equipe proporciona a seus pilotos atuais. Ignorar as raízes da equipe é um erro surpreendente que Gene Haas não poderia cometer nunca, ainda mais se ele quiser atrair patrocinadores de seu próprio país, que aliás, tem a economia mais pungente do planeta, além da maioria dos fornecedores da F1 ser baseada lá, nos EUA.

Adauto Silva
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