F1 – Bomba! Carro da Mercedes não muda filosofia para 2018

sábado, 30 de dezembro de 2017 às 14:32

Rake e distância entre eixos 2017 – Clique para ampliar

Entre as questões técnicas mais discutidas durante a última temporada, aquelas relacionadas com a longa distância entre eixos e o chamado rake dos carros de Formula 1, principalmente devido às escolhas muito diferentes feitas entre as duas equipes que lutaram pelo título mundial de 2017, Mercedes e Ferrari, foram as mais debatidas.

É inegável que as características técnicas muito diferentes entre os dois carros tiveram um grande impacto no resultado de muitas das corridas da temporada. Por um lado, a Mercedes em 2017 apesar de uma importante mudança regulatória, continuou com seu conceito de rake baixo, por outro, as outras equipes, incluindo a Ferrari, seguiram a filosofia da Red Bull elevando a parte traseira do carro e aumentando o ângulo de inclinação de seus carros. Mais detalhadamente, a Ferrari escolheu um rake ainda inferior para o seu SF70-H 2017 do que Red Bull, 1,5º em comparação com 1,7º da Red Bull, mas ainda muito acima do 1º de Mercedes.

Em 17 de novembro o Autoracing publicou um texto do Adauto Silva narrando uma conversa que ele teve com duas pessoas que trabalham dentro da equipe Mercedes de F1. Eles não tinham certeza se o carro mudaria completamente para 2018, ou se eles manteriam o mesmo conceito apenas alterando a “parte ruim” do carro, notadamente a suspensão. E pelo que o Autoracing está apurando, parece que a Mercedes resolveu não arriscar mudar todo o carro, mas sim “consertar” o que não funcionou bem em 2017.

Tudo leva a crer – neste momento – que a Mercedes deve manter as características técnicas (longa distância entre eixos e pouco rake) em seu carro de 2018. O W09 terá evoluções importantes na parte da frente, especialmente na suspensão dianteira com a consequente mudança mínima de ritmo do carro vencedor, mas não totalmente convincente de 2017, o W08. O que eles esperam é eliminar os principais problemas do carro de 2017, torná-lo mais fácil de guiar e então desenvolvê-lo adequadamente durante a temporada, algo que eles não conseguiram fazer em 2017, pois passaram o ano inteiro tentando resolver o problema de dirigibilidade – principalmente nas pistas de baixa e média -, ao invés de buscar mais performance geral.

Dando um pequeno passo atrás, a maioria dos sucessos da equipe alemã em 2016 foi devido a um sistema de suspensão sofisticado, que permitiu combinar as vantagens de um carro com bastante rake (muita performance em pistas mais lentas) às de um carro com pouco rake (menos arrasto e portanto mais velocidade em pistas de alta). A parte mais interessante do sistema foi um terceiro elemento dianteiro que permitiu ao W07 de 2016 andar bem nas seções mais lentas dos circuitos com uma plataforma aerodinâmica estável. Isto foi permitido por válvulas especiais que, depois da fase de frenagem ter sido concluída, não liberava imediatamente a energia armazenada, mas apenas após alguns momentos, permitindo que o W07 mantivesse uma altura quase constante do solo e, portanto, com uma aerodinâmica muito estável, enquanto atravessava as seções lentas dos circuitos. Muitos meses atrás, o ex-chefe técnico da Mercedes, Paddy Lowe, agora na equipe Williams, havia explicado isso:

“… estamos tentando usar os amortecedores de uma maneira muito mais complexa. Se as molas tiverem  um comportamento simplesmente linear, estamos tentando fazê-las muito mais complexas. Então podemos garantir a plataforma aerodinâmica que queremos nos diferentes circuitos e até nas diferentes seções de cada circuito…”

Mas o pedido de Simone Resta, desenhista técnico chefe da Ferrari para a FIA em dezembro do ano passado, alterou totalmente os planos da Mercedes, que apenas no segundo teste de pré-temporada em Barcelona tirou aquele sistema de suspensão preciso, mas aparentemente ilegal.

Com quais consequências?
A não-cobertura dos problemas que um projeto com uma longa distância entre eixos e baixo rake pode ter, ou seja, principalmente um carro que é muito menos reativo às mudanças de direção. Os problemas de substerço (saída de frente) que a Mercedes teria que resolver e não conseguiu, ficaram assim claramente destacados. Somente no Brasil e em Abu Dhabi a Mercedes conseguiu evoluir o sistema de suspensão do carro de 2017 sem prejudicar outras partes do carro, o que permitiu a Hamilton e Bottas competirem “em igualdade de condições” com o forte Ferrari SF70-H mesmo nas seções lentas dos dois circuitos (setor 2 no Brasil e setor 3 em Abu Dhabi).

E isso, do ponto de vista de 2018, mostrou que mesmo com a filosofia de longa distância entre eixos / baixo rake (a Mercedes não quer ter muito rake para não aumentar o centro de gravidade do carro que já será aumentado por causa do halo), você pode ficar forte e rápido nas pistas de baixa e média, assim como nas seções mais lentas de todos os circuitos, mesmo com esses carros bem mais “largos”.

Outro fator que limitou muito o desempenho do Mercedes W08 foram os pneus, muito diferentes em termos de construção entre a frente e a traseira. Um problema que muitas equipes tiveram na última temporada, mas que em 2018 pode desaparecer. A Pirelli realmente trabalhou muito nesse aspecto, para tornar o composto “mais fácil” de usar, modificando significativamente o perfil da roda dianteira (para melhor distribuir pressões e temperaturas) com intervenções muito mais limitadas no composto traseiro. Em muitas equipes, incluindo a Mercedes, não esperamos diferenças muito mais significativas no desempenho entre os pneus dianteiro e traseiro, como visto na temporada da Formula 1 que acabou de terminar.

Em suma, aqueles que esperavam uma “revolução técnica” na Mercedes ficarão desapontados com a equipe anglo-alemã, que continuará com a mesma filosofia usada neste primeiro ano da revolução regulatória.

Será o mesmo para as outras equipes?
O jornalista Pino Allievi do jornal La Gazzetta dello Sport é considerado o mais bem informado sobre os bastidores da Ferrari. Ele disse hoje que o carro da Ferrari de 2018 terá uma distância entre eixos mais longa, parecida com a da Mercedes. Não sabemos detalhes ainda, mas fique ligado no Autoracing porque mais novidades sobre a nova Ferrari surgirão aqui nos próximos dias…

AS - www.autoracing.com.br

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