Vettel, meu ídolo de infância

segunda-feira, 28 de novembro de 2022 às 16:53

Sebastian Vettel – Aston Martin 2021

Colaboração: Carlos Júnior

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No Grande Prêmio de Abu Dhabi, um dos carros verdes da Aston Martin era guiado por um piloto que cruzou a linha de chegada pela última vez. Sebastian Vettel fez a última corrida da carreira. Aposentou-se ao final desta temporada.

O tetracampeão mundial colocou fim a uma das carreiras mais vitoriosas da história. Foi um momento cercado de emoção para ele e para os amantes da Fórmula 1. E também para este humilde colunista que escreve estas linhas.

Eu cresci acompanhando a F1. Para ser mais preciso, o primeiro campeonato que lembro ter visto foi o de 2005, o primeiro dos dois títulos de Fernando Alonso com a Renault. Não me perguntem detalhes, pois, ora bolas, eu era um menino de seis anos. Tenho outras lembranças marcantes da categoria, como o campeonato de 2008 escapando de Felipe Massa em Interlagos – recordação nada feliz, óbvio.

Vi o próprio Massa e o interminável Rubens Barrichello ganharem corridas, disputarem títulos e colocarem a bandeira brasileira no alto do pódio. Sim, eu torci por ambos. Mas nenhum deles chegou a ser meu ídolo de infância como o agora aposentado Vettel foi. Ele me fez amar este esporte e esta categoria.

Em 2010, eu tinha 11 anos. Começava a entender o que era uma corrida de carros, como tudo aquilo procedia e os objetivos daqueles seres estranhos arriscando seus respectivos pescoços a 300 km/h. Se vocês não lembram, foi a temporada na qual a Ferrari cometeu aquela sacanagem no GP da Alemanha eternizada no rádio Fernando is faster than you – a equipe pediu para Massa tirar o pé e deixar Alonso passar. Além disso, a rusga entre Sebastian Vettel e Mark Webber transformava a Red Bull em protagonista – além do ótimo RB6, é claro. Um Vettel destemido, arrojado e muito veloz lutava pelo título, por vezes exagerando na dose, como nos GPs da Turquia e da Bélgica.

Era um espetáculo ver o jovem Vettel pisar fundo e ir atrás da vitória sem se importar muito com os obstáculos. Ele sempre pilotou com paixão, mostrando o talento absurdo que o mundo inteiro descobriu quando ele venceu em Monza de Toro Rosso – antiga Minardi, equipe fadada a ser sempre a última equipe do grid. E eu, um garoto ainda, nos primórdios da minha compreensão de uma corrida de carros, achava o máximo ver aquele alemão com cara de menino desafiar os tarimbados do grid com muita competência.

Pois bem, Vettel foi campeão pela primeira vez naquele inesquecível GP de Abu Dhabi. Longe de ser o favorito, bom que se diga: Alonso dependia só de uma quarta posição para vencer, e Webber chegou na frente para aquela corrida. Ele largou na pole, manteve a dianteira e venceu. Fez a sua parte. Os dois oponentes, não. O bicampeão ficou atrás da Renault de Vitaly Petrov, longe da pontuação necessária para conquistar o tri. Webber veio logo atrás. Deu tudo certo para Vettel – nas palavras de Galvão Bueno, um menino grande campeão.

Foi sensacional. Vettel chorou como o menino que era. Campeão mais jovem da história, tirou um piano das costas, venceu quando muitos davam suas chances como praticamente nulas. E eu torci por ele, esperando a corrida acabar logo, Petrov segurar Alonso e tudo dar certo. Era a F1 sem DRS correndo no travadíssimo circuito de Yas Marina. Seria quase impossível o russo da Renault segurar Dom Fernando das Astúrias. Mas segurou. Um belo capítulo na história dessa categoria tão apaixonante.

Vettel conquistou outros três títulos – todos na Red Bull. Se em 2011 foi um passeio e em 2013 vimos um dos melhores conjuntos carro/piloto da história, o tri em 2012 veio com muita luta. A RBR tinha o melhor carro, mas a confiabilidade não ajudava. Mesmo atrás dos taurinos e da McLaren, a Ferrari não quebrava e tinha um Alonso pilotando em altíssimo nível. A corrida decisiva foi em Interlagos debaixo de muita chuva, e Vettel caiu para o último lugar após um incidente com Bruno Senna. Ele manteve a cabeça no lugar, fez uma excelente corrida de recuperação e conquistou mais um título de maneira incrível.

Já adolescente, vi um Vettel mais maduro tentando tirar a Ferrari da fila e repetir a façanha do ídolo Michael Schumacher. Não conseguiu. A era híbrida viu a hegemonia da Mercedes e de Lewis Hamilton. Porém, Vettel defendeu o time de Maranello com uma garra que o fez amado por todos. Ele tentou de tudo, pilotou no limite e venceu algumas corridas. O objetivo máximo não veio, mas isso é o esporte. Do outro lado tinha um fora de série como Hamilton.

Ficam os bons momentos, as vitórias magníficas, as alegrias propiciadas. Vettel pilotou como poucos, conquistou quatro títulos mundiais e colocou o seu nome na galeria dos melhores da história. É o meu ídolo de infância, responsável por mostrar a mim a beleza da F1. Danke, Seb.

Carlos Júnior
Teresina – PI

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