Stock Car na Band é boa notícia

segunda-feira, 23 de novembro de 2020 às 13:16

StockCar

Por: Bruno Aleixo

Notícia que passou razoavelmente despercebida na última semana, mas que representa o que pode ser um importante ponto de virada para a principal categoria do automobilismo nacional: a partir de 2021, a Stock Car terá suas provas transmitidas pela Band, em um contrato com duração de 5 anos e opção para renovação por mais 5. A categoria deixa a Globo na TV aberta depois de 20 anos. Na TV fechada ainda não há definição e o Sportv ainda não é carta fora do baralho.

Bom, a Globo é a TV de maior audiência no país, maior faturamento e maior capacidade de atrair anunciantes e patrocinadores para os produtos que transmite. Porém, para a Stock Car, a mudança para a Band é uma boa notícia, por mais estranho que possa parecer.

É que em 20 anos de relacionamento, a categoria sempre foi tratada como lixo pela emissora carioca, uma espécie de “plano z” para ser colocada no meio do Esporte Espetacular, quando não existe nenhum “Desafio Mundial de Verão” ou “Campeonato Intergalático de Futebol de Areia” qualquer. Nada contra os eventos em questão, apenas uma reflexão sobre as prioridades esportivas do canal.

Com isso, foram pouquíssimas as provas apresentadas ao vivo e, quando assim foram, invariavelmente as mesmas foram tesouradas para inserções da reportagem, muitas vezes sem muito o que dizer. Isso para não contar as inúmeras vezes em que uma prova foi anunciada na íntegra, ao vivo, sendo que foi mostrada apenas a largada e a chegada, enquanto no meio da corrida víamos uma edificante reportagem sobre “o jogador de futebol que superou todas as dificuldades para fazer o gol do título”.

Entendo que a Stock Car buscou popularização com a Globo e, de certa forma, conseguiu. Mas de 10 anos para cá é difícil imaginar que a categoria tenha conquistado algum público novo, especialmente devido à maneira quase pornográfica com a qual teve que, literalmente, abrir as pernas de seu regulamento para se adaptar à apertada grade da emissora. As provas são curtíssimas, o regulamento de pit-stops não tem sentido algum, pontuação dobrada é um negócio que não funcionou em categoria nenhuma no mundo e essa história de descartar resultados pode até ter seu lado de justiça, mas é uma bagunça dos diabos e ninguém entende muito o que está acontecendo ao final do certame.

A Band, por outro lado, tem certa tradição em apostar nos chamados esportes “lados b”. Foi assim nos anos 1980 e 1990, quando o show do esporte transmitia até partidas de sinuca. Claro que eram outros tempos e tudo isso hoje foi substituído pelos streamings. Mas não deixa de ser louvável que a emissora paulistana venha tentando deixar de lado aquelas bobagens dominicais para tentar ressuscitar o glorioso programa. Torço, de verdade, para dar certo.

E a Stock Car pode ser o pilar que falta para que essa busca dê resultados. Vale lembrar que a categoria fez parte do Show do Esporte no passado, junto com outras que se popularizaram muito como o campeonato de marcas e as categorias de base Fórmula Ford e Fórmula Chevrolet. Isso sem contar a Indy, que conhecemos na tela da Band.

Tecnicamente, a Stock é uma ótima categoria. Os carros são rápidos, bonitos e eficientes. Os pilotos são espetaculares, é difícil olhar o grid inteiro e apontar um que não seja pelo menos muito bom. Para o ano que vem, há a expectativa da entrada de uma nova montadora. Além disso, Felipe Massa negocia para correr o ano todo, juntando-se a Rubens Barrichello, Nelsinho Piquet e Ricardo Zonta, como os ex-F1 do grid.

Sem precisar se render completamente às exigências da TV, a Stock pode fazer ajustes importantes em seu regulamento, tornar a disputa mais simples e natural. A primeira providência, a meu ver, seria encontrar um novo dispositivo para ultrapassagens, porque esse push to pass mais atrapalha do que ajuda (basta ver a corrida de Ricardo Maurício na Prova 2 de Goiânia, no último final de semana, para entender o que estou falando).

Que seja o início de um relacionamento duradouro para a Stock Car e que a Band respeite a categoria e seus fãs, ao contrário do que vem fazendo com a Indy. A Stock merece, depois de 20 anos de subserviência, um campeonato sem artificialidades, disputado no braço, coisa que seus pilotos têm de sobra.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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