Previsões da F1 para 2015

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015 às 16:04

Formula 1 - Largada GP dos EUA

Por: Adauto Silva

Já faz alguns anos que não faço minhas previsões completas da temporada que segue. Acertei que Hamilton se daria bem trocando a McLaren pela Mercedes no final de 2012 e que Kimi seria massacrado pelo Alonso na Ferrari. Mas me surpreendi com a magistral temporada de Ricciardo e com a resistência de Rosberg frente a Hamilton em 2014, apesar de não ter feito previsões em relação a estes dois fatos.

Nunca é fácil fazer muitas previsões na F1, afinal a categoria é muito dinâmica e um ítem proibido ou liberado pelos dirigentes pode mudar tudo. Fizeram muita pressão para mudarem os motores, mas pra mim foi muito mais jogo de cena do que uma coisa real. Se a F1 quer a permanência das montadoras – até para justificar a montanha de dinheiro que eles gastam – ela não pode ter motores “descolados” da atual realidade.

Todas as montadoras importantes do mundo estão investindo em motores turbo híbridos. A tendência é que o motor a combustão vá se tornando cada vez mais um mero gerador de energia para a parte híbrida, que não consome combustível e não polui, portanto uma volta aos aspirados seria algo considerado pré-histórico tecnologicamente falando.

Mesmo com essa liberação de última hora para que as fabricantes possam desenvolver seus motores durante este ano, isto não muda o básico, que é o limite de apenas 32 tokens da unidade de potência que podem ser desenvolvidos. O que muda é o prazo. Até ontem, todas as fabricantes teriam que homologar suas novas unidade de potência antes dessa temporada começar. Mas agora todas elas (com exceção da Honda por entrar agora) não terão prazo, ou seja, poderão ir desenvolvendo aos poucos os 32 tokens ao longo da temporada.

Fizeram isso com a desculpa que o regulamento não estipula um dia para a homologação. Mas se isso for levado ao pé da letra, a Honda vai apelar e também conseguirá desenvolver a sua unidade de potência, uma vez que não está escrito no regulamento que um novo fabricante tem um dia específico para homologar seu motor.

Isso ajuda Renault e Ferrari a chegar mais perto da Mercedes? A primeira vista sim, já que ambas, ao contrário da Mercedes, não iriam conseguir desenvolver os 32 tokens permitidos antes da temporada começar. E como a Mercedes já tem os 32 tokens desenvolvidos, os alemães teriam uma unidade de potência ainda melhor em relação a concorrência do que tiveram em 2014.

Agora, com essa nova “interpretação” das regras, Ferrari e Renault (e aposto que a Honda também) terão mais tempo para tirar a diferença. O problema é: quem disse que a Mercedes não vai conseguir desenvolver ainda mais seus 32 tokens durante a temporada?

Por isso, fora a performance de Max Verstappen – que confesso não ter a menor ideia de como será este ano -, o resto tenho bem delineado na minha mente…

Sem contar a unidade de potência, o carro que mais se aproximou da Mercedes em 2014 foi a Red Bull, mas mesmo ela tomava nas partes sinuosas da pistas. Tomava pouco, mas tomava. A Red Bull também foi a equipe que mais sofreu com a proibição do difusor soprado, pois o dela era o que funcionava melhor. Eu vejo a Red Bull como a única capaz de fazer frente a Mercedes nesta temporada, se melhorarem muito a unidade de potência. Mas mesmo que eles consigam uma grande melhora, a Mercedes também vai melhorar a sua.

A Williams precisa melhorar as estratégias de corrida e MUITO a aero. O carro só anda bem em pistas de alta porque tem baixíssimo arrasto. Acho possível que eles melhorem, mas muito improvável que desafiem a Mercedes ou a Red Bull nisso. O problema de aero na Williams é histórico e vem desde o início do século. E também acho que a equipe técnica deles, apesar de ter melhorado com as contratações feitas de 2013 para 2014, ainda não é de ponta.

A Ferrari tem que melhorar muito em tudo, ainda mais agora sem o Alonso. A unidade de potência deles conseguiu acabar 2014 como a pior de todas, pesada e grande bebedora de gasolina . Em relação ao chassi, Vettel gosta da traseira pregada (difusor boy) enquanto Kimi quer traseira solta e dianteira pregada. Como vão resolver isso? No acerto de carro? Ora, Kimi nunca soube fazer acerto de nenhum F1 que tenha pilotado. Ele depende totalmente do engenheiro, que em 2014 não conseguiu fazer nada. Não aposto um centavo em Maranello para este ano.

A McLaren é uma incógnita. Não acredito na Honda para este ano, ainda mais depois que entraram na onda de pedir para “descongelarem” o que na prática nunca esteve congelado. Ou seja, já pediram penico antes de começarem. O chassi da McLaren precisa melhorar muito também em relação as duas últimas porcarias que fizeram. O que eles tem de excelente são os pilotos, uma dupla de muito respeito e que gosta de acerto de carro parecido, mas incapaz – como todas as outras – de fazer milagres

A Lotus não existe, tem pouca grana, equipe técnica deficiente e pilotos inconsistentes. Devem perder para a Force India, que tem estrutura similar, mas pilotos melhores, principalmente Hulk.

A Sauber tem que melhorar, já que 2014 foi a pior temporada da equipe. O brasileiro Felipe Nasr estreia e teoricamente pega uma “moleza” como companheiro de equipe, Marcus Ericsson. Nasr tem que ganhar e bem de Ericsson para causar uma boa impressão. Este deve ser o primeiro e mais importante objetivo dele. Ganhar de outras equipes depende muito mais do carro do que dele, mas ganhar de Ericsson é fundamental.

A Mercedes terminou 2014 mais de 1 segundo mais rápida por volta – em ritmo de corrida – do que a concorrência. A unidade de potência deles será ainda melhor do que foi em 2014 e eles tem tudo para melhorar a aero a a suspensão no carro deste ano. O único ponto fraco deles foi o freio, que apresentou problemas em vários treinos e corridas em ambos os carros durante toda a temporada. Hamilton perdeu a confiança nos freios e passou a arriscar menos nas classificações depois de sofrer 3 quebras em treinos e uma em corrida. Rosberg também teve problemas graves com os freios em duas corridas.

Portanto, a não ser que apareça alguma grande novidade nos testes que começam daqui há 30 dias em Jerez com transmissão ao vivo pelo Autoracing (pelo quinto ano seguido), não vejo como a Mercedes não vencer de novo este ano. E se eles conseguirem resolver o problema de freios, deveremos assistir a um novo massacre a partir de 15 de março em Melbourne.

Adauto Silva

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