Os 10 melhores da F1 de 2017 – Parte 1

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017 às 11:59

Por: Adauto Silva

2017 foi o ano em que a F1 estreou um regulamento novo para barrar o domínio da Mercedes nas três últimas temporadas. Tirar a ênfase do motor e colocá-la na aderência aerodinâmica e mecânica era o que todos esperavam para alguma outra equipe desbancar os alemães.

Com carros em média 4 segundos mais rápidos, ou 35 km mais velozes nas curvas de alta do que eram em 2016, além de mais lentos em reta, as novas regras tinham tudo para misturar o grid. Some-se a isto o fato da suspensão nova da Mercedes ter sido proibida pela FIA nos testes de pré-temporada, e o palco parecia armado para uma derrocada dos alemães.

E quase deu certo. A Ferrari entrou na briga e entrou forte. Não tanto pelo campeonato de construtores, uma vez que Maranello continuou com sua filosofia de tudo para o primeiro piloto e niente para o segundo. Ainda mais quando este “segundo” é um piloto aposentado-em-atividade.

Mas para ganhar o campeonato de pilotos, a Mercedes e Hamilton tiveram que dar tudo o que podiam, às vezes até um pouco mais e ainda contarem com erros tanto da Ferrari quanto de Sebastian Vettel, que é um excelente piloto, mas definitivamente vai precisar de um carro dominante para conquistar seu quinto título.

Vamos aos 10 melhores de 2017. Nessa primeira parte vamos falar do P10 ao P6. Amanhã examinaremos os 5 melhores pilotos dessa temporada.

 

10. Felipe Massa

Felipe Massa

Felipe Massa fez uma ótima última temporada na F1, uma das melhores que já vi em décadas acompanhando a categoria. Ele já tinha se aposentado no final do ano passado, quando a Williams perdeu Bottas para a Mercedes e chamou o brasileiro de volta. Sua missão era ajudar Lance Stroll se tornar um piloto de F1 e ajudar a equipe a brigar pelo P4 ou P5 no campeonato. O P4 ficou totalmente fora de alcance, já que Stroll mostrou-se um piloto abaixo da crítica e a Force India fez um carro muitíssimo melhor que a Williams, além de ter uma dupla real de pilotos de F1, algo que Stroll ainda não é.

Massa destruiu Stroll em classificação de grid fazendo 17 x 2. Sua pontuação, assim como a de Verstappen, não refletiu seu verdadeiro desempenho. Algumas quebras – uma delas impedindo uma vitória certa em Baku – somadas a várias estratégias pra lá de ridículas da Williams (suspeito que propositais para justificar a presença de Stroll no outro carro) fizeram com que o brasileiro ficasse apenas em P11 no mundial, quando sua posição real seria o P9 com o sexto melhor carro do grid, ou seja, acima do que o carro teoricamente permitia.

Felipe sai da F1 ainda com braço e motivação para continuar. Mas hoje em dia só as equipes grandes tem pilotos recebendo salário. E a Williams definitivamente não é mais uma equipe grande há muito tempo. Em 2018 suspeito que vá chegar ao final do ano em P7 na tabela, que aliás, é o que ela merece. Pobre Frank Williams, está vendo sua outrora grande equipe se transformar numa lojinha de penhores.

 

9. Esteban Ocon

Esteban Ocon

Em sua primeira temporada completa, Ocon andou imediatamente e consistentemente no ritmo de seu companheiro de equipe muito mais experiente Sergio Perez, e foi geralmente mais rápido do que ele na segunda parte da temporada. Sim, no geral ele perdeu de Perez tanto em disputas de grid como em corridas, mesmo que as margens fossem muitas vezes pequenas. Mas ele ainda era considerado um novato, enquanto Perez é um piloto muito experiente e sólido.

Há uma grande combatividade dentro dele, apesar da maneira gentil com a qual ele se porta fora do carro. Pudemos ver isso durante o no ano inteiro e principalmente em Spa e Baku, quando ele e Perez colidiram. Seu ritmo de corrida às vezes é fantástico (veja Melbourne), mas ocasionalmente sua inexperiência o traiu (veja Sepang). Ele foi invariavelmente rápido no molhado e, em geral, mostrou muitos atributos. Com seu “bancos de dados” agora muito mais completo, vejamos se em 2018 sua velocidade em classificação – que é o que geralmente diferencia os ótimos dos gênios – estará lá.

 

8. Sergio Perez

Sergio Perez

A Force India dificilmente poderia ter uma dupla de pilotos mais adequada à sua tarefa de expandir os pontos a garantir esse valioso P4 no campeonato graças a Perez e Ocon. Sempre intenso e intransigente nas lutas roda-a-roda, Perez adicionou ao longo dos anos uma compreensão profunda dos tecnicismos da F1 e uma ética de trabalho muito mais forte para se tornar um ótimo profissional, muito difícil de ser vencido. Seu ritmo de corrida continua sendo sua principal característica – uma fantástica primeira volta ultrapassando Sainz em Melbourne, uma primeira volta fantástica na Áustria e um sólido P6 quando se sentia mal na Malásia foram alguns de seus destaques esse ano.

No limite, ele ainda pode perder um pouco o equilíbrio emocional – como seu incidente com Ocon em Spa, por exemplo. – e seria interessante vê-lo ao lado de um piloto reconhecidamente rápido em volta voadora para medir seu verdadeiro nível de classificação. Ocon ainda é “verde” e vai dar muito trabalho a Perez em 2018. Mas essa performance madura, mas agressiva ao longo da temporada foi a melhor de sua carreira.

 

7. Nico Hulkenberg

Nico Hulkenberg

Esta foi a melhor temporada de Hulk desde 2013, quando algumas corridas heroicas para a Sauber fizeram dele um candidato para um assento da Ferrari.

Finalmente livre dos pneus que se degradavam demais no calor – que o alemão nunca entendeu – Hulk conseguiu usar adequadamente sua grande velocidade. Em um Renault que se tornou cada vez mais competitivo durante a temporada graças ao seu ótimo feedback, o alemão provou que é um líder, além de um piloto extremamente rápido. A competição entre a Renault, Força Índia e Williams em várias corridas foi decidida em favor de Renault apenas por uma volta de classificação fantástica de Hulk.

Sua velocidade pura mostrou o quanto Jolyon Palmer era lento até ser expulso da equipe para dar lugar a Sainz, que também apanhou impiedosamente de Hulk nas disputas de grid – só ganhando a primeira porque a Renault estava fazendo um teste no carro de Hulk. No Bahrain, ele classificou a Renault apenas dois décimos atrás da Red Bull de Max Verstappen e seguiu o holandês o desafiando a corrida toda. Em Silverstone, nós o vimos no ataque, ultrapassando por fora da Stowe a caminho do P6. Ele entregou outra volta de classificação fantástica em Cingapura e foi extraordinariamente rápido na fase molhada da corrida antes que o carro quebrasse. Este foi o Hulkenberg que os ridículos pneus dos últimos anos nos impediram de ver.

 

6. Sebastian Vettel


Vettel perdeu o campeonato principalmente em dois “momentos”. O primeiro deles foi nas 9 primeiras corridas do ano. De todas aqueles pistas, seu carro era o favorito em 7 delas, com exceção da Áustria e Canadá. Mas nessas 7 pistas onde ele deveria ter vencido, o alemão só triunfou em 3, Austrália, Bahrain e Mônaco.

A derrocada de Vettel começou em Baku. Com um emocional muito abalado pelos vários pequenos erros cometidos na primeira parte da temporada, Vettel estava bastante nervoso quando a F1 chegou no Azerbaijão. E esse nervosismo virou desequilíbrio emocional no sábado logo após a classificação, onde ele foi muito mal ficando em P4, inclusive atrás de Raikkonen. Na corrida ele perdeu a chance de vencer ao bater deliberadamente em Hamilton e ser punido por isso. Ele acabou em P4 e perdeu 13 pontos em relação a uma vitória certa.

O segundo momento onde Vettel perdeu o título foi logo após as férias de verão europeu. Vettel voltou das férias ainda com um emocional muito abalado pelos acontecimentos de Baku e tomou logo duas seguidas de seu rival em Spa e em Monza. O “troco” seria em Cingapura e na Malásia, onde as chances de Hamilton eram próximas de zero. Mas em Cingapura Vettel cometeu outro erro enorme na largada e acabou com sua corrida e de outros que tirariam pontos de Hamilton. Só aí foram mais 25 pontos perdidos. O inglês acabou vencendo uma corrida totalmente fora dos planos e as coisas se complicaram demais para o alemão. Na Malásia, apesar de uma corrida finalmente espetacular de Vettel, foi a Ferrari que teve problemas na classificação e o alemão perdeu mais uma vitória certa por ter tido que largar de último. Mais 13 pontos perdidos.

Depois a Ferrari teve problema de novo no Japão, mas isso nem precisa ser necessariamente levado em consideração. Só os problemas em Baku, Cingapura e Malásia tiraram 51 pontos de Vettel, o que teria sido o suficiente para ele ter conquistado o título, mesmo não marcando pontos no Japão e cometendo aquela série de pequenos erros na primeira parte da temporada que, pelas minhas contas, tiraram mais 25-30 pontos de sua tabela.

Adauto Silva
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