Kubica reconhece que não tem chance na F1 no futuro próximo

sábado, 8 de dezembro de 2012 às 10:42
Robert Kubica em 2010

Robert Kubica

Robert Kubica tenta recuperar a sua velha forma como piloto competindo de rally, onde vem tendo bons desempenhos. O polonês sofreu um grave acidente de rally na Itália no começo de 2011, sofreu sérias lesões no lado direito do seu corpo, especialmente na mão.

Ele ainda sonha em retornar à F1, mas reconhece que isso não tem chance de acontecer em um futuro próximo. Kubica, que ainda pensa quais passos irá seguir em sua carreira a partir de 2013, concedeu entrevista sobre o tema à Revista Autoweek.

O quanto você sente falta da F1?

Robert Kubica: Eu sinto mais falta agora do que, digamos, um ano atrás. Eu estava muito mal, as operações foram chegando uma após a outra, e eu estava mais preocupado em me recuperar. A F1 era a última coisa nos meus pensamentos. Mas, quando eu voltei ao volante (de um carro de rally) no ano passado e percebi que a minha velocidade continuava a mesma, foi quando tudo começou. Agora acho que é bastante difícil assistir F1 na TV.

Você sente raiva sobre o que aconteceu com você?

RK: Vamos apenas dizer que eu sinto falta de correr. Este é o meu maior problema. Quando estou ocupado com o rally ou testes, eu não fico pensando sobre isso. Mas quando estou em casa em uma noite de domingo, depois de uma corrida de F1, eu acho que estou vivendo uma vida chata e monótona. Por outro lado, você não pode obter tudo o que deseja da vida. Eu estou feliz com onde estou hoje. Eu preciso continuar trabalhando, continuar lutando. Estou ficando melhor, mas você precisa de muito tempo para se recuperar de algo assim.

Quando você começa a pensar em um retorno?

RK: Eu nunca imaginei que eu não iria voltar. Eu estava esperando que eu poderia voltar ao volante de um carro de F1 em breve, mas não deu certo. Para voltar ao mais alto nível você precisa constantemente treinar, você precisa de um monte de tempo atrás do volante. Agora eu estou fazendo isso e, nos últimos três meses, as minhas performances melhoraram muito, espero que isso continue.

Quais são as suas limitações físicas? O que você pode ou não fazer em um carro?

RK: Eu diria que estou mais limitado na vida cotidiana do que quando estou em um carro. Eu tive que aprender a usar a mão esquerda para operar todos os interruptores e botões no painel. A minha mão direita já está forte o suficiente para segurar o volante. O movimento ainda é um pouco limitado, mas é o suficiente. Então, eu estou feliz com a adaptação do meu corpo, e eu até encontrei a minha própria maneira de passar por uma curva. É incrível como o cérebro e o corpo humano podem se adaptar a diferentes circunstâncias.

O problema maior é a fraqueza em sua mão direita?

RK: Não. Se fosse apenas força, isso poderia ser corrigido por algum treinamento na academia. O principal problema é a mobilidade do meu cotovelo e punho. Eu ainda acho difícil mover meu braço direito. Passei por várias operações para melhorar essa questão, mas não tem havido uma melhoria espetacular.

Então a F1 é um assunto encerrado?

RK: Se eu posso mover meu braço novamente, há uma chance de que eu possa voltar. Mas até que isso aconteça, nós vamos ter que ver. Não há nenhuma chance de eu voltar para a F1 em breve.

O que você vai fazer ao invés disso?

RK: Eu não sei, mas eu vou tomar uma decisão muito em breve. Meu nome ainda significa alguma coisa, por isso seria relativamente fácil encontrar algum lugar em carros de turismo ou corridas de resistência, eu acho. Se eu for por esse caminho, eu posso esperar bons resultados: tenho 20 anos de experiência em corridas. Se eu optar por rally, vai ser uma história diferente. Em termos de experiência, sou praticamente ninguém. Vou precisar de dois ou três anos para aprender a chegar ao mais alto nível.

Então você está com o objetivo de competir na próxima temporada do Campeonato Mundial de Rally (WRC)?

RK: Não, não é nada disso. Se eu realmente for por esse caminho, a temporada 2013 vai ser de aprendizagem, sem outro objetivo que não seja pilotar tanto quanto possível e ganhar experiência. Se eu for para o Campeonato Mundial de Rally no próximo ano, eu vou esperar lutar por melhores resultados. Estamos conversando com as pessoas no momento, e tudo será decidido até o final do ano.

Como você vai escolher?

RK: Isso depende das oportunidades que eu encontrar. Eu não quero passar um ano no Campeonato Mundial de Rally para descobrir, em novembro do ano seguinte, que eu não tenho ideia do que estarei fazendo em 2014. Se eu optar por isso, precisa ser um programa de longo prazo que me permita aprender. Eu não posso fazer o que eu fiz na F1 antes do acidente, eu sei que devo escolher uma nova direção, dar o próximo passo em minha carreira. Vamos ver qual será.

Como você consegue ficar tão positivo e otimista?

RK: Bem, eu provavelmente não estou tão otimista como a maioria das pessoas pensa! É difícil de explicar. Eu não quero aprofundar o que aconteceu, pensar sobre o que eu passei e assim por diante. Temos que viver com o que temos, não há escolha. Quando você está no hospital e conhece pessoas que não têm nenhuma chance, você começa a ver a vida de forma diferente. Muitas vezes, não percebemos o que temos. Quando você está em uma cama de hospital e não pode se levantar, até mesmo as coisas mais simples trazem felicidade. Então você começa a apreciar e desfrutar de tudo o que você tem. Mesmo que não seja o que você sonhou.

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