F1 – Simples, objetiva e informativa. E não foi sonho

segunda-feira, 29 de março de 2021 às 11:33

Equipe Band F1 2021

Por: Bruno Aleixo

Foi na abertura da temporada de 2015 que a Globo anunciou uma transmissão do primeiro GP daquele ano, na Austrália, com um super pré-corrida de 40 minutos. Uau. Em um estúdio lindo, com uma réplica de um carro de Fórmula 1, Galvão Bueno apresentou seus convidados: Luciano Burti e Reginaldo Leme, da equipe de transmissão. Giba, do vôlei (“parei de assistir F1 na época do Senna”, lembram?). Dois atores: Thiago Rodrigues e Marcelo Anthony, este último com a incrível credencial de ter interpretado um piloto de Stock Car, em uma novela recente. Sobre Thiago, não houve muitas explicações. Bia Figueiredo, esta uma piloto de verdade. Durante os tais quarenta minutos, esta turma discutiu amenidades e temas genéricos, animados pela música tocada pelo DJ Raul Boesel, este sim um ex-piloto de F1, mas que nada comentou sobre sua passagem pela categoria. Mas tentou. Só que foi cortado por Galvão Bueno quando relatava sobre sua estréia, no meio da greve dos pilotos na África do Sul, em 1982.

Nenhuma palavra foi falada sobre a pré-temporada daquele ano, e nem sobre os problemas que já pipocavam na Austrália onde, minutos depois, somente 15 carros largariam. Durante a transmissão, os convidados responderam sobre temas muito legais, como as cobranças de um diretor de novela e sobre o MMA. Ao final, pódio e tchau. Ao longo dos anos seguintes, a transmissão foi minguando, a ponto de não termos nem mesmo a chance de ver o estouro da champanhe.

Seis anos depois, a F1 fez sua estréia em uma nova emissora, a Band (Bandeirantes para os mais velhos, como eu). Em um estúdio simples, mas muito bem montado, foram mais de duas horas de pré-corrida (menos para alguns estados, mas ainda assim, cerca de 1h30 no total). No estúdio, a equipe de transmissão analisou a pré-temporada e o treino classificatório (que foi transmitido em canal aberto, no dia anterior).

Também foram feitas entrevistas à distância com gente como Felipe Massa e Emerson Fittipaldi. Nelson Piquet participou no estúdio e, antes disso, deu umas voltas com o carro que o filho Nelsinho vai usar na Stock Car. Junto a Reginaldo Leme, fez suas tradicionais piadinhas (que têm muitos fãs), mas contou histórias de suas passagens pela F1, como ao falar da regulagem de freios. Falou sobre sua participação em Indianápolis. Foi cirúrgico ao comentar a respeito dos custos da categoria.

A transmissão da prova seguiu o padrão da Globo, mas isso porque os profissionais são os mesmos de lá. Mas não são os piores que a emissora tinha, o que foi um alívio. Sérgio Maurício pode não ser o melhor narrador do mundo, mas faz o dever de casa. Reginaldo Leme, na minha visão, não funciona bem preso em um estúdio, mas sua voz é quase um alento para quem gosta de corridas. E Felipe Giaffone, em pese nunca ter sido piloto da categoria, é um estudioso de primeira, se informa, pede desculpas quando não sabe e se esforça para responder tudo. Mariana Becker não é exatamente uma sumidade na hora de fazer perguntas técnicas, mas também se esforça, corre atrás e não tem preguiça de aprender o que não sabe. Pode evoluir.

Ao final, entrevistas dos pilotos, pódio completo e cerca de uma hora de pós corrida com a equipe de transmissão e Max Wilson, um bom comentarista.

A Band deu ao fã de F1 algo que ele nunca tinha recebido na Globo: atenção, espaço e respeito. Deu muito mais do que qualquer fã da Fórmula Indy já havia recebido da emissora nos últimos 10 anos. Uma transmissão simples, objetiva e informativa. Pode melhorar? Claro, sempre pode e acho que vai. Mas para uma primeira experiência superou as expectativas e arrancou um sorriso no rosto de quem gosta de corridas e que já andava sem esperanças. Bem vinda Band!

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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