F1 – Nico Rosberg, Felipe Massa e a arte de perder

Nico Rosberg e Lewis Hamilton

Há uma certa ironia em Lewis Hamilton ter conseguido seu terceiro título de pilotos no GP dos Estados Unidos, já que o último piloto a garantir um campeonato nos EUA foi Keke Rosberg, pai de Nico.

Mas – como já foi apontado por muitos – Nico Rosberg não deu adeus às suas chances de campeonato com uma derrapada no final da corrida em Austin. Seja qual for a realidade matemática, Rosberg perdeu o título meses atrás – possivelmente até mesmo no inverno passado, quando Hamilton começou a identificar e eliminar suas fraquezas de 2014, a fim de aumentar o seu domínio para um terceiro título.

O que Rosberg parece ter esquecido é que há uma certa elegância em perder com dignidade, onde um bom esportista pode ser venerado apesar da derrota.

Em 2008, quando Lewis conseguiu seu primeiro campeonato mundial, Felipe Massa chegou lá primeiro. O brasileiro foi campeão mundial por minutos, mas a elegância com que ele lidou – publicamente – com um nível de decepção que a maioria de nós não poderia imaginar, fez com que ganhasse respeito que perdura até hoje.

Apesar de ter feito tudo o que podia para garantir o título – incluindo classificar na pole e vencer a última corrida da temporada – Massa perdeu graças a estratégia da Toyota falhar. No entanto, ele se comportou como um cavalheiro consumado no pódio e na conferência de imprensa pós-corrida, e fez questão de procurar Hamilton para apertar sua mão e oferecer parabéns.

Qualquer raiva ou angústia que pode ter sentido com a perda foi mantida trancada.

Compare isso com o pódio de Austin, onde o segundo colocado Rosberg se recusou a juntar ao tradicional spray de champanhe, após devolver o boné jogado por Hamilton na sala de espera. Dignidade e elegância foram escassas.

Sempre se diz na F1 que o segundo lugar é meramente o primeiro dos perdedores. Em Austin, as ações de Nico Rosberg fizeram o velho ditado mais verdadeiro do que nunca.