F1 – Domínio da Mercedes continuará até quando?

quarta-feira, 23 de abril de 2014 às 19:34
GP da China 2014

GP da China 2014

Não foi nenhuma surpresa a Mercedes ter vencido na China. Nem mesmo uma classificação ruim de Rosberg impediu a equipe da estrela de três pontas fazer a terceira dobradinha seguida da temporada. A Mercedes ganhou fácil as quatro primeiras corridas do ano, fez todas as poles e parece muito improvável que outra equipe os vença em curto ou médio prazo.

Para alguém que ache que a menor diferença entre a Mercedes e os seus adversários mostrou progresso na perseguição – não se deixe enganar; das quatro primeiras corridas do calendário, a pista chinesa é a que coloca menos ênfase em unidades de potência e consumo de combustível.

Na verdade, pela primeira vez nesta temporada voltamos a ter uma corrida onde desgaste dos pneus e eficiência aerodinâmica foram os fatores mais importantes. Por isso não é uma coincidência que vimos as principais equipes dominarem as primeiras posições – com as exceções de McLaren e Raikkonen.

  Média de tempos de volta:

Se o domínio da Mercedes já não é uma surpresa, atrás de Hamilton e Rosberg vimos uma luta interessante entre Red Bull e Ferrari. Como dito antes, foi mais importante o desgaste dos pneus e eficiência aerodinâmica e o ritmo demonstrado por Alonso e Ricciardo foi muito semelhante. Apenas a estratégia errada e a luta interna com Vettel impediram Ricciardo de marcar seu primeiro pódio válido.

O gráfico acima mostra claramente que o domínio da Mercedes não foi apenas devido ao desenho simplificado e mais eficiente de sua unidade de potência (motor + turbo + ERS) e seu arranjo especial do turbo, mas o W05 também tem mostrado um nível muito bom de downforce, já que fizeram os tempos mais rápidos em cada setor da pista. As maiores lacunas para a concorrência foram evidentes nos setores 2 e 3, onde a exigência de downforce (2) e entrega de potência (3) são cruciais.

As Mercedes apareceram com um bico novo, que embora semelhante em desenho, diferem em altura e comprimento, de modo a melhorar a qualidade dos fluxos de ar e da velocidade sob o chassi. Graças às temperaturas mais baixas na China, a Mercedes revisou o desenho garrafa de coca “fechando” as saídas de escape, dando-lhes um design mais afilado.

Também foram alteradas as “orelhas” atrás da entrada de ar, agora maiores para melhorar a refrigeração dos elementos da unidade de potência.

A Red Bull confirmou que eles são a segunda melhor equipe no grid, já que foram a única equipe a marcar tempos comparáveis no primeiro e segundo setores aos dos pilotos da Mercedes. A diferença de velocidade no final da longa reta foi de até 15 km/h entre a Mercedes e a Red Bull – aqui destacando a diferença entre as duas unidades de potência.

Não houve atualizações aerodinâmicas significativas na Red Bull, além de algumas pequenas mudanças para melhor adaptar o carro à disposição da pista – mas a Renault introduziu algumas grandes melhorias na sua unidade de potência. Um novo circuito de lubrificação do turbo, o eixo MGU-K e os coletores de escape, que são agora menores e mais compactos.

A Ferrari, após o fracasso no Bahrain, parece ter voltado aonde o F14-T pertence, atrás da Mercedes e da Red Bull. De maneira semelhante à Renault, a Ferrari introduziu apenas pequenas melhorias – um novo combustível e um mapeamento eletrônico diferente ajudou a melhorar o desempenho da unidade de potência, especialmente em saídas de curva, onde boa tração é fundamental.

Algumas pequenas mudanças de detalhes foram vistas com upgrades aerodinâmicos, como um duto de freio novo maior, que foi concebido para canalizar o fluxo de ar ao redor do exterior da roda e funciona em conjunto com um novo eixo dianteiro revisado.

Force India e Williams confirmaram suas posições atrás das equipes de ponta. Mesmo que a eficiência aerodinâmica não seja das melhores (em razão da grande diferença no segundo setor), o arrasto aerodinâmico baixo irá ajudá-las durante toda a temporada e torná-las um inimigo traiçoeiro para todos que visam o pódio.

A Force India trouxe muitas atualizações para a China, sendo que a mais importante – apesar de não ser visível – foi sem dúvida o sistema de suspensão interligado (que a Mercedes chama de FRIC), que com certeza ajudou o VJM07 nas curvas.

Vimos também um novo defletor sobre os tanques laterais, agora diretamente ligados ao fundo deles, e uma nova aleta da asa traseira, com vários slots para aumentar o downforce.

Mesmo no Williams FW36 vimos algumas mudanças, a primeira e mais evidente foi na carroceria traseira mais afilada, devido às temperaturas mais baixas tradicionalmente vistas em Xangai, e com uma grande barbatana.

Interessante também foi o trabalho feito no duto ao longo dos tanques laterais. Agora ele é maior e isso ajuda a evitar a fuga do fluxo de ar.

O Lotus E22 mostrou um ritmo em que provou ter dado passos largos. Está ainda atrás das melhores equipes, mas recebeu as atualizações da Renault que permitiram tanto Grosjean quanto Maldonado terem um fim de semana mais normal de corrida. Na China foi também a primeira vez que tivemos a oportunidade de ver a Lotus com um formato mais cônico, semelhante à Williams.

E também um novo difusor traseiro inspirado na Red Bull com alguns geradores de vórtice na seção central.

A crise continua na McLaren, se é que podemos chamar assim, e após o bom desempenho mostrado na Austrália, a equipe de Woking parece ter perdido muita performance, apesar das constantes atualizações introduzidas no carro. Na China, houve uma nova aleta no final asa dianteira de dois perfis em forma de colher, mas não parece ter adiantado muito, já que seus pilotos reclamaram o final de semana inteiro de instabilidade na dianteira.

Agora as equipes têm três semanas para estudar um monte de dados e tentar corrigir o que está errado em seus carros. Barcelona, como sempre, será a encruzilhada do ano, já que a maioria das equipes vai apresentar pacotes aerodinâmicos completamente revistos, o que pode afetar o resto da temporada.

Não espere ver uma mudança nas duas primeiras posições, além de torcer para que Hamilton e Rosberg nos brindem com uma disputa sensacional como a do Bahrain. A Mercedes deve continuar seu domínio. A volta mais rápida registrada por Rosberg na China foi um segundo inteiro mais rápida do que todos.

Além disso, por ser o carro que menos gasta combustível, eles ainda tem margem para usar mais seu motor a combustão, se necessário.

A competição feroz em Barcelona entre equipes será travada do terceiro ao oitavo lugar. Quatro equipes e portanto 8 carros, disputarão metro a metro estas seis posições.

AS - www.autoracing.com.br

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