Dakar 2011 – A Vez do Mochileiro

Como em uma certa equipe vermelha da Fórmula 1, na categoria motos do Dakar as equipes de ponta possuem uma hierarquia clara entre primeiro e segundo pilotos.

O motivo, no caso do maior rali do mundo, é prático: peças e equipamento extra constituem um peso significativo no caso do relativamente leve conjunto moto/piloto. Para aumentar as chances de vitória, faz sentido que um único piloto carregue a carga de ambos, liberando a moto “descarregada” para acelerar e brigar pelas primeiras posições.

Tal segundo piloto é conhecido no Brasil como “mochileiro”, tradução livre do original em inglês, “water carrier” – ou seja, aquele que carrega a água para ambos. O papel do mochileiro é claríssimo: ajudar seu companheiro de equipe a vencer.

Isso tudo em tese. No Dakar 2011, um português está subvertendo a ordem: Ruben Faria, mochileiro do tricampeão e atual vencedor Cyril Despres, já foi o mais rápido em dois dos seis estágios e só não está mais próximo da briga pela liderança no geral por haver sofrido uma punição de 10 minutos por excesso de velocidade no primeiro dia, o que lhe tirou a vitória formal na especial de abertura.

“Como mochileiro do Cyril procuro sempre pilotar com o máximo de cuidado, mas existem ocasiões em que posso tirar vantagem da situação – e tiro”, sorriu o português. “Tenho certeza de que o Cyril ficará contente por mim”.

Após seis estágios, Faria ocupa a quinta colocação no geral, a 29min54s do líder Marc Coma. Despres é o vice-líder, com 8min48s de desvantagem em relação ao espanhol.

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