Da construção ao renascimento: Brasília volta ao cenário do esporte a motor nacional onze anos depois

domingo, 30 de novembro de 2025 às 8:05

Autódromo Internacional Nelson Piquet – Brasília

Nelson Piquet, Alex Dias Ribeiro, Roberto Pupo Moreno, Nelson Piquet Jr. e Felipe Nasr têm outro aspecto em comum além do fato de terem trilhado os degraus rumo ao Mundial de Fórmula 1. Todos eles representam Brasília e, em épocas distintas da História, foram forjados para o automobilismo na Capital Federal, que neste fim de semana (28 a 30 de novembro) comemora um marco singular com a reinauguração de uma das praças esportivas mais importantes do Brasil: o Autódromo de Brasília, que reinsere o Distrito Federal no cenário do esporte a motor nacional.

A história de amor de Brasília pelo automobilismo teve no então presidente à época, Juscelino Kubitschek, um entusiasta à altura. Organizador de corridas em Belo Horizonte, na região da Pampulha, quando foi prefeito da capital mineira, JK incluiu o esporte na programação oficial da inauguração da nova capital com o Grande Prêmio Juscelino Kubitschek, que encerrou as comemorações em 23 de abril de 1960.

Segundo conta a Agência Brasília, a jornada inaugural de automobilismo na nova Capital Federal teve 55 pilotos e 47 carros, que participaram das provas com trajeto saindo da Rodoviária do Plano Piloto em direção ao Eixão Sul, passando pela Praça dos Três Poderes e voltando ao ponto inicial. O vencedor foi o paulista Jean Lacerda, a bordo de uma Ferrari. O troféu foi entregue pelas mãos do lendário argentino Juan Manuel Fangio, pentacampeão mundial de Fórmula 1 e presença ilustre entre os convidados para a inauguração de Brasília.

Daí em diante, foi natural que a nova capital fosse cenário de várias corridas de rua. As largas avenidas projetadas por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer permitiram a realização de provas como os 500 Km e os 1000 Km de Brasília, que logo tornaram-se referência no cenário brasileiro do esporte a motor. O boom do automobilismo no Distrito Federal, combinado com o apogeu de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1, foi a mola propulsora para que Brasília tivesse seu autódromo de padrão internacional.

Nasce uma era — Com assinatura do engenheiro Samuel Dias, o projeto do novo autódromo de Brasília começou a ganhar corpo no fim dos anos 1960, quando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), à época presidido por Cláudio Starling, deu início à construção do complexo. A inauguração aconteceu em 3 de fevereiro de 1974, na gestão do presidente Emílio Garrastazu Médici e do governador local, Hélio Prates. Entre as muitas provas que fizeram parte do cronograma, o ponto alto ficou com a corrida extraoficial — sem valer pontos para o campeonato — do Mundial de Fórmula 1, que consagrou Emerson Fittipaldi como vencedor. Naquele mesmo ano, o piloto conquistaria o bicampeonato da principal categoria do automobilismo mundial.

O chamado GP de Brasília também teve a participação daquele que viria a ser o maior expoente da Capital Federal no automobilismo. Nelson Piquet trabalhava como mecânico da equipe Brabham, que anos depois levaria o brasileiro à conquista de dois dos seus três títulos mundiais de Fórmula 1 (e 1981 e 1983). Quando tornou-se tricampeão do mundo, em 1987, o piloto foi homenageado pela cidade que o abraçou com a inclusão oficial do seu nome no autódromo.

Pouco mais de cinco anos depois da sua inauguração, Brasília fez parte do primeiro calendário da história da Stock Car. A primeira corrida da categoria brasileira no Distrito Federal foi realizada em 17 de junho de 1979 e teve como primeiro pole position e vencedor Affonso Giaffone Jr., a bordo de um Chevrolet Opala.

Desde então, Brasília recebeu 39 corridas da BRB Stock Car. O maior vencedor é o tetracampeão Paulo Gomes, que triunfou em sete oportunidades, seguido pelo doze vezes campeão Ingo Hoffmann, que venceu seis corridas. O goiano Alencar Jr., campeão em 1982, tem três vitórias no Distrito Federal, tal qual o pentacampeão Cacá Bueno, que é o piloto em atividade com mais triunfos no autódromo.

Novos tempos — A última vez que a BRB Stock Car acelerou em Brasília foi em 2014. Há pouco mais de uma década, o então estreante naquela temporada, Felipe Fraga, conquistou a pole position quando tinha ainda 18 anos. Em 27 de abril, Átila Abreu foi o vencedor da Corrida 1, enquanto Thiago Camilo finalizou a prova complementar da rodada no topo. Desde então, um longo hiato interrompeu o automobilismo na Capital.

51 anos depois da sua inauguração, o Autódromo de Brasília vive agora seu renascimento. Com amplo investimento do Governo do Distrito Federal (GDF), o Banco BRB assumiu a gestão do complexo em meio às várias fases de reforma, Neste primeiro ciclo, o traçado original foi modernizado, entregando ao automobilismo brasileiro o seu maior circuito em atividade: 5.384 na metragem da sua pista principal ao longo de 16 curvas (nove à direita e sete à esquerda).

Caberá à BRB Stock Car Pro Series e à categoria de acesso Stock Light a honra de reinaugurar o autódromo com uma jornada decisiva e emocionante. Em clima de festa, o esporte ganha importante espaço para o desenvolvimento da modalidade na Capital Federal, terceira maior cidade em número de habitantes no Brasil, e a população recebe de volta amplo centro de entretenimento, com potencial para atrair grandes espetáculos e movimentar ainda mais a economia local.

EB - www.autoracing.com.br

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