Análise: Crise dos custos na Formula 1 – o que vem a seguir

quinta-feira, 30 de outubro de 2014 às 9:40

Marussia e Caterham

A ausência de Caterham e Marussia quando a Fórmula 1 se reunir em Austin forçará a categoria a questionar se seus problemas financeiros são um fato isolado ou uma tendência a longo prazo.

No começo deste ano, um grande avanço parecia ter acontecido, com a FIA e as equipes apoiando a ideia de um teto orçamentário. Então, o plano dramático foi cancelado alguns meses depois, quando foi vetado pelas equipes grandes do Grupo de Estratégia da Fórmula 1 – que disseram que seria impossível de policiar.

Com o funcionamento dos processos de comando da categoria, essa resistência deixou a FIA com poucas esperanças de implementar o teto orçamentário, e o conceito acabou sendo abandonado. Isso provocou a fúria das equipes pequenas, que advertiram repetidamente que a categoria poderia enfrentar uma crise financeira se nada fosse feito.

Só agora está ocorrendo um exame de consciência um pouco maior, em meio aos problemas de Caterham e Marussia. Independente do destino das duas equipes, mais importante para a Fórmula 1 é se os dirigentes da categoria aceitam que há a necessidade de reagir.

Graeme Lowdon, diretor esportivo da Marussia, vem evitando falar publicamente a respeito da situação de sua equipe desde que ela foi colocada nas mãos de administradores, mas em uma entrevista no mês passado, ele ofereceu uma perspectiva fascinante das dificuldades financeiras da categoria.

“Nossa visão, que é a visão de longo prazo, é que, baseado na enorme base de fãs, este já é um esporte inerentemente valioso em termos esportivos e também no que diz respeito aos negócios”, declarou ele ao site Autosport.

“Mas é um pouco como descer um rio em uma canoa: frequentemente, você vai atingir algumas corredeiras. E estamos passando por corredeiras muito severas no momento – todos estão sofrendo. Ninguém pode sustentar este nível sem prejudicar o esporte e o espetáculo – corremos o risco de perder o único bem da categoria que deveria ser valorizado, que é a base de fãs”.

“Portanto, o objetivo precisa ser tentar encontrar uma estratégia que todos possam adotar e que ajude o esporte a crescer, dar aos fãs o que eles querem e deixar as equipes nas águas mais calmas de mais sustentabilidade. Só então poderemos nos concentrar no espetáculo”.

Em meio à pressão crescente sobre as equipes e ao prospecto dos terceiros carros, ele argumentou que o maior problema atual não são os custos, mas a falta de estratégia a longo prazo visando reduzi-los no futuro.

“Acho que é pior para a Fórmula 1 se não tivemos um ambiente que pelo menos permita a sustentabilidade”, disse Lowdon. “Um dos elementos chave que ocorreram depois que nós entramos foi de que os custos retornariam ao que eram no início dos anos 90. Isso estava explícito (no plano original do teto orçamentário)”.

“Para um negócio como o nosso, temos de atrair investidores. E as principais coisas que eles buscam são estabilidade, integridade e cumprimento das promessas. Creio que é realmente importante que a indústria não esqueça o fato de que precisa ser atrativa para os investidores”.

“As finanças da maioria das equipes da Fórmula 1 são bastante transparentes e abertas, são documentos públicos, e é fácil ver que ninguém está gerando um retorno enorme no momento”.

São esses problemas que os dirigentes terão de analisar profundamente agora. Os avisos das equipes pequenas parecem estar baseados em fundações sólidas: mas a Fórmula 1 vai reagir de uma maneira que garanta um futuro melhor ou insistirá na crença de que nada está realmente errado? Todos os olhos estão na resposta a partir de Austin.

 

LS - www.autoracing.com.br

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