Ferrari explica estratégia arriscada que ajudou Hamilton

Lewis Hamilton

Diante da forte possibilidade de chuva no domingo do GP da Bélgica, várias equipes da Fórmula 1 optaram por acertos de maior downforce.

Ainda que isso significasse violar as regras do parque fechado e portanto largar do pit lane, a aposta parecia vantajosa. No entanto, embora essa escolha tenha prejudicado muitos pilotos, Lewis Hamilton conseguiu aproveitar a situação e chegou em sétimo.

Inicialmente, a Ferrari adotou uma abordagem diferente. Tanto Charles Leclerc quanto Hamilton entraram na classificação com um acerto de baixa pressão aerodinâmica.

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Como resultado, Leclerc conquistou o terceiro lugar no grid, mas Hamilton foi eliminado no Q1. Seu tempo mais rápido foi anulado por exceder os limites de pista na Raidillon, o que o relegou à 16ª posição.

Com isso em mente e considerando a previsão de chuva, a Ferrari entendeu que não haveria grandes desvantagens em largar do pit lane. De fato, essa leitura da situação se mostrou correta.

Chuva, atraso e oportunidade: Hamilton avança com precisão

Logo após a volta de formação sob o safety car, a direção de prova optou por atrasar o início da corrida por quase 90 minutos.

Em seguida, o GP foi retomado com uma largada em movimento após quatro voltas neutralizadas. Essa longa espera reduziu os riscos para quem estava em desvantagem estratégica – como Hamilton.

Assim que a prova começou, Hamilton ganhou várias posições com extrema rapidez. Em poucas curvas, ultrapassou Carlos Sainz, Lance Stroll, Franco Colapinto e Nico Hulkenberg.

Logo depois, na volta nove, mergulhou por dentro de Pierre Gasly na Stavelot – uma curva onde raramente se vê ultrapassagens.

Na volta 11, ele foi o primeiro a arriscar a troca para pneus slick. Por conta dessa ousadia, ganhou vantagem no ciclo de paradas e voltou à pista em oitavo.

Pouco depois, passou Liam Lawson, mas encontrou uma barreira difícil de superar em Alex Albon. O excesso de arrasto, consequência do acerto de chuva, impediu avanços adicionais.

Ferrari explica decisão e reforça trabalho coletivo

Enquanto isso, Leclerc precisou suportar a pressão de Max Verstappen nas voltas iniciais. Porém, à medida que a pista secava, os carros com menor arrasto passaram a se beneficiar. Verstappen, que havia adotado mais downforce antes da classificação, começou a perder rendimento.

De acordo com Frederic Vasseur, chefe da Ferrari, a degradação dos pneus intermediários foi determinante.

“Era necessário arriscar. Os intermediários estavam destruídos e ainda estávamos longe do momento para os slicks”, explicou ele à Autosport. “Mesmo com um novo jogo de intermediários, você ganha seis segundos. Mas a escolha pelos slicks naquele momento exato foi correta”.

A equipe até cogitou parar Leclerc também, mas ele enfrentaria tráfego intenso na volta de saída. “Por isso, decidimos parar Hamilton. Foi uma decisão agressiva, mas coletiva. Não adianta tentar dividir equipe e piloto”.

Surpresa meteorológica alterou o equilíbrio da corrida

Embora a previsão apontasse chuva contínua, o tempo virou de forma inesperada. Assim que a nuvem densa se dissipou, o sol apareceu e acelerou o processo de secagem da pista.

Antes mesmo da relargada, a Stavelot já mostrava um trilho seco, assim como a Pouhon a partir da sétima volta. Com isso, Leclerc teve mais facilidade para segurar Verstappen e manter o terceiro lugar.

Ainda segundo Vasseur, a decisão de usar menos downforce partiu do entendimento de que a classificação seria no seco. Além disso, caso a corrida tivesse chuva constante, a dificuldade de ultrapassagem provocada pelo spray compensaria a perda de aderência.

“No fim das contas, não era certo que a corrida seria totalmente molhada. Vimos que não foi. A previsão falava em pancadas de chuva o dia todo, mas também sabíamos que poderia mudar. Hoje de manhã, sinceramente, eu não esperava ver sol à tarde”, completou o francês.