Vettel admite que não é popular entre os dirigentes de F1

sábado, 26 de março de 2022 às 9:15

Sebastian Vettel

À medida que os ataques de mísseis próximos empurravam a Fórmula 1 para mais uma crise, havia um piloto no paddock que não precisava que as suas entrevistas televisivas fossem canceladas. Sebastian Vettel, que guia pela Aston Martin, patrocinada pela Aramco, está fora do GP da Arábia Saudita porque ainda está com Covid-19.

Nomeadamente, há apenas alguns dias, deu uma entrevista à emissora de TV alemã ARD e à agência de notícias DPA sobre as dificuldades que coloca às autoridades da F1 por causa das suas novas opiniões sobre questões políticas.

“Quão independente você pode ser quando se está na folha de pagamentos”, disse ele quando questionado sobre como os esportistas podem se envolver nas controversas questões políticas dos países que visitam.

“Podemos dizer ‘boicote, nem sequer vamos lá’. Por outro lado, podemos ir lá e representar os nossos valores ocidentais, mostrar a nossa liberdade e defendê-la. A questão é até que ponto se pode ser corajoso quando se é um convidado pago”, explicou o tetracampeão mundial.

Mesmo antes da crise em forma de míssil, a presença da F1 na Arábia Saudita já era altamente controversa, com Lewis Hamilton também falando abertamente sobre questões como sentenças de morte para adolescentes e execuções públicas em massa.

Afirmou Vettel: “Não é como se a Fórmula 1 escolhesse para onde ir no mapa. É mais que os países estão se aproximando da Fórmula 1 e faz parte do modelo de negócio, os locais estão investindo muito dinheiro nisso”.

“Alguém se atreve a falar contra isso quando se está lá? Por outro lado, existem certos valores que temos de defender porque superam os interesses financeiros. Não se trata apenas da Arábia Saudita e do Bahrain, e os Jogos Olímpicos estiveram na China. A questão é saber quantos países estão de fora no calendário”, prosseguiu.

“Mas, na verdade, deveria ser uma pergunta simples. Trata-se de modelos a seguir, especialmente para os jovens. Por um lado é entretenimento, por outro lado também se tem responsabilidade e deve-se assegurar que se vão em frente com os valores e símbolos certos”, opinou Vettel.

O alemão admite que a sua nova franqueza faz dele um dos pilotos menos populares nas mentes das autoridades de Fórmula 1. “Algumas pessoas entram um pouco em pânico quando estes temas surgem”, declarou ele. “Há pessoas que querem realmente influenciar o que eu digo sobre o assunto”.

“Não sou exatamente o piloto mais popular aos olhos da organização da Fórmula 1. Mas ninguém pode me dizer o que tenho a dizer ou não, mesmo que as pessoas não gostem do que eu possa dizer”, concluiu Vettel.

EB - www.autoracing.com.br

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