Vem, Fórmula 1!

segunda-feira, 29 de junho de 2020 às 12:50

Pilotos F1 2020

Por: Bruno Aleixo

É quase inacreditável, mas em pleno final de junho vou escrever uma coluna falando sobre as expectativas para o INÍCIO de mais uma temporada de Fórmula 1. Culpa, claro, dessa pandemia maldita. Mas, vamos tentar ver o copo meio cheio: quem, depois do cenário que se apresentou a partir de março deste ano, poderia imaginar que veríamos carros na pista em 2020? Pois o automobilismo encontrou um caminho, a Indy já voltou, a Nascar vem fazendo suas corridas como pode e até mesmo a Fórmula Truck deu seu jeitinho e colocou os caminhões na pista esse fim de semana, em Cascavel.

Com tudo isso, é natural que a estreia da temporada de 2020 da F1 seja, provavelmente, aquela que mais tenha gerado expectativas na história. Certamente vamos nos lembrar desse momento para o resto da vida. Mas também existiram outras pré-temporadas que geraram grande expectativa, pelo menos para mim.

Uma que me lembro assim de cara foi a temporada de 2000. Na época Rubens Barrichello estrearia na Ferrari. Para o Brasil, foi um grande acontecimento. Desde a morte de Ayrton Senna, em 1994, não tínhamos um piloto sentado num carro capaz de ganhar corridas. E nem mesmo a clara situação de segundo piloto que Barrichello viveria a partir daquele momento, parecia afastar o insistente otimismo da galera. Antigamente, é bom lembrar, não se tinha tanto acesso a fotos e vídeos de testes de pré-temporada. No meu caso, me lembro que foi uma emoção sem igual quando recebi o guia da temporada da Revista Quatro Rodas (sou assinante desde pequeno) e, ao abrir plástico, me deparei com uma foto de Barrichello ao volante do carro vermelho. A combinação daquele capacete com a Ferrari (ainda era a de 99) me deixou bastante empolgado. Guardei aquele suplemento durante anos, mas nas mudanças da vida, ele acabou sumindo. É uma peça que eu compraria para coleção, certamente.

Aliás, como mencionei 1994, não há como não falar dessa pré-temporada. Senna tinha ido para Williams. Os jovens leitores do Autoracing não fazem ideia do que foi isso na época. Não há qualquer paralelo nos dias de hoje que possa explicar o tamanho do significado de unir Ayrton Senna e Williams naquele ano. No lado da equipe, os FW-14 e 15 eram muito, mas muito mais rápidos do que qualquer outro carro. Uma diferença abissal, certamente maior do que a diferença da Mercedes para as outras equipes. E Senna era indiscutível: as temporadas de 1991 e 1993 o colocaram em outro patamar e não havia piloto que pudesse se aproximar dele em termos de excelência ao volante. Prost e Mansell haviam se pirulitado. Schumacher, embora rápido, ainda cometia erros em profusão. Alesi já tinha caído no descrédito. Enfim, não tinha ninguém para desafiá-lo.

E o grande choque acabou sendo mesmo a corrida inaugural. Senna não teve sossego hora nenhuma, precisou se virar para acompanhar Schumacher, cometeu um erro absolutamente incomum para seu patamar de carreira na época e viu o alemão vencer com autoridade, diante da incrédula torcida brasileira. Um anticlímax como há muito não se via.

Mais recentemente, vivemos o momento Brawn GP, que certamente marcou todo mundo. Se a temporada de 1994 chocou pelo fracasso da até então imbatível Williams, em 2009 vimos a ascensão de uma equipe que surgiu das cinzas da Honda e mal tinha grana para testar o carro. Rápida na pré-temporada, a Brawn GP parecia mesmo levar às últimas consequências a estratégia de andar fora do regulamento para obter bons tempos e convencer patrocinadores. Convenceu o maluco do Richard Branson e, quando o carro foi para a pista pra valer, na Austrália, vimos que não era blefe nada. Barrichello e Button tinham em mãos um modelo que parecia andar sobre trilhos, impulsionado pelo ótimo e confiável motor Mercedes. Venceram 6 das 7 primeiras etapas e administraram a vantagem até o final do campeonato, levando Jenson Button ao título inédito e completando um ano sem igual na F1.

O sucesso foi tanto, que animou a Mercedes a voltar como time em 2010, produzindo também uma pré-temporada cheia de expectativas. Schumacher voltando (na própria Mercedes), Alonso estreando na Ferrari, A McLaren contando com uma dupla formada pelos dois últimos campeões mundiais, Kubica na Renault, fim do reabastecimento. Enfim, uma temporada cheia de novidades.

O que nos traz de volta às expectativas para essa F1 da pandemia. Não há muitas novidades, a não ser o fato de que, provavelmente, veremos corridas em pistas que nunca receberam a categoria (o que , por si só, já é ótimo). Então, tivemos sim uma pré-temporada, a mais longa da história, para guardar na memória. Seja bem vinda F1, você fez uma falta danada.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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