Vamos ver F1 na TV brasileira em 2021?

Liberty Media Corporation

Por: Bruno Aleixo

A notícia do fim de semana, que pegou muita gente de surpresa, foi a não renovação do contrato de transmissão da Fórmula 1 no Brasil, por parte da Globo. A emissora era a detentora dos direitos de transmissão da categoria nos últimos 40 anos, com um breve hiato na temporada de 1980, quando a TV Bandeirantes passou as provas ao vivo. A Liberty Media, dona da F1, ainda não se manifestou com relação ao que vai acontecer com os direitos aqui no Brasil. Portanto, no exato momento em que escrevo esta coluna, nenhuma emissora de TV, aberta ou fechada, transmitirá as corridas de Fórmula 1 em 2021.

Fiquei pensando se escrevia ou não sobre o tema, porque acho que isso vai ter uma solução a curto prazo. Por um motivo muito simples: a Fórmula 1 vai perder bastante se não estiver em uma emissora de TV brasileira.

Ao que parece, o ponto que pegou na renovação dos direitos foi a implementação da F1TV no Brasil, o que deve acontecer em breve. A Globo entende que o streaming da categoria tiraria público das corridas transmitidas e, por isso, exigia exclusividade. É uma situação complicada que pode levar a várias análises, mas, de cara, é possível dizer que a F1 não terá vida fácil se mantiver o jogo duro nas negociações, motivo pelo que eu realmente acho que as coisas devem se resolver rápido.

Isso porque o Brasil ainda não é um país habituado a streamings. Como disse meu amigo Fábio Campos outro dia, há uma cultura arraigada no nosso país que parece valorizar em demasia o que ocorre na TV, em especial, a TV aberta. Buscamos entretenimento nessas emissoras e, o pior, nos informamos muito por elas, o que é preocupante, dado que são empresas que dependem de concessão pública. Entendedores entenderão…

O fato é que não é um hábito do brasileiro correr atrás de informação e entretenimento pelos quais se paga. Aqui, por exemplo, reclamamos quando um site tem muitos anunciantes, mas paramos de acessar se este mesmo site se torna pago. Ou seja, as pessoas querem as coisas boas de graça, sem sequer se perguntar quem é que paga os jornalistas que produzem conteúdo. E, no caso dos streamings, não há muito espaço para falhas, já que o consumidor tem o supremo poder do cartão de crédito, podendo cancelar a assinatura quando achar que está sendo desrespeitado. É a lei do mercado: se você paga, tem o direito de exigir o que há de melhor.

Não que a F1TV seja caríssima. Segundo informações do Graaaaaaaande Adauto Silva, o streaming custa 59 Trumps por ano na Argentina, o que significa que, mantendo o preço, custaria por volta de 27 talkeis no Brasil. É o que se pagar por um streaming. O problema é que, se você já paga pela Netflix, mais um outro Streaming esportivo como o DAZN, mais um pacote básico de TV a Cabo, vai ter que somar mais à já salgada conta. Para ver um evento que, hoje, você não paga. Além disso, ouvi dizer a F1TV tem falhado com certa frequência na Europa, inclusive deixando de transmitir grandes prêmios sem qualquer explicação. Leitores que moram fora podem confirmar ou não.

Pacotes F1TV na Argentina

Bom, mas o meu ponto é que, isso posto, fica muito difícil entender o porque da negociação Globo e Liberty der dado errado. A Globo lucra bastante com a F1 e a única explicação plausível que encontro para a não renovação, por parte da emissora, seria perda de patrocínios em virtude da crise financeira advinda da Covid-19. Isso não foi dito, mas é uma possibilidade. Porém, do outro lado, a Liberty poderia ter flexibilizado valores e até mesmo revisto a história da F1TV que, imagino, ainda não terá público no Brasil, país no qual não se tem o hábito de pagar para receber conteúdo.

No fim das contas, perdeu a Globo que ficará sem o lucro das transmissões e perdeu a Liberty que certamente verá uma diminuição do público no Brasil. Ou não, porque, na minha visão, os valores vão diminuir e a F1, ou migrará para outra emissora, ou continuará na Globo. A ver as cenas dos próximos capítulos.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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Nota do editor
A Liberty não cobra o mesmo valor em todos os países onde oferece seu streaming. Na África do Sul, por exemplo, país pertencente ao BRICS, assim como o Brasil, o pacote F1TV Pro custa menos ainda: 44 Trumps por ano. Na cotação de hoje, seria cerca de 20 talkeis por mês aqui no Brasil.

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