Uma nova categoria para 2010

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011 às 2:30

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Uma nova categoria para 2010

Apesar do anúncio bombástico de que a FOTA, associação das equipes da Formula 1, vai realizar um campeonato paralelo ano que vem, notícia que o Autoracing deu em primeira mão, eu digo que a peleja ainda não acabou.

Eu acho que existe uma enorme possibilidade de Max Mosley ser destituído do cargo de presidente da FIA e Bernie Ecclestone abrir mão de grande parte do dinheiro que ele “divide” com as equipes. Feito isso, que aliás são condições sine quibus non, as equipes atuais continuam e a Formula 1 estará alinhando no grid em 2010 com todas elas e mais umas duas novas ainda.

De qualquer maneira em 2010 teremos uma nova categoria. Será a F1 sem Mosley, com Bernie mais pobre e com quem a FOTA aprovar na direção, ou uma categoria inteiramente criada e organizada pela FOTA.

Lógico que a Ferrari, McLaren, BMW, Brawn GP, Toyota, Renault, Red Bull e Toro Rosso, todas equipes de fábrica ou apoiadas por, tem plenas condições de organizar um campeonato. Mas já para 2010? Difícil. Dinheiro não seria problema, mas falta algo que não se pode comprar: tempo. Já estamos no meio de 2009 e seria muito difícil organizar um campeonato mundial novo em apenas 6 ou 7 meses.

Uma das dificuldades seria conseguir circuitos em condições de receber a nova categoria em tão pouco tempo. A grande maioria dos atuais circuitos onde a F1 corre atualmente ainda tem contrato vigente com a F1 e com a FOM de Bernie Ecclestone e suas ridículas exigências. Alguns talvez até “peitassem” uma briga boa, mas muitos não fariam isso. Então a nova categoria teria que encontrar pelo menos uns 15 circuitos em condições, mas diferentes dos atuais para correr já no ano que vem.

Aqui no Brasil, além Interlagos o único circuito que talvez tenha condições tão rápidas seja o de Curitiba. Digo talvez porque para carros tão rápidos como os da F1 ou, no caso os da nova categoria, falte área de escape no autódromo Raul Boesel. Na Europa e nos Estados Unidos haveria pouco problema, já que existem muitas pistas com ótimos traçados em condições de receber a nova categoria, principalmente algumas que abrigam corridas da MotoGP. Silverstone, Hockenheim, Mugello, Laguna Seca, só para citar alguns, Montreal estão prontos para amanhã.

A Ásia seria um problema. Provavelmente só o Japão teria condições de receber a nova categoria no primeiro ano. A Austrália tem ótimas pistas para categorias menores ou de turismo, mas a não ser que voltassem à pista de rua de Adelaide, não vejo outra com estrutura mais ou menos pronta no momento. Phillip Island é sensacional, mas estreita demais.

Então teríamos um campeonato basicamente disputado na Europa com três ou no máximo quatro corridas em outros continentes. Dependendo dos circuitos escolhidos não seria ruim…

Regulamento não seria um problema, uma vez que provavelmente usariam 90% do regulamento existente com poucas, mas fundamentais mudanças. Cobertura de TV também não seria problema, já que a grande maioria das emissoras que cobrem atualmente a F1 tem concorrentes a altura para cobrir a nova categoria.

Oito equipes com dois carros cada parece pouco. A solução, caso Willians e Force India resolvam não seguir a nova categoria, seria cada equipe colocar três carros no primeiro ano, ou até que consigam “recrutar” mais equipes.

Então, na teoria, fora aquele problema de tempo, essa divisão até parece uma boa idéia. Mas e na prática? Na CART a divisão foi um desastre, será que na F1 aconteceria a mesma coisa? Como ficaria o GP de Monaco, tão importante para as equipes e patrocinadores? E como ficaria, ou não ficaria, a F1 de Mosley / Ecclestone? Quem vai querer ver ou patrocinar a F1 sem suas equipes tradicionais e nomes como Campos Grand Prix, Team US F1, Manor Grand Prix, Prodrive, Superfund, Epsilon Euskad e outras tão desconhecidas quanto? A F1 vale tanto quanto o nome de suas equipes e seus pilotos, portanto se todos ou praticamente todos saem para montar outra categoria, a F1 de Mosley / Ecclestone simplesmente não consegue se vender.

Por isso, como disse no começo, Max Mosley será destituído e Bernie Ecclestone abrirá as pernas. Podem me cobrar!

Até a próxima!

Adauto Silva
adauto@autoracing.com.br

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