Um tributo a Williams

Clay Regazzoni na primeira vitória da Williams

Colaboração: Fernando Cavalcante de Oliveira

Quem diria que a equipe fundada em 1977 por Sir Frank Williams (1942 – 2021) voltaria aos holofotes depois de tanto tempo?

Lá se vão quase 45 anos desde que a Williams colocou seus primeiros quatro pneus em um circuito e ali iniciou uma das maiores histórias da Fórmula 1, uma que é recheada de altos e baixos, com duras derrotas e sensacionais conquistas, essa que desde sempre é uma das equipes independentes do esporte, e que em 2021 ressurgiu para os holofotes, de maneira diferente da esperada, mas quem sabe não seja o prenúncio de uma volta ao topo?

Mundialmente reconhecida, a equipe baseada em Grove, Inglaterra foi formada por um sonhador, um homem que tinha por objetivo criar uma equipe de Fórmula 1 independente e competitiva, que ele esperava, poderia se destacar em alguns anos. Mal sabia ele, que essa seria uma das maiores e mais marcantes equipes, que viria a conquistar sua primeira vitória já em 1979 e seus primeiros mundiais em 1980 (de Construtores e de Pilotos).

Uma equipe que ficaria marcada por revelar inúmeros talentos, como os atualmente reconhecidos: Juan Pablo Montoya, Nico Rosberg, e Valtteri Bottas, e que ao longo dos anos deu ao esporte não apenas campeões como: Keke Rosberg, Damon Hill, Jacques Villeneuve, mas recolocou no topo nomes como Alain Prost, além de ter sido o lar de pilotos prestigiados como Rubens Barrichello, Felipe Massa, Jason Button e David Coulthard.

Entretanto, mesmo sendo detentora de 16 mundiais (09 de construtores e 07 de pilotos), a Williams veio decaindo ano após ano, saindo das disputas frenéticas e lendárias com Ferrari e McLaren, para amargar por três anos consecutivos a lanterna do campeonato de construtores, inclusive sem pontuar nenhuma vez em 2020, fato que pesou inclusive na sua venda para a Dorilton Capital, no final da temporada passada, o que parece ter ajudado a Williams a talvez reencontrar os bons caminhos e não apenas marcar alguns pontos em 2021, como sair da incômoda 10ª posição, para a 8ª entre os construtores, alcançando quem sabe a luz no fim do túnel.

Mas para alguns a Williams estava na verdade vivendo uma maldição, que não tinha apenas haver com a falta de investimentos, e muito menos com algo vindo do “mundo dos espíritos”, e sim uma maldição nascida na culpa, um peso que recaiu não apenas na equipe, mas especialmente na família, pois ambas se martirizam devido ao fatídico 1º de maio de 1994, quando aquela “amaldiçoada” barra de direção tirou da Williams, do Brasil e de Ayrton Senna não apenas a chance de mais um campeonato, mas de uma parceria duradoura, alavancada por uma disputa roda a roda com o futuro heptacampeão Michael Schumacher e quem sabe do primeiro tetra para o Brasil na F1.

Essa culpa segundo os mais próximos, acompanhou Sir Frank por todos os dias, levando a determinar que cada carro desde então homenageasse o lendário Senna, com um S em seus bicos, tradição essa que o novo grupo parece que irá manter, o que rendeu ao fundador a satisfação de saber que podia partir, deixando sua equipe em boas mãos, uma vez que George Russell e Nicolas Latifi marcaram os primeiros pontos da equipe em temporadas, dando a ela um alento, e Sir Frank motivos para finalmente descansar, o que aconteceu no último dia 26 de novembro. Quando o gigante do esporte partiu, para finalmente reencontrar Senna e obter seu merecido perdão.

E em um dos diversos mistérios do destino, Williams partiu antes de ver sua equipe voltar aos holofotes durante uma decisão de campeonato, ao ser indiretamente responsável por determinar o campeão de 2021.

Fernando Cavalcante de Oliveira
Londrina – PR

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