Um piloto que não pode vencer? Por Fernanda de Lima (vídeo)

segunda-feira, 25 de março de 2013 às 17:05
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Webber vs Vettel - GP da Malásia 2013

Com uma dobradinha no GP da Malásia, a Red Bull assumiu a liderança do Mundial de Construtores e de Pilotos. No entanto, a vitória e a liderança foram os assuntos menos comentados do pós-corrida. O pódio malaio não poderia ter sido mais “amargo”.

De um lado, um Sebastian Vettel contido, quase envergonhado por ter vencido a corrida. Do outro um Mark Webber com cara de quem foi apunhalado pelas costas. E foi. Mas há ressalvas.

Fala-se muito de jogo de equipe na Fórmula 1, mais pelo lado negativo do que positivo. Inúmeras vezes criticamos o “jogo sujo” que coloca um piloto à frente do outro sem considerar quem é o melhor na pista. Vocês podem se lembrar quantas vezes torcemos para que Rubens Barrichello mandasse a Ferrari e Michael Schumacher aos quintos e vencesse porque ele era o melhor na pista naquele momento?

Sou a favor do jogo de equipe quando ele é decisivo para a definição de um campeonato. F1 não é brincadeira, não se deve jogar um campeonato fora por vaidade de um piloto ou outro. Coisa que a Red Bull quase fez em 2010, na batalha Vettel x Alonso.

Voltemos ao ano de 2013. Com a vitória (e a dobradinha) praticamente certa, a Red Bull pediu que seus pilotos diminuíssem o ritmo. Não havia ameaça ao time azul. Webber, então líder, como um bom funcionário, obedeceu. O alemão, não.

Acho que a estratégia da Red Bull era realmente ter Vettel na ponta, mas não da maneira que aconteceu. Ao contrário da Ferrari, acredito que as outras equipes ainda têm receio de dar a cara à tapa. Quando a maioria optou por pneus médios, no início da corrida, Webber apostou no composto duro. O australiano, na liderança, mantinha um bom ritmo, mas era o tempo todo lembrado pela equipe sobre a preservação dos pneus. Por jogo de equipe a favor de Vettel(?), a Red Bull chamou Webber mais cedo que o alemão para os boxes num momento em que ele virava mais rápido que Vettel. Além disso, Mark tinha parado depois de Sebs. Teoricamente, a parada àquela altura não era necessária.

Depois da parada, o jogo virou. O carro mais rápido era agora o de Vettel. A emboscada era perfeita. Talvez se não fosse a perda de tempo da Red Bull na terceira parada do alemão, Vettel, já teria voltado à frente de Webber. Porém, voltou mais longe, atrás de Hamilton. No entanto, com ritmo forte, não demorou muito para ultrapassá-lo.

Enquanto a equipe pedia para que Vettel tomasse cuidado e poupasse os pneus para o restante da corrida, ele só tinha em mente uma coisa: a vitória. Após a quarta rodada nos boxes, Webber estava seguro lá na frente, com um carro naturalmente mais lento e com a segurança da equipe que dizia “ele foi avisado, ele foi avisado”, referindo-se à Vettel, ninguém parecia ameaçar a vitória do australiano.

Sebastian é tricampeão do mundo, e muita gente credita isso mais à equipe que ao talento do alemão. Vettel, no GP da Malásia, mostrou sua verdadeira face. Mostrou que não tem apenas a nacionalidade em comum com outro grande campeão. Em números, o maior.

Não é a comparação com Schumacher que estou buscando. Mas, no domingo, o que se colocou à prova foram os métodos utilizados por Vettel para alcançar a vitória. Ele desobedeceu uma ordem da equipe? Passou por cima da ética? Por cima de um companheiro de equipe? Sim, sim e sim. A disputa Webber x Vettel não teve igualdade de condições. Porque um confiou demais, acreditou que não seria possível, fez exatamente o que lhe foi ordenado. O outro arriscou tudo, saiu da zona de conforto, mostrou no braço que o primeiro lugar tem dono.

Há uma diferença brutal entre os dois, mais gritante agora do que nunca. Após a bandeirada final, Webber ouviu: “You did an excellent job with the tyres, well done”. Já a mensagem do rádio de Vettel: “Good job Sebastian, looks like you wanted it bad enough”. Não me lembro de um único grande campeão que tenha passado ileso a polêmicas.

Vettel acertou ao desobedecer as ordens da equipe? Webber tem razão de ficar injuriado? Sim e sim. Se eu fosse Webber também estaria “p. da vida”, mas a verdade é que eu não queria, eu não escolheria ser Mark Webber. Como não escolheria ser Nico Rosberg. O piloto da Mercedes quase suplicou à equipe para que o deixassem ultrapassar Lewis Hamilton. O que a Mercedes respondeu: “negativo, Nico. Ele poderia estar mais rápido, mas nós pedimos para que reduzisse”. Enfim, prefiro ser aquele que arrisca até a própria imagem da perfeição em busca da vitória. Me desculpem os carregadores de piano (que jamais devem ser desmerecidos), mas eu prefiro os campeões.

E vocês, quem escolheriam ser?

ps.: Por que diabos a Ferrari manteve Fernando Alonso na pista com a asa arrastando por todo o asfalto? Esperavam um milagre?

Assistam: o único assunto sobre o qual deveríamos estar comentando!

Fernanda de Lima

AS - www.autoracing.com.br

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