Tensões aumentam na Ferrari entre Mattia Binotto e Charles Leclerc

quarta-feira, 29 de setembro de 2021 às 14:18

Charles Leclerc e Mattia Binotto

De acordo com relatos de várias fontes italianas, continuam crescendo as tensões entre o chefe da equipe Ferrari Mattia Binotto e Charles Leclerc.

Durante o fim de semana em Monza, no início deste mês, no GP da Itália, Binotto e Leclerc foram vistos discutindo acaloradamente na garagem da equipe, tanto que o piloto monegasco “adoeceu” durante o TL2 com náuseas e uma dor de cabeça que o obrigou a ir para o centro médico para um check-up.

A coisa não foi um mero desacordo, mas sim agressões verbais que foram descritas como “acusações pesadas dirigidas um contra o outro com tons de vozes subindo até os gritos, eventualmente exigindo que Nicholas Todt – empresário de Leclerc – interviesse e esfriasse as coisas entre eles.”

Claramente, esse incidente desagradável parece ter afetado fisicamente o piloto na corrida mais importante para os Vermelhos. Não importa o quanto os apaziguadores tentassem amenizar, eles estavam em uma corrida em casa embaraçosa devido à ineficiência do fraco pacote que a Ferrari tem para seus pilotos este ano.

Apesar disso, Leclerc costuma dar seu melhor, agora empurrado pelo companheiro de equipe Carlos Sainz, que no final, inadvertidamente ou não, é uma fonte extra de atrito entre seu companheiro de equipe e seu chefe.

Além disso, segundo todos os relatos, embora esta tenha sido a primeira desavença “pública” entre a dupla, tem sido um problema há alguns meses, fermentando desde o início da temporada, quando Leclerc percebeu que o carro que construíram para ele, lhe daria outra temporada fora da disputa pelo título.

A Ferrari novamente não é páreo para a Red Bull e a Mercedes e eles ainda precisam de sorte para derrotar a ressurgente McLaren na corrida pelo título de construtores de F1 deste ano, o que pode significar um P4 para a equipe mais bem-sucedida do esporte.

Para colocar lenha na fogueira, ao longo desta temporada, Binotto sempre elogiou os desenvolvimentos do carro e da UP, mas os resultados não acontecem. E é aqui que Leclerc se opõe.

Enquanto o chefe alardeia a evolução do desempenho, os pilotos têm que guiar o carro, um carro letárgico, que requer riscos e uma direção difícil que invariavelmente leva a erros, mas também levanta as perguntas: Se o carro está melhorando, por que Leclerc não está entregando pódios ou ganhando corridas? Ou mesmo Sainz?

A dura realidade é que, em relação ao Mercedes W12 e Red Bull RB16B, a equipe tem um pacote abaixo do esperado para a Ferrari SF21, um conceito que ninguém entende como torná-lo mais rápido depois de dois anos de tentativas.

Mas Binotto e seus engenheiros se recusam a aceitar ou reconhecer que se trata de um carro insatisfatório que induz a erros em excesso dos dois pilotos, ambos considerados entre os melhores da nova geração.

Claro, tudo isso tem sido negativo para a dinâmica da equipe, que antes desta temporada era tudo sobre Leclerc. O Pequeno Príncipe, a resposta às orações da equipe quando ele estava nocauteando Sebastian Vettel regularmente e vencendo com um carro decente para guiar, mas com um motor fora do regulamento.

O garoto de Mônaco não fazia nada errado. Ferrari, Itália e Binotto ficaram maravilhados com seu Príncipe Charles, com quem assinaram até o final de 2024. Mas a história mostra, Vettel foi demitido e Carlos chegou.

Sainz é um rapaz ambicioso e seu pai é uma lenda – Carlos Sênior – cujos conselhos não têm preço e fica evidente na forma como Sainz Jr conquistou corações e mentes em Maranello. Ele não foi para a Ferrari para ser segundo piloto e está rapidamente acabando com a percepção de que os Vermelhos são a equipe de Leclerc.

Tanto que Sainz, segundo vários relatos, se tornou a referência da equipe para o desenvolvimento técnico, pois o consenso entre os engenheiros é que o espanhol fornece um feedback mais confiável do que Leclerc.

Isso equivale a uma grande mudança de poder dentro da garagem da Ferrari, o que deixou Leclerc doente, que está magoado com os novos desenvolvimentos e agravou ainda mais seu relacionamento cada vez mais frágil com Binotto.

Desnecessário dizer que a decisão de seguir o caminho de Carlos foi como um tiro de canhão quando Charles foi informado na Itália, o que desencadeou sua apreensão e exigiu que o piloto se deitasse no centro médico de Monza, enquanto ele processava a dura realidade de que ele acabara de ser rebaixado pela equipe.

Até agora Leclerc jogou o jogo da equipe, tomando no queixo quando o carro não foi páreo para seus rivais (na grande maioria das pistas) e fazendo com ele o que poucos podem fazer sem reclamar.

No GP da Rússia de domingo, Leclerc optou por ficar na pista quando a chuva caiu durante as voltas finais em Sochi e pagou o preço ao terminar em P15, enquanto o companheiro de equipe Sainz, que parou no tempo certo, foi P3.

Em 22 de setembro de 2021, fez dois anos desde que a Ferrari venceu um GP e 14 anos desde que Kimi Raikkonen ganhou para a Ferrari seu último título de pilotos na F1.

AS - www.autoracing.com.br

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