Solução do quique da Red Bull passou longe de ter sido acidental

terça-feira, 19 de abril de 2022 às 14:46

Sergio Perez

Fala-se que a Red Bull ganhou mais de 7 décimos de segundo com a atualização que introduziu no segundo teste de pré-temporada no Bahrain este ano. E que aquela atualização corrigiu o problema do quique por acaso!

Nas mudanças radicais nos carros, a maioria do downforce agora é gerado pela aerodinâmica embaixo do carro, e não por cima, e isso é conhecido como efeito solo.

Como resultado, o desenho com rake que algumas equipes corriam antes foi praticamente abolido, e isso levou o assoalho dos carros a bater na superfície da pista, um fenômeno que ficou conhecido como “pospoising” em inglês (como um golfinho entrando a saindo da água) ou quique em português.

O Autoracing adotou a palavra quique porque – além de porpoising ser uma palavra horrível – o entrar e sair da água como um golfinho é infinitamente mais suave que o quique violento que estamos vendo em vários carros da F1, especialmente na Mercedes (acima dos 210 km/h) e Ferrari (acima dos 270 km/h)

O problema desse fenômeno, além de ser um incomodo terrível para os pilotos, é que ele diminui a velocidade do carro tanto em retas como em curvas. Óbvio que o efeito em curvas é muito pior, pois desequilibra o carro tirando muito da confiança do piloto.

As equipes estão buscando soluções para ajudar a erradicar isso, mas precisam ter certeza de que qualquer coisa nova que tragam para o carro funcionará, pois estão trabalhando em um orçamento de US$ 140 milhões nesta temporada, uma queda de US$ 5 milhões em relação à temporada passada quando não tinham esse problema.

A Red Bull introduziu atualizações nos sidepods e na parte inferior da carroceria, onde a mágica aerodinâmica agora acontece, mas algumas equipes acreditam que aquela atualização no Bahrain de Adrian Newey não foi especificamente voltada para resolver o problema do quique, mas acabou resolvendo de qualquer maneira.

Mas os Touros ainda têm o problema do peso, e Marko afirmou anteriormente que uma atualização chegará ao GP da Emilia Romagna deste fim de semana em uma tentativa de perder o excesso, e acredita-se que eles estejam atualmente com cerca de 813 kg, 15 kg acima do limite.

“O RB18 terminou tarde, pois estávamos na corrida pelo título até o final do ano passado.”

“Atualizações estão chegando para a próxima corrida em Imola e depois dela. Espero que possamos chegar na Ferrari então.”

A solução foi mesmo um acidente?

Não. É verdade que tentativa e erro muitas vezes tem sido uma ferramenta eficaz para os engenheiros descobrirem se as coisas funcionam, uma vez que as simulações em túnel de vento só levam o carro a no máximo 190 km/ h (o quique começa depois disso) e o CFD ainda não é matematicamente capaz de prever o quique em altas velocidades. Mas o Autoracing – depois de ver essa matéria no site alemão AMUS, entrou em contato com nossa fonte na Red Bull e ele deu risada quando perguntamos se a solução foi encontrada de maneira acidental. Evidentemente ele não vai divulgar exatamente o que foi feito…

Mas a verdade é que houve um nível meticuloso de detalhes no assoalho, na carroceria e no difusor na solução do problema da Red Bull.

Então você tem que considerar Adrian Newey. Seus desenhos geniais inspiraram nove campeonatos de construtores combinando os títulos da Williams, McLaren e Red Bull, enquanto grande parte do sucesso de Max Verstappen no ano passado se deveu à mente incrível do britânico.

Newey tem deixado uma marca indelével no auge do automobilismo, sendo pioneiro em alguns dos desenhos de chassi e soluções aerodinâmicas mais impressionantes que a Fórmula 1 já viu. E agora, mais uma vez, ele foi o pioneiro em resolver um problema que tem assombrado a maioria das equipes da Fórmula 1.

AS - www.autoracing.com.br

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