Sobre um automobilismo que não existe mais

segunda-feira, 25 de novembro de 2019 às 14:20

Ford x Ferrari

Por: Bruno Aleixo

Neste final de semana, fui assistir à “Ford vs Ferrari”, filme do diretor James Mangold que conta a história da construção do Ford GT40, projetado e desenvolvido por Carroll Shelby e Ken Miles para satisfazer um desejo de Henry Ford II: derrotar as Ferrari em Le Mans. No elenco, Shelby e Miles são representados por Matt Damon e Christian Bale, respectivamente.

É um filmaço. A história já é cinematográfica por si só, mas a maneira como tudo foi conduzido apenas reforça cada momento. São quase 3 horas de duração nas quais se experimenta desde a euforia à imensa tristeza, passando pela alegria de ver, nas origens, o esporte que tanto amamos.

Sim, porque “Ford vs Ferrari” é, antes de tudo, uma homenagem ao automobilismo e a tudo o que ele representa. E é, também, uma maneira de lembrarmos porque gostamos tanto desse negócio. O universo retratado no filme não existe mais, infelizmente por muitos lados e felizmente por outros. Felizmente porque é incrível pensar que pessoas desafiavam a segurança em condições tão precárias como as de antigamente, fato que fez muitos perderem a vida, inclusive.

Ferrari em Le Mans

E infelizmente porque, obviamente, o automobilismo de antigamente era sobre pilotagem. Sobre ser rápido. Sobre superar adversários. E isso não tem muito a ver com o automobilismo atual, no qual muitas das dificuldades são suplantadas pela tecnologia que encurta caminhos e faz com que pilotos precisem ter muito mais conhecimentos de sistemas complexos do que, propriamente, de pontos de freada em curvas.

Mal comparando, enquanto Ken Miles precisava estudar e se arriscar para ultrapassar adversários como Lorenzo Bandini, em LeMans, a turma da Stock Car só precisa acionar um botão no volante e ganhar quase 100 cavalos em seus motores, transformando corridas promissoras em provas monótonas como a de Goiânia, disputada neste domingo.

Ford GT40 Le Mans

Mas, divago. De volta ao filme, só peço que não deixe de conferir. Se “Rush” contou a história de uma rivalidade que fortaleceu dois gênios do automobilismo, “Ford vs Ferrari” versa sobre parcerias, igualdade de objetivos, trabalho em equipe. Aliás, esse último tópico também oferece uma ótima visão sobre o automobilismo atual. No meio da inócua discussão sobre esporte coletivo ou individual, o filme nos mostra que corridas são vencidas com união dos dois esforços, tanto da equipe, quanto do piloto, mas isso não inclui os dirigentes, que apenas atrapalham. A ação dos engravatados da Ford, ao final do filme, certamente vai deixar muitos dos que defendem ordens de equipe com a pulga atrás da orelha. Ou, pelo menos, deveria.

Por fim, só uma constatação: o filme estreou há apenas uma semana e já está nas menores salas. Infelizmente, corridas despertam pouco interesse no Brasil. Então, se você pretende ver o filme na tela grande (e, acredite, faça isso), é melhor correr. Literalmente!

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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