Sete décadas da categoria máxima do esporte a motor

sexta-feira, 7 de abril de 2023 às 13:12

Formula 1

Colaboração: JTito

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Em 73 anos de F1, a tecnologia evoluiu, e os carros também.

Década de 50, os carros parecem charutos com carroceria de alumínio, totalmente com grip mecânico, nem pensavam em transformar um F1 com asas de avião virada para baixo. Os motores destes carros de corrida ficavam na frente e tinham potência de cerca de 350 cv.

A concepção destes carros era baseada na velha tentativa e erro dependendo diretamente da intuição dos engenheiros mecânicos. Segurança de pilotos era uma palavra desconhecida.

Fangio dominou esta época, que apesar de ter uma baixa velocidade comparada com os carros de hoje, era de hombres muy valientes.

Década de 60, os motores são colocados na parte de trás do bólido e começam a explorar o conceito aerodinâmico nos carros, deixam de ter apenas grip mecânico e associam o grip aerodinâmico aos novos carros, mas com sucesso limitado.

O aerofólio, essa peça em forma de asa invertida na traseira é uma revolução para a F1 que nunca mais seria a mesma.

A invenção mudou a forma com que o ar passava pelo carro, colando-o ao chão aumentando a sua tração e a estabilidade. A moda nasceu com a Lotus de Colin Chapman em 1968 com seu Lotus 49.

Não teve um grande domínio de algum piloto, mas o pai do Hill ( aquele mesmo que correu na Williams dos anos 90 e vez ou outra aparece falando sobre F1 e foi campeão em 96), foi bicampeão , Jack Brabham que foi o único piloto que venceu com seu próprio carro foi tricampeão e o bambino do Colin Chapman Jim Clark que se foi cedo como Ayrton, e, como ele, era um showman, rapidíssimo e arrojado, divide com Ayrton a coroa do piloto mais rápido da F1 em uma volta lançada, foi bicampeão nesta década.

Década de 70, começam a aparecer brasileiros, principalmente com Emerson Fittipaldi Bicampeão do mundo e teria mais títulos se não quisesse se aventurar na construção de seu próprio carro, e fazer como Brabham, tentar ganhar como piloto e dono da equipe, com a sua Copersucar Fittipaldi.

No final desta década em 1978, Chapman com sua Lotus já se interessava mais pela aerodinâmica do que nunca, e muitos engenheiros que projetavam aviões foram para a F1.

Inovam com os carros asa, fechando as laterais do carro para o ar passar por baixo do carro com mais velocidade aumentando a pressão aerodinâmica, onde o carro gruda no chão e sua eficiência aerodinâmica é superior aos carros da década de 70 com os aerofólios, já que com o efeito solo, consegue-se mais velocidade com menos arrasto aerodinâmico.

O principal problema com o efeito solo registrado, é o porpoising que é um fenômeno registrado onde o assoalho do carro fica MUITO grudado ao chão e esse fluxo de ar é interrompido, então de repente a força que estava empurrando-o pra baixo simplesmente para de agir, e faz com que o carro volte a altura original, fazendo o movimento de “quicar”, tornando-o muito instável e sua dirigibilidade é colocada em questão, com muitos pilotos preocupados com sua segurança.

Newey foi um dos engenheiros da aviação que começou com Emerson na Copersucar e viu a aerodinâmica evoluir de aerofólios traseiros e dianteiros para efeito solo, Suspensão ativa e evoluiu junto, e nos dias de hoje, o temos como o mestre da aerodinâmica.

Neste mesmo ano de 1978, aparece na equipe Brabham, de propriedade de Bernie Ecclestone, outro brasileiro, Nelson Piquet, com sua língua afiada, mas com um profundo conhecimento de mecânica de carros, e vem definir um novo modelo de piloto com conhecimentos de mecânica de carros, para ajudar os engenheiros da época a desenvolverem os carros na direção certa, com afinações próprias de quem conhece com profundidade como se comportam todas as partes mecânicas que compõem o carro e como torná-lo veloz sem muitas tentativas e erros, comuns nas décadas anteriores, e torna-se tricampeão mundial de F1 na década de 80.

Década de 80, para mim a melhor da F1, com 5 ou 6 grandes pilotos que dirigiam qualquer carro, e eram muito bons tanto na pilotagem quanto na mecânica. No quesito mecânica temos Piquet e Lauda como os melhores, em corrida temos Senna, Prost, Piquet, Mansell, Lauda, mas em uma volta lançada o melhor era Senna. Senna mais um brasileiro na F1 torna-se tricampeão, e com Nelson e Emerson fazem do Brasil, um país conhecido não apenas pelo Futebol, como um país respeitado na F1.

Nesta década continua a busca pela melhora da aerodinâmica dos carros, e sua maior inovação começa de novo com Chapman e sua Lotus em 1982, agora com Nigel Mansell, seu principal piloto, devido principalmente aos enormes problemas registrados com o porpoising causado pelo efeito solo dos carros asa do final da década de 70. Este efeito solo é banido da F1, por ter causado muitos acidentes sem uma causa clara do problema. Chapman para contornar este problema, começa a pensar em uma suspensão ativa, controlada pela eletrônica, e sem molas e amortecedores mecânicos, para conseguir ser mais eficiente nas ondulações das pistas , nas tomadas de curvas a altas velocidades e na saída destas mesmas curvas com alta aceleração. Com relação aos motores temos o motor turbo versus o motor aspirado que utiliza os gases da combustão interna para comprimir o ar e injetar mais combustível nos cilindros do motor, aumentando em mais de 30% a sua potência, mas este motor foi barrado no final da década de 80.

Década de 90, começa a era da telemetria nos carros de F1 para coletar os dados em pista na ajuda aos engenheiros para tornarem os carros ainda mais velozes e eficientes, e estes passam a ter um papel ainda maior no desenvolvimento do carro. Nesta década a maior inovação vem por conta da Williams de Mansell em 1992 que com um conceito diferente da Lotus de Chapman sob a chefia de Patrick Head conseguem fazer a suspensão ativa funcionar com dispositivos hidráulicos sem molas e amortecedores mecânicos, num desenho do carro projetado por Adrian Newey. O Carro é tão bom, que o piloto não faz tanta diferença na sua habilidade, e esta suspensão é proibida em 1994 até os dias de hoje.

O melhor desta década apesar de ter conquistado apenas 2 títulos é Schumacher, considerando Senna que correu até 1994, Schumacher se viu sozinho como piloto acima da média. Década de 2000, o incrível aconteceu, Schumacher, Brawn e Todt, um time de estrangeiros liderando os italianos pela primeira vez na história da equipe, venceram com a Ferrari, e dominaram a metade desta década, onde em 2005 aparece um espanhol, Alonso, também acima da média para duelar com eles e logo em 2007 outro grande piloto Lewis Hamilton.

Schumacher aposenta e deixa Alonso e Lewis para duelarem entre si, e perdem para eles mesmos a oportunidade de desenvolver a McLaren que estava começando a superar a Ferrari de Brown e Todt que sem Schumacher começou a declinar, mas deu a chance a seus dois pilotos Kimi e Massa de duelarem com Alonso e Lewis em 2007 e com Lewis em 2008. Nesta década volta os motores turbo que estavam banidos desde o final da década de 80.

Década 2010, surge a RBR com Newey , Vettel, Horner e Marko, uma empresa que vende bebidas energéticas dando as cartas na F1. Vettel conquistou seus quatro títulos mundiais com eles, e se não mudassem o regulamento para motores híbridos a combustão e elétricos em 2014 , com Brown por trás da Mercedes, Vettel teria conquistado muitos mais títulos , tamanha a vantagem da RBR no início desta década.

Com esta mudança, sai de cena Newey, Vettel, Horner e Marko e entram Toto Wolff, equipe do Brawn, e Lewis Hamilton com a Mercedes, e vamos ver pela primeira vez na história da F1 uma supremacia de muitos anos, onde esta equipe vence 8 títulos de construtores e 7 de pilotos.

Década de 2020, mudam o regulamento, e agora com maior ênfase para a aerodinâmica e volta o efeito solo que nas décadas de 70 e 80 deram muita dor de cabeça aos engenheiros, e em seu primeiro ano , apenas a RBR parece não sofrer do porpoising, e começa novamente a mudar a liderança da Mercedes para a RBR.

Estamos no segundo ano do regulamento, e é um dèjá vu de 2010, onde os protagonistas são quase os mesmos com Newey, Marko Horner e agora Verstappen.

Chegam nesta década muito bons pilotos das categorias de base como além de Verstappen, Leclerc, Russel, Norris que poderiam fazer um campeonato com os mestres Alonso e Lewis de igual.

Só esqueceram de combinar com o projetista chefe da Red Bull Adrian Newey, e Verstappen seu piloto principal, está reinando neste 73° ano da F1, com um carro que corre no modo passeio para não agredir a concorrência, e quando a concorrência decidir ameaçar a RBR, pois vão melhorar com certeza, eles terão de colocar o RB19 no modo corrida, e esperamos que sofram pressão.

Por incrível que pareça, isto aconteceu no primeiro semestre deste novo regulamento em 2022, e vejam só, foi com a complicada equipe Ferrari, liderada por Binotto, mas perdeu a batalha já no primeiro ano para Newey.

Este regulamento só muda em 2026, e volta para motores mais fáceis de se construir, e espera-se que Newey já esteja pescando, pois Pelé também parou em 1977, e por incrível que pareça, foi neste ano que o Corinthians que estava há 23 anos na fila, conseguiu voltar a vencer.

Esperamos que o mesmo se passe na F1, senão, será entediante

JTito
Brasília – DF

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