Restrição das comunicações via rádio causa confusão na F1

sábado, 20 de setembro de 2014 às 8:10

Charlie Whiting

A pretensão da FIA de restringir as comunicações via rádio entre equipes e pilotos foi apelidada de “Radio Ga-Ga” e deixou o paddock confuso. Primeiramente, a proibição das conversas era total; depois, o órgão regulador voltou atrás e permitirá mensagens sobre o desempenho do carro, mas não do piloto.

“É curioso a Fórmula 1 eliminar algo simples e substituí-lo por algo muito mais complexo”, disse Paul Weaver, correspondente do jornal Guardian. “Esta poderá ser a história de rádio mais confusa do último século”.

Mais cedo, quando todas as mensagens relacionadas ao desempenho iriam ser banidas, os pilotos da Mercedes Nico Rosberg e Lewis Hamilton comemoraram a notícia. Mas com tal proibição diluída na sexta-feira, eles pareceram confusos.

Quando Hamilton pediu uma atualização sobre o ritmo de seus rivais, o seu engenheiro de corrida respondeu: “Nós vamos continuar com nosso programa e discutir isso quando voltarmos à garagem”. Rosberg também não sabia o que poderia ser discutido, perguntando pelo rádio: “Você tem permissão para me dizer o tempo de volta do meu colega?”.

O ex-piloto David Coulthard chamou todo o assunto de “Radio Ga-Ga”. Charlie Whiting abordou a mídia em Cingapura e explicou que, enquanto mensagens codificadas são estritamente proibidas, mensagens de incentivo aos pilotos ainda são aceitáveis.

Coulthard disse ao Telegraph: “As equipes vão conseguir transmitir mensagens aos pilotos de uma maneira ou outra”. E mesmo o líder do campeonato Rosberg admitiu ao jornal Kolner Express: “É claro que as equipes vão tentar enviar aos pilotos mensagens escondidas”.

Mika Salo, que será comissário de prova no Japão, acha tudo muito estranho. “Eu acho que deveria ser uma proibição total ou nenhuma proibição. As equipes vão vir com códigos e uma série de outras coisas que terão agora que ser analisadas pelos comissários”, comentou ele à emissora de TV finlandesa MTV3.

“Na minha opinião, é uma regra estranha, porque é muito difícil de controlar. Vamos ver com que tipo de bagunça eu estarei lidando na próxima corrida”, sorriu Salo. “Parece ser mais uma questão de percepção do que qualquer outra coisa”, acrescentou Coulthard.

Na verdade, a proibição foi, sem dúvida, introduzida para combater a percepção de que são os engenheiros e projetistas que estão guiando os carros mais complexos deste ano, ao invés dos “heróis” em si. Mas Pat Symonds, chefe técnico da Williams, que já trabalhou com grandes lendas da F1, acha que o público deveria estar mais engajado.

“Infelizmente a F1 não pergunta ao público do que ele gosta e isso é uma grande pena”, afirmou ele ao Telegraph. Symonds foi um dos que defendeu junto à FIA que não permitir que as equipes instruíssem seus pilotos a gerenciar os carros híbridos mais complexos deste ano seria um grande problema de segurança e custos. “É um meio-termo. Eu acho que é algo pragmático. Quer seja sensível ou não, eu acho que tudo está aberto ao debate”, concluiu.

EB - www.autoracing.com.br

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