Saiba porquê os carros de F1 custam tão caro.

quinta-feira, 25 de julho de 2013 às 13:45

Pitlane da Fórmula 1

A F1 é como muitos fãs já sabem, um dos esportes mais caros do mundo. Mas com o quê as equipes gastam tanto?

A Red Bull, atual tricampeã mundial, teve um orçamento de 540.4 milhões de reais em 2013, ou seja, uma média de R$ 27 milhões por corrida. No final do grid, até mesmo a Marussia, última colocada no campeonato de construtores, teve uma média de 10.8 milhões de reais gastos por Grande Prêmio. Quando você leva em consideração os valores gastos por cada equipe para colocar dois carros para correr em um circuito por apenas algumas horas, é fácil se perguntar para onde vai todo esse dinheiro.

Cada carro de F1 vale aproximadamente, 5.2 milhões de reais, mas enquanto que a parte mais visível é o chassis, sempre coberto de patrocinadores, os pneus e o volante, o que não vemos é o que custa mais. Talvez não seja nenhuma surpresa que o motor seja o item mais caro de um F1 e cada piloto só possa usar oito deles por ano, o que faz com que esses propulsores tenham que ser potentes e muito resistentes. Esse tipo de desenvolvimento necessita um investimento altíssimo por parte das montadoras.

Os materiais usados na construção de um motor representam apenas 10% do valor investido neles, com o resto sendo gasto no desenvolvimento. O V8 2.4 é usado desde 2006, mas em 2014, ele dará lugar ao “mais ecológico” V6 1.6 Turbo, construído do zero por montadoras como Ferrari, Mercedes-Benz e Renault. Essas empresas já investiram em torno de 1 bilhão de reais com o processo de planejamento e testes, tudo isso tendo começado em 2011, ano em que a Mercedes investiu cerca de R$360 milhões na sua fábrica de motores, um aumento de 54,2% em comparação ao ano anterior. O departamento de Pesquisa e Desenvolvimento é o que mais gastou nos últimos anos, especialmente com a introdução do KERS (sistema de recuperação de energia cinética).

O motor é o ponto alto da engenharia da F1. Eles têm uma rotação que pode chegar a 18.000 rpm e produzem em torno de 800 hp, com um rendimento em torno de 1,7 quilômetro por litro de gasolina. Apesar dos propulsores precisarem durar bastante, eles nem sempre são construídos com os materiais mais resistentes. O peso é uma característica chave no desenvolvimento de um carro de F1. O regulamento técnico diz que o peso mínimo de um bólido deve ser de 640 kgs e a maioria das equipes respeitam este valor a risca. Se o carro estiver um pouco mais pesado, ele poderá perder um pouco de sua performance e, com diferenças tão pequenas entre os pilotos, cada miligrama pode fazer a diferença.

As equipes de F1 dependem de protótipos que, usando um raio a laser, cortam fibras de carbono respeitando os desenhos enviados por computadores. É desta maneira que são construídos os primeiros carros do ano, normalmente entre os meses de novembro e março (pré-temporada da categoria). Até mesmo o banco dos carros tem um desenho especial, e cada assento é construído seguindo as medidas do corpo do piloto que irá conduzi-lo. O processo não é tão simples assim, e pode necessitar várias tentativas antes da versão definitiva ficar pronta.

Incorporar computadores em um carro de F1 representa um desafio complicado e é uma das razões para o aumento dos custos. Para assegurar que o chassi seja fino e o mais aerodinâmico possível, toda a fiação, a parte eletrônica e os sistemas de resfriamento são alojados em um pequeno espaço ao lado do motor. Este processo é mais complicado do que parece, já que um F1 chega a ter 1.25 quilômetros de fios e algo em torno de 150 sensores instalados. Encontrar um lugar para tudo isso é mais um desafio para as equipes. Ter um controle eletrônico separado apenas por alguns milímetros de um escapamento fervente necessita uma precisão de nível espacial na hora da instalação. Preservar os cabos é uma tarefa muito importante, já que eles transmitem várias informações sobre o carro para os engenheiros.

Alguns desses sensores chegam a transmitir mais de 1000 informações por segundo via Wi Fi para a garagem, o que dá em torno de 1.5 bilhão de pedaços de informações por corrida. Os engenheiros analisam esses dados durante e após cada etapa, usando os supercomputadores das fábricas. Essas máquinas também se encontram no topo da tecnologia mundial, com um dos mais potentes do mundo (supercomputador da Lotus) tendo a capacidade de fazer 38 trilhões de cálculos por segundo.

O volante de um F1 é considerado o sistema nervoso do carro, e é uma das poucas peças que podem ser reutilizadas. Ele não é tão diferente do usado em um avião de caça, com exceção da aceleração e dos freios. O volante também é composto de uma tela LCD rodeada por botões de várias cores, que servem para controlar mais de 40 funções diferentes, entre elas o rádio, o limitador de rotações e a mistura da gasolina. Existe também um botão “boost” que ativa o KERS e outro que ativa o DRS.

O regulamento técnico da F1 diz que o piloto deve ser capaz de sair do carro em cinco segundos, e o volante deve ser de fácil encaixe. Apesar disso, uma das partes mais complicadas, tecnicamente falando, de um carro de F1 é esta conexão entre o o volante e a coluna de direção. Ela tem que ser dura o suficiente para que aguente a grande quantidade de movimentos quando está na pista e também ser o centro de todas as conexões entre o carro e a parte elétrica. Um volante pode custar mais de 100 mil reais, variando para mais ou para menos dependendo da equipe.

Talvez, a maior ironia de todo este mundo rodeado de altas tecnologias, Grandes Prêmios caros e carros que custam milhões, esteja embaixo deles. Preso ao chassis de fibra de carbono existe uma prancha de madeira, que força o carro a ter uma certa distância do solo. Em contraste a toda tecnologia usada para construir todo o carro, uma prancha de madeira não é algo que se espera encontrar embaixo de um carro de F1. Claro, uma madeira especial chamada Jabroc, que tem a característica de ser mais resistente e fina. Então, em resumo, até quando falamos de uma prancha de madeira, na F1 nada é tão convencional quanto parece.

Tags
, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.