Quem para Max Verstappen?

sexta-feira, 19 de agosto de 2022 às 19:01

Max Verstappen 2022

Colaboração: Carlos Júnior

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Max Verstappen é o piloto proeminente na Fórmula 1 atual. Goste ou odeie, o jovem holandês dá as cartas na categoria e caminha facilmente para um bicampeonato incontestável. Se no primeiro título foi necessário superar um gênio do esporte com seu foguete de carro, a atual temporada mostra um cenário mais tranquilo. Lewis Hamilton e a Mercedes não ameaçam em 2022. Sorte de campeão – literalmente.

Como em toda em qualquer hegemonia nascente, fica a dúvida acerca da sua capacidade de duração. Ninguém duvida do talento absurdo de um piloto como Verstappen – só mesmo os haters mais apaixonados. Mas a duração de uma sequência vencedora depende de muitas variáveis para além do simples talento. Afinal, estamos falando de F1. Não basta ser bom de braço e guiar uma carroça.

Carro bom ele tem. Se a Red Bull só foi lhe entregar uma máquina excelente em 2021, o desse ano é igualmente competitivo, e com um regulamento completamente novo, a tendência é a dos taurinos continuarem na mesma toada. A RBR não é uma equipe de fábrica, mas ganhou cancha para fechar uma parceria tão vantajosa como a que fechou com a Honda. Verstappen está no cockpit certo na hora certa.

O que quero dizer com ‘’hora certa’’? Simples: Verstappen está em uma Red Bull que trabalha com foco no seu sucesso. Não há um piloto mais talentoso ao seu lado ou ameaça a tal condição. Sérgio Perez, seu companheiro atual, sabe disso. Pierre Gasly e Alexander Albon também sabiam. Isso não diminui em nada o seu talento, pelo contrário. Se ele é o queridinho da equipe austríaca e tem um corpo técnico altamente qualificado trabalhando para colocá-lo no topo, tal condição não caiu do céu. Max teve que mostrar na pista ser merecedor de tal ‘’privilégio’’. E mostrou.

Além disso, deve-se destacar outro fator no holandês: a força mental para lidar com situações complicadas. Se no qualy da Arábia Saudita ano passado ele sentiu a pressão, em praticamente todas as outras ocasiões o contrário aconteceu. Destaco duas corridas para ilustrar isso: GP dos Estados Unidos 2021 e GP do Canadá 2022. Na primeira, Lewis Hamilton e a Mercedes tentaram um undercut que resultaria em uma ultrapassagem nas voltas finais. Verstappen esbanjou talento e sangue frio para segurar um Hamilton mais rápido e de pneus mais novos para vencer em Austin. Já na segunda, uma estratégia equivocada da Red Bull permitiu um confronto direto entre ele e Carlos Sainz, que também veio de pneus mais novos e abaixo de 1s durante várias voltas. Mais uma vez, Verstappen foi perfeito, segurou o rival ferrarista e venceu.

Não há batismo de fogo maior e melhor que disputar o título pela primeira vez contra um gênio do esporte que já venceu sete vezes. A disputa insana com Lewis Hamilton foi das mais tensas, provavelmente a maior de todas, fazendo da temporada de 2021 a melhor da história – na minha humilde opinião. Verstappen ganhou uma maturidade absurda ao duelar com o heptacampeão – algo a servir em futuras ocasiões e duelos difíceis.

Como disse, não sei se Verstappen estabelecerá uma hegemonia arrebatadora na F1. Ele mesmo já deixou no ar a possibilidade de sair da categoria após o término do seu contrato com a Red Bull – a duração vai até 2028. Além disso, o desejo de explorar outras modalidades no automobilismo também foi explicitada.

Verstappen é do jeito que é e nunca escondeu nada. Seu estilo vulcânico – amado por uns e odiado por outros – é sua marca registrada desde a estreia em 2016. O mundo da F1 é carregado, pouco amistoso e cercado de pressão. Um piloto autêntico como ele pode não querer mais conviver com essa parafernália toda e seguir outros caminhos. Com um bicampeonato na mão e muito por conquistar, o seu nome já está marcado na história da categoria. Os outros que lutem para construir suas respectivas trajetórias.

Quem irá parar Max Verstappen? Não sei. Ele próprio não sabe. O certo é que muitas variáveis estão em jogo para tentar elucidar tal questionamento. O grid atual da F1 é repleto de pilotos jovens e talentosos, além de um heptacampeão que dispensa apresentações. Mas o vulcânico holandês também é talentoso, e com carro bom nas mãos, sabe como chegar ao topo. Quem quiser desafiá-lo que lute. Os próximos anos vão proporcionar novos espetáculos do atual campeão mundial.

Carlos Júnior
Teresina – PI

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