Quando levamos um tapa

segunda-feira, 2 de setembro de 2019 às 11:56

Anthoine Hubert

Por: Bruno Aleixo

Automobilismo é maravilhoso. O casamento entre homem e máquina na busca pelo limite é algo que fascina o homem desde que os primeiro motores aceleraram pra valer, em busca da linha de chegada, lá no início do século passado. Mas a velocidade também traz riscos e, infelizmente, a realidade bate na nossa cara de tempos e em tempos.

Esse fim de semana, levamos mais um tapa: Anthoine Hubert, francês de apenas 22 anos, morreu em um grave acidente na corrida da F2, em Spa-Francorchamps (a mais bela das pistas), na saída da curva Eau Rouge (a mais bela das curvas). Pelas imagens, Giuliano Alesi rodou, o que levou vários pilotos a tentarem desviar. Hubert freou, perdeu o controle do carro, bateu na barreira de pneus, ficou atravessado e foi acertado em cheio pelo equatoriano Juan Manuel Correa.

Batidas em T ainda são a maior fragilidade desse esporte, que tanto evoluiu. Se na década de 70 morria quase um piloto por fim de semana, atualmente esse número é bem menor. Talvez por isso, quando aconteça, o choque acaba sendo até maior. Sim, os carros de hoje são praticamente indestrutíveis, mas a questão é que o corpo humano não é capaz de suportar uma pancada tão forte quanto a que ocorreu em Spa, neste final de semana.

Hubert era uma das grandes revelações do automobilismo francês, que andava por baixo nos últimos anos. Ele tinha sido campeão da GP3 (atual Fórmula 3) no ano passado e fazia seu primeiro ano na BWT – Arden, da Fórmula 2. Estava na academia de pilotos da Renault e, possivelmente, chegaria à F1 pela equipe francesa, daqui a alguns anos.

Sua morte deixou o clima pesado em Spa. Essa é uma geração menos acostumada com acidentes fatais. O último deles, neste círculo de F1, F2 e F3, tinha sido o de Jules Bianchi, no já distante ano de 2014. Nesse sentido, a fala mais simbólica do fim de semana é, para mim, a de Max Verstappen, depois de abandonar a prova por bater, justamente, na Eau Rouge: “Acho que Kimi não me viu, mas isso não importa. Não é a coisa mais grave que pode ocorrer num fim de semana, como vimos ontem”.

É verdade Max, não importa mesmo. O automobilismo vai continuar nos encantando, ainda que, de vez em quando, nos dê um tapa na cara.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP

AS - www.autoracing.com.br

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