Pra que isso, Hulkenberg?

Nico Hulkenberg

Por: Bruno Aleixo

Nico Hulkenberg estreou na Fórmula 1 em 2010, ao lado de Rubens Barrichello, na Williams. O time inglês não tinha um grande carro naquele ano e, ainda assim, Hulk marcou uma surpreendente pole position no GP do Brasil, aproveitando-se das condições climáticas. Em 2011, foi para a Force India, trabalhar como piloto reserva. Nos anos seguintes, revezou-se nos assentos da equipe indiana e da Sauber, sempre com bons serviços prestados. Conseguiu a chance de correr em uma equipe bem estruturada a partir de 2017, quando foi para a Renault. Mas a Renault é tipo a Toyota, quando esteve na Fórmula 1: tem muito dinheiro, parece que vai chegar lá, mas não chega.

Hulkenberg é um piloto extremamente eficiente. Em todas as equipes nas quais esteve, sempre pareceu ter um desempenho superior ao do carro que pilotava. Pesa sobre ele o fato de jamais ter subido ao pódio na categoria, mas isso nunca manchou sua carreira, por que todo mundo sabe que sem um carro decente, não se consegue resultados expressivos, embora possa se fazer grandes corridas. E essas, ele faz.

Com a chegada de Daniel Ricciardo à Renault, a expectativa era de que Hulk sucumbisse ao talento do australiano e levasse a uma surra. Mas isso não aconteceu. Nico faz uma temporada decente em 2019, somando apenas 7 pontos a menos do que o badalado companheiro.

E eis que em Suzuka, no último final de semana, os dois pilotos da Renault faziam boas provas de recuperação. Ambos encostaram em um adversário e poderiam utilizar o DRS. Porém, somente Ricciardo, que vinha atrás de Hulk, acionou o equipamento e ultrapassou o companheiro de equipe na reta principal. Obviamente, houve ordem de equipe para que Hulk deixasse Ricciardo passar.

Nico Hulkenberg não tem contrato com ninguém para o ano que vem. Está fora da Renault e está bem difícil conseguir lugar em outro time. Então, por que diabos um piloto que está de saída da F1 aceita uma ordem de equipe estúpida e desnecessária durante um GP do Japão? Com 9 anos de experiência na categoria, Hulkenberg não tem com o que se preocupar. Pode correr no WEC, na Fórmula E, na Indy, virar comentarista!

Em uma das edições passadas do Loucos por Automobilismo, comentamos sobre como a atitude dos pilotos pode fazer a diferença na questão das ordens de equipe. Afinal de contas, é óbvio que com tanto dinheiro investido, ninguém está nem aí para o público e os dirigentes não vão mesmo deixar seus pilotos brigarem. Cabe a eles definirem o que querem de suas corridas e carreiras. E eu duvido que um piloto que consiga bons resultados seja dispensado de uma equipe porque desobedeceu ordem de equipe.

Bom, o fato é que num campeonato de 17 etapas até aqui, foram poucas  as que não vimos ou discutimos ordens de equipe. Em Suzuka, Hulk teve a chance de mostrar aos pilotos que esse papo de time soberano não ajuda na carreira de ninguém. Mas, mesmo sem contrato, correndo apenas movido por seus interesses, o alemão decidiu abaixar a cabeça. Triste para a F1 e triste para a torcida.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP