Porsche e Siemens desenvolvem combustível sintético que a Fórmula 1 busca

quarta-feira, 6 de outubro de 2021 às 18:51

Porsche

Não é somente pelo nome e pela tradição que a Porsche e a Formula 1 tem muito em comum para um futuro bem próximo. Uma das saídas para um combustível neutro em carbono já está sendo trabalhada pela Porsche em parceria com a Siemens Energy.

Ambas essas empresas vão inaugurar uma fábrica de combustível eletrolisado de baixo carbono no Chile.

O hidrogênio eletrolisado é combinado com o CO2 para formar o metanol e, a seguir, a gasolina.

Mesmo com a melhor boa vontade do mundo, vão se passar muitos anos antes que descarbonizemos totalmente o nosso transporte. O Reino Unido, a França, a China, Alemanha e até a Califórnia anunciaram planos de descontinuar a venda de veículos novos com motores de combustão interna no final da década de 2030, mas, até onde sabemos, com exceção da Alemanha, nenhum desses planos incluem a proibição de veículos que já circulam. Se esses carros e caminhões vão continuar nas ruas por mais algum tempo, cabe a nós sermos criativos no que diz respeito ao combustível que vão queimar.

É por isso que Porsche e a Siemens Energy formaram uma parceria para fazer exatamente isso. A Porsche e a Siemens Energy estão desenvolvendo um combustível sintético de baixo carbono que combina hidrogênio verde (produzido por eletrólise eólica) com dióxido de carbono (filtrado da atmosfera) para formar metanol, que por sua vez é transformado em gasolina.

Em outras palavras, trata-se de um combustível sintético produzido a partir da água, da energia eólica e do CO₂ capturado do ar. É um carreador de energia líquido que emite cerca de 90% menos CO₂ do que sua contraparte fóssil. No caso da e-gasolina, é simultaneamente compatível com a infraestrutura de combustível líquido existente.

Usina Haru Oni Siemens- Chile

As duas organizações já iniciaram a construção da fábrica Haru Oni perto de Punta Arenas, no Chile. Assumindo que tudo corra conforme o planejado, a planta deve ser capaz de produzir 130.000 litros de combustível sintético em 2022, antes de aumentar para 55 milhões de litros em 2024 e 550 milhões de litros em 2026 , a um custo de cerca de USD 2 por litro.

“Temos pelo menos a melhor estimativa que poderíamos reduzir a pegada de carbono em 90%”, explicou Michael Steiner, membro do conselho executivo da Porsche para pesquisa e desenvolvimento. “Portanto, ainda há alguma pegada de CO2 residual da mistura e outros processos, e você deve ter em mente que temos a experiência para projetar este combustível totalmente compatível com o combustível existente e com os motores existentes e é exatamente essa a chave para o sucesso”, Steiner explicou.

Este é o caminho do metanol para a gasolina usado pela Exxon (um dos parceiros) neste projeto:

O interesse particular da Porsche em combustíveis sintéticos é impulsionado pelo fato de que 70% dos carros que ela já fabricou ainda estão nas ruas. “Portanto, já testamos em carros 911 históricos com e-fuel, e essa é uma das nossas tarefas neste projeto, já que temos a experiência para especificar o combustível de uma forma que seja realmente compatível com os motores que construímos”, Steiner disse.

“Estou falando de motores naturalmente aspirados e turbos de alta rotação como o GT3 ou GT3 RS ou o 911 Turbo, e o combustível também é viável para nossos carros históricos, e temos certeza de que esse pode ser o caso. Nossos testes foram realmente promissores. Estamos no meio de testes com os motores modernos atuais e também com motores históricos”, disse ele.

Para começar, a Porsche usará o combustível sintético para impulsionar os carros de corrida da Porsche Supercup, uma categoria monomarca de automobilismo única para os Porsche 911s. Mas, à medida que a produção aumenta, Steiner diz que também pode ser usado em vários Porsche Experience Centres ao redor do mundo, bem como para o primeiro abastecimento de novos carros construídos em suas várias fábricas. Além disso, o combustível poderia ser introduzido em mercados onde as taxas de carbono o tornassem necessário, substituindo a gasolina derivada de combustíveis fósseis extraídos do solo.

Pode até ter um “cliente” de alto nível. A Fórmula 1 anunciou um plano para se tornar neutro em carbono até 2030, o que exigirá o uso de combustível sintético, ou de alguma outra solução que ainda não está avançada neste momento.

Steiner confirmou que a Porsche e a Fórmula 1 já estão em discussões. “Temos conversado com a Fórmula 1, sim. Inclusive estamos estudando entrar na categoria e eles estudando usar esse combustível em alguns anos”, ele disse.

AS - www.autoracing.com.br

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