Porque odeiam Verstappen

sexta-feira, 10 de março de 2023 às 19:41

Max Verstappen

Colaboração: Carlos Júnior

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A temporada começa da mesma maneira que a anterior: Max Verstappen sobrando e vencendo sem a menor dificuldade. O passeio no Bahrein será repetido em grande parte das outras corridas caso a concorrência não acompanhe o ritmo da Red Bull. Com um foguete de carros nas mãos, ninguém para o holandês.

Tal performance é impressionante. Verstappen supera seus adversários sem a menor dificuldade, desempenho típico dos grandes campeões. Pode-se fazer a ressalva do melhor carro ser dele e que a concorrência não tem uma máquina decente. Ok, mas pilotos como Schumacher, Hamilton e Senna também desfrutaram do mesmo privilégio. Piloto bom merece carro bom.

Aqui no Brasil, a regra é espinafrar o holandês. De torcedores a pretensos jornalistas especializados, o público tupiniquim elegeu Verstappen como inimigo da nação, vilão de gibi, suprassumo da sujeira esportiva. É um ódio meio injustificável como qualquer outro do gênero. Odiar um esportista que nunca se viu ou sequer conheceu é um modus operandi bem questionável.

As razões são as mais estapafúrdias possíveis. Dizem que Verstappen é antipático, joga sujo, não tem caráter – acredite se quiser, muita gente afirma isso com ar de propriedade – e é um piloto que não transmite a menor emoção. Sério, essas coisas são utilizadas para desqualificar o holandês.

Verstappen não tem nada de antipático, não joga mais sujo que os outros pilotos, é constantemente elogiado por seus pares e devolveu a emoção de outrora à Fórmula 1. Ainda que fosse um Piquet 2.0 no trato rústico com a imprensa, nada disso seria justificativa para malhar um cara que faz o seu trabalho – nada além disso. É um piloto agressivo, como Senna era. Joga duro com seus adversários e deixa pouca margem para ser ultrapassado, como Senna fazia. O primeiro é odiado, o último é alçado ao status de Deus.

O motivo, único e indizível, tem nome e sobrenome: Lewis Hamilton. O brasileiro odeia Verstappen por causa da rivalidade com o heptacampeão. E desde a fantástica atuação no GP do Brasil de 2021, quando ele passou por um mundo de carros e buscou uma vitória tida como improvável, a coisa degringolou. Hamilton venceu e carregou a bandeira brasileira. Pronto. Foi o bastante para ser adotado e seus rivais solenemente odiados.

Hamilton é uma lenda, um dos maiores gênios do esporte mundial e que tive o prazer de ver. É impossível não admirar a biografia que ele construiu. Isso não me faz odiar Verstappen e nunca fará. Não torço por um em detrimento a outro – minha torcida é pelo Internacional, o resto é negócio. Simples assim.

Schumacher sofreu e sofre o mesmo por Senna. É interessante, pois ambos nunca duelaram por títulos – seria em 1994, mas infelizmente o brasileiro faleceu em Ímola. Quando o alemão quebrou todos os recordes, venceu tudo o que podia e reergueu a Ferrari das cinzas, o público brasileiro tachou a F1 de chata e mal escondia o ódio por ele. Schumacher fez o que Senna não conseguiu. Isso não é demérito algum para o nosso tricampeão, pois ambos estão na prateleira dos maiores. Mas odiar um por causa do outro é inacreditável.

Não sou pago para defender ninguém, tampouco para externar alguma torcida. Isso eu deixo no futebol e quando o Internacional joga. O que me chama atenção é como o brasileiro resolve pegar para Cristo alguns esportistas que não fazem mais do que o próprio trabalho. Um piloto é pago para correr, dar o máximo de si e chegar na melhor posição possível. Era isso que Schumacher fazia – e fazia tão bem. E é isso que Verstappen faz.

Para encerrar, um dado curioso: acusam Verstappen de ter sido desrespeitoso ao Brasil por sua já superada confusão com Felipe Massa. Mas isso foi em 2017. Dois anos depois, naquele fantástico GP do Brasil de 2019, ele venceu e foi ovacionado no pódio pelo público em Interlagos, tendo o seu nome gritado na execução do hino da Áustria. Ali ele não disputava título e era um dos pilotos mais benquistos pelo público. Todos ressaltavam sua agressividade, ah, que piloto arrojado, que piloto veloz. Agora é vaia e xingamento – como foi no GP do Brasil de 2022.

Verstappen provavelmente será tri em 2023 e colocará seu nome no hall dos maiores de todos os tempos. E segue o cortejo dos haters.

Carlos Júnior
Teresina – PI

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