Por que a eletrônica causa tanta polêmica na Fórmula 1? [ 30/03/2003 ]

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 às 20:05

A notícia de que a FIA banirá a eletrônica somente no começo da temporada 2004 da Fórmula 1 caiu como uma bomba sobre nós, expectadores e fãs da categoria. Todos esperavam ver os carros a partir do GP da Inglaterra sem controle de tração e largada. Mas a paciência é uma virtude e teremos que exercitá-la até Melbourne 2004. Ainda assim fica uma pergunta: “Por quê?”.

A FIA diz que as equipe Williams e McLaren consideraram a decisão de banir as ajudas eletrônicas arbitrária, mas devemos acreditar nisso? Max Mosley não tinha dito à imprensa que as declarações “sem noção” de Frank Williams e Ron Dennis, ameaçando até abandonar a categoria, foram de nenhuma conseqüência e que a FIA estava “confiante que a sua posição seria mantida?”

Então porque voltar atrás? Houve pressão de outras equipes? Há problemas de segurança? Ou como acorreu anteriormente, e apesar do oferecimento de recompensa para os dedos-duros de plantão, existe a séria preocupação de que a lei que trata dos auxilio eletrônicos as pilotagens não pode ser efetivamente policiada?

Sir Frank Williams espera que o veneno do paddock (é assim que ele chama as trapaças na F1) não retorne com a saída das ajudas eletrônicas na F1. O chefe da Williams apóia o banimento do controle de tração e de largada, desde que as trapaças não voltem a acontecer.

A Fórmula 1 baniu o controle de tração no final da temporada 1993, mas ele retornou em 2001 no GP da Espanha, porque a FIA admitiu que não conseguia policiar o sistema.

“Eu só espero que eles fiscalizem bem para não se arrependerem depois. Nós da Williams nos referimos ao veneno do paddock relembrando o controle de tração ao longo dos anos. Deus nos livre dele (veneno) voltar!”, disse Sir Frank.

O ex-piloto Gerhard Berger, atualmente chefe da BMW-Motorsports, parceira da Williams é absolutamente a favor do banimento das ajudas.

“Nós queremos ver os pilotos errarem, nós queremos ver os carros saírem de lado nas curvas. Queremos ver o melhor piloto ganhar o campeonato, não o melhor carro. Teremos boas largadas, largadas ruins, ultrapassagens na primeira curva e isso é o que todos queremos ver. Queremos ver dois pilotos mostrando quem tem “mais” braço”, disse o austríaco.

Mas o que os pilotos acham das ajudas?

“Eu gosto das ajudas. Gosto do desafio de pilotar um carro com as ajudas eletrônicas, porque podemos chegar mais perto da perfeição. Além disso, não ter controle de tração tornará as coisas mais perigosas no molhado, especialmente porque as regras permitem um único tipo de pneus para chuva”, disse Michael Schumacher, da Ferrari.

Já se irmão, Ralf, não compartilha do mesmo gosto: “Pilotar sem as ajudas será mais divertido e as largadas serão muito mais excitantes. Eu amo pilotar sem controle de tração”, disse o piloto da Williams.

Seu companheiro de equipe, Juan Pablo Montoya também acredita que as corridas ficarão mais excitantes: “É muito bom saber que as ajudas eletrônicas vão terminar. Quando isso acontecer e você largar mal, não poderá culpar ninguém a não ser você mesmo. Você não poderá mais por a culpa no sistema ou na pessoa que o programou. Além disso, a competição entre pilotos vai aumentar muito e o fator carro será minimizado. Muitas estrelas brilharão”, disse o colombiano.

Outro piloto que deseja ter mais controle sobre o carro é Jarno Trulli: “Os carros de hoje em dia são muito fáceis de pilotar para qualquer piloto. A F1 tem a mais avançada tecnologia do mundo, e quer mostrar isso. Mas muitas vezes vamos longe demais e neste caso temos que dar um passo para trás. É bom para o piloto sentir e pilotar o carro. Sem as ajudas será muito divertido para todos nós, principalmente para os expectadores”, disse o piloto da Renault.

Em sua carta resposta a Williams e Dennis, datada de 24 de fevereiro, Mosley acusou-os de tentarem desestabilizar o esporte. Num tempo em que muitos esperam (ou esperavam) a abolição desta mancha que denigre a história do nosso esporte, certamente esta aparente indecisão da entidade que governa a F1, desestabiliza o esporte.

Ver o esporte hesitar sobre uma decisão tão importante quanto esta, é extremamente preocupante. Nunca pense que o esporte declinará por causa disso, apesar destes caras (FIA) fazerem com que nossos sonhos pareçam ridículos.

Rita Italiano e Luciano Simões Neto

Fontes: BBC, ITV, PlanetF1, Ferrari Media, Williams Media, Racinglines, ESPN, Yahoo e arquivos do Autoracing

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