Piastri precisa mostrar instinto campeão na McLaren para obter o título

Lutando pelo título da F1, o cartão de visita de Oscar Piastri em 2025 tem sido corridas limpas e consistentes. Sem polêmica, sem barulho, apenas um acúmulo sólido de pontos. Essa regularidade colocou o piloto da McLaren na liderança do campeonato, às vésperas da fase decisiva da temporada.

Mas limpeza e organização só levam até certo ponto na disputa por um título de Fórmula 1. Agora, o debate sobre Piastri não envolve apenas ritmo de corrida, mas também a necessidade de ser mais agressivo quando o momento exigir.

Coulthard pede mais ousadia de Piastri

David Coulthard, ex-piloto da McLaren, foi direto ao analisar a situação. Em entrevista ao Code Sports, disse que o australiano pode precisar abandonar a postura de “bom moço” quando os riscos aumentarem.

“Pilotos de corrida são egoístas”, afirmou. “Eles chegaram à Fórmula 1 porque lutaram para estar aqui.”

Dentro da McLaren, a filosofia segue clara: não há piloto número 1. O regulamento interno prevê corridas duras, mas justas, sem ordens de equipe predeterminadas. Essa abordagem tem permitido que Piastri e Lando Norris disputem cada ponto pelo mérito.

Quero ser VIP 

Na visão de Coulthard, porém, chega um ponto em que o instinto individual fala mais alto. “Ambos querem vencer. Vai chegar a hora em que dirão ‘dane-se a equipe, eu quero essa vitória’. Quem tiver a chance, vai tentar”, declarou.

O caso Monza e a questão da obediência

Atualmente, a liderança é de Piastri. Mesmo assim, ele enfrentou fins de semana complicados em Monza e Baku. Ainda está na frente na tabela, mas poderia ter ampliado a margem se tivesse sido mais duro em algumas situações.

O exemplo mais claro foi Monza. Atrás de Norris, Piastri antecipou a troca de pneus para evitar o undercut de Leclerc. Acabou realizando um undercut em Norris, mas devolveu a posição após pedido da McLaren. Essa decisão favoreceu a equipe, mas não ajudou sua luta pelo título.

A diferença entre P2 e P3 pode parecer pequena, mas em um campeonato disputado, onde até Max Verstappen ainda aparece como ameaça, cada detalhe conta.

Hakkinen reforça a importância do instinto

Mika Hakkinen, bicampeão com a McLaren, também falou ao Code Sports sobre a situação. Para ele, chega um momento em que a mentalidade precisa mudar.

“Você precisa ser egoísta, pensar no que é melhor para você. Claro que ele é jovem e ainda sem tanta experiência, mas Piastri vai melhorar. Ele é muito consistente e incrivelmente rápido, isso é uma arma poderosa”, analisou o finlandês.

Nada disso significa que a McLaren deva mudar sua filosofia. O MCL39 mostrou força em diferentes pistas e a relação entre Piastri e Norris é competitiva, mas respeitosa. O reflexo aparece no campeonato de construtores, onde a equipe disputa cada ponto.

Ainda assim, títulos muitas vezes são decididos nos limites entre jogo de equipe e instinto assassino.

Norris, Verstappen e a ameaça externa

Norris, por sua vez, nega estar desperdiçando chances. Segundo ele, a consistência tem mantido sua luta viva. O britânico confia que basta um domingo perfeito para mudar a dinâmica do campeonato.

A ameaça externa é Verstappen. O holandês mantém a Red Bull competitiva e aproveita qualquer hesitação da McLaren. Se Piastri e Norris se controlarem demais, podem abrir espaço para o tricampeão. Esse é o cenário de pesadelo no muro da equipe: perder o título por excesso de cortesia.

A McLaren garante que não pretende mudar sua política interna. Porém, a psicologia do campeonato pode alterar comportamentos individuais. Em algum momento, o instinto prevalece sobre o coletivo.

O que Piastri precisa fazer

O temperamento calmo de Piastri tem sido uma vantagem. No entanto, quando o calendário se aproxima do fim, muitas vezes é a ousadia que decide campeonatos. O australiano pode ter que transformar ultrapassagens limpas em movimentos firmes e decisivos.

Disputas de título não esperam por consenso. Elas premiam quem lê o ambiente e ataca na hora certa. Piastri conquistou o direito de ser esse piloto. Agora, resta saber até onde ele está disposto a ir para garantir o título.