Pelé é eterno

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022 às 18:57

Pelé marca contra Itália na Copa de 1970

Por: Adauto Silva

Hoje vou me dar o direito de não escrever sobre automobilismo, portanto se você não quer saber minha opinião e sentimentos sobre outro assunto, pare de ler por aqui, afinal o Autoracing é um site sobre corridas e é isso que as pessoas esperam daqui.

Sempre fui uma pessoa muito pragmática e a idade só foi acentuando essa característica. Não me emociono com facilidade. Mas dentro do esporte – e eu sou um cidadão que adora esportes – tive alguns ídolos em algumas modalidades esportivas. Poucos, mas tive.

O maior deles – para a surpresa de muitos que continuam lendo esse texto após o primeiro parágrafo – foi Pelé. E hoje ele se foi. Abatido por um câncer aos 82 anos, Edson Arantes do Nascimento se foi. Mas sua obra-prima vai ficar para sempre na história e na memória de todos as amantes do esporte. Pelé, o maior e melhor de todos, o único atleta do século na história da humanidade até este momento, nunca vai morrer.

Pelé In loco

Com a minha idade, eu tive o tremendo privilégio de acompanhar pouco mais da segunda metade da carreira do Rei do Futebol in loco. Meu pai, meu avô materno e um tio eram corintianos fanáticos e me levavam a todos os jogos do Corinthians e da seleção brasileira, quando jogava em São Paulo, desde os meus 6 anos de idade.

Então vi Pelé jogar muitas vezes. E ele judiava do meu time, fazia gols “espíritas” e jogadas espetaculares em todos os momentos. Não tinha jogo ruim do Pelé, ele não passava por fases “mais ou menos”. Era sempre um espetáculo. O Corinthians ficou 10 anos sem vencer Pelé, ooops, o Santos. E em todos esses 10 anos ele sempre foi o protagonista principal da agonia de todos os corintianos.

Mesmo assim eu não conseguia ficar com raiva dele. Chega a soar estranho isso para muitos corintianos, mas não para outros. Ver Pelé jogar era pura magia, era a certeza que você iria se maravilhar com um espetáculo futebolístico sem igual. E isso era sempre, ele nunca decepcionava.

Pelé era teoricamente destro, mas chutava, driblava e passava tão bem com a perna esquerda – melhor que 99% dos canhotos – que todos diziam que ele era ambidestro. Sem firulas, ele era absolutamente incisivo em direção ao gol adversário. E mesmo tendo feito mais de 1.200 gols, não era fominha e provavelmente deu um número de assistências parecidas para seus companheiros de equipe marcarem gols também.

Era obcecado em treinar, o primeiro a chegar e o ultimo a sair. Baixinho, apenas 1.72 metros, treinava cabeçadas com um peso de 5 kg amarrado ao corpo. Fazia treinos de corridas curtas também com esse peso. Vai ver que era por isso que muitas vezes subia para cabecear mais alto que os goleiros adversários num movimento que desafiava a física. Na década de 60, corria 100 metros em menos de 11 segundos, marca que somente os melhores atletas da modalidade conseguiam em Olimpíadas.

Só na porrada

Diferente dos jogadores de hoje, Pelé assumia a responsabilidade pelo time, tanto no Santos quanto na seleção brasileira. Ele pedia a bola, ele resolvia, ia para cima dos adversários que só o paravam na porrada. Por isso apanhou tanto. Mas não se intimidava. Levantava e ia pra cima de novo. Na Copa do Mundo de 1966 os jogadores portugueses fizeram fila para bater nele e bateram tanto, que Pelé depois de levar muita, mas muita porrada mesmo, teve que sair de campo carregado. Mas não foram só os portugueses, todo mundo queria bater em Pelé, pois com ele em campo era difícil para os adversários vencerem.

Pelé foi o único atleta que parou guerras. O Santos ia fazer amistosos às vezes em países que estavam em guerra civil ou contra outro país. Mas a guerra parava quando Pelé chegava no país e só continuava depois que ele tinha ido embora. Isso dá uma dimensão sem paralelos do que era Pelé e o que ele representava. E olha que estamos falando de 50-60 anos atrás.

Ponto fraco?

Pelé não tinha ponto fraco. Como já dito antes, ele chutava, driblava, passava e lançava a bola com uma precisão absoluta. Se colocava em campo como ninguém parecendo que sabia onde a bola ia estar nos próximos segundos. E também sabia marcar, cercar o adversário e roubar-lhe a bola com uma facilidade impressionante. Sua inteligência de jogo, sua visão macro do campo parecendo saber sempre onde estavam todos seus companheiros de equipe e seus adversários faziam dele uma máquina de jogar futebol. Mais que uma máquina, era uma fantasia se tornando realidade em frente aos seus olhos.

Tudo isso era aliado a um preparo físico fenomenal e a uma enorme dificuldade em se lesionar. Pelé era ágil como um leopardo e forte como um leão, o maior “predador” humano que já houve no esporte. E isso por mais de 15 anos.

Com apenas 17 anos de idade, ele já era o melhor jogador do mundo e o maior protagonista da primeira (da segunda e da terceira também) Copa do Mundo vencida pelo Brasil em 1958. Então, não se engane, nenhum outro jogador de futebol chegou a seus pés até hoje.

Obrigado, Pelé

Adauto Silva
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