Os ingredientes nem tão secretos da Aston Martin na Fórmula 1

quinta-feira, 9 de março de 2023 às 13:13

Lance Stroll, Fernando Alonso e Dan Fallows

Depois de uma ‘década perdida’ para Fernando Alonso guiando carros de segundo e até terceiro pelotão, finalmente o espanhol deu sorte de sentar numa Aston Martin que tem tudo para continuar sendo um carro de primeiro pelotão, depois do pódio no GP do Bahrain de 2023 no fim de semana passado.

Alonso ainda é considerado na F1 como um dos melhores pilotos do mundo. Muito rápido, extremamente consistente em corridas, excelente em disputas e com uma experiência sem igual, o espanhol nos últimos anos também ‘agregou’ uma forma de trato melhor com as pessoas, algo que o afastou das equipes de ponta nos últimos 10 anos.

Sua nova equipe, a Aston Martin, tem agora Dan Fallows como diretor técnico, que é um dos ingredientes não tão secretos da nova competitividade da equipe de Lawrence Stroll, um homem que não entra para brincar em qualquer negócio que se envolva.

Dan Fallows é um engenheiro que talvez possa emular o que Adrian Newey conseguiu ao longo de quatro décadas na F1.

Fallows, que era o chefe de departamento de aerodinâmica da Red Bull sob Newey quando dominou de 2010 a 2013, foi contratado como o novo diretor técnico da Aston Martin, trazendo seu know-how técnico acumulado em muitos anos nos Touros.

Até Sergio Perez brincou depois do Bahrain que foi “ótimo ver três Red Bulls no pódio”.

Depois que a era híbrida de 2014 colocou mais importância na UP, com a Mercedes inicialmente bem à frente, o retorno do efeito solo no ano passado viu a importância maior se voltar para a aero dos carros novamente. A contratação de Fallows (que teve que brigar na justiça para sair da Red Bull e ir para a Aston Martin) por Lawrence Stroll em junho de 2021 sem dúvida exigia projeto e salário atraentes, mas ainda assim foi muito astuto e demonstrou o compromisso do bilionário – manifestado no desempenho do carro, imaginado pela primeira vez por Fallows quando disse ao F1.com no ano passado que a equipe daria um “grande passo à frente” em 2023.

“Estamos satisfeitos com nosso objetivo”, disse o chefe de tecnologia da Aston após o teste. “Nosso objetivo era dar um grande passo em relação ao carro do ano passado, então, em termos de desempenho, estamos definitivamente felizes por termos dado um passo nessa direção.”

“Definimos metas agressivas para nós mesmos e acreditamos que as atingimos em grande parte. Saímos dos testes acreditando que temos um carro com o qual poderíamos trabalhar”.

Andrew Green, na equipe baseada em Silverstone desde os dias em que se chamava Jordan, também merece grande crédito pelo excelente trabalho que fez como diretor técnico durante a era Force India/Racing Point, quando a equipe muitas vezes lutava contra ‘pesos pesados’ do grid sem ter certeza se seu salário mensal chegaria. Green também esteve envolvido com o atual AMR23, antes de assumir uma nova função na Aston Martin Performance Technologies à medida que toda a operação cresce.

A equipe cresceu de 400 para 740 pessoas antes da mudança em 1º de maio para sua nova fábrica em Silverstone, o que aumentará dramaticamente seus recursos, com estrutura e equipamentos de última geração.

Palavras como visão, paixão e ambição foram as que circularam na Aston no fim de semana passado, algo que o piloto reserva Felipe Drugovich mencionou ao confirmar que, tendo pilotado ambos os carros, o novo carro é um grande passo à frente em relação ao carro de 2022.

Lawrence Stroll e Fernando Alonso

Quando a Alpine foi lerda o bastante para não oferecer a Alonso o dinheiro/contrato que ele exigia, Lawrence Stroll precisou de apenas nanossegundos para tirar o espanhol da equipe francesa.

Foi a última peça do quebra-cabeça. Ter um piloto como Alonso no cockpit só aumenta as expectativas e concentra as mentes, todos sabendo que se encontrarem algum tipo de ganho, ele o explorará, no que o bicampeão chamou de “um carro gostoso de pilotar”. Isso, no jargão dos pilotos, significa um carro rápido e dócil, ou seja, que aceita os mais variados ‘imputs’ do piloto sem perder desempenho, um carro de fácil adaptação.

“Você sempre espera dar um passo para trás e voltar à realidade”, disse ele após a corrida. “Mas essa performance parece real”, disse Alonso.

“O que a Aston Martin fez durante o inverno para ter o segundo melhor carro na primeira corrida é surreal. ”

Lance Stroll também merece muitos elogios – algo reconhecido por seu pai e Alonso – pelo compromisso de pilotar com pulsos duvidosos e um dedo do pé quebrado, sofrido apenas duas semanas antes num acidente de bicicleta, que os médicos sugeriram que poderia descartá-lo até o GP do  Azerbaijão.

Foi interessante ouvir Drugovich, de sua experiência em testes no Bahrain, falar não apenas da velocidade de Alonso, mas de sua capacidade de entregá-la com pouca degradação dos pneus.

Enquanto os mensageiros do apocalipse já estão cravando uma temporada de completa dominação da Red Bull, como Christian Horner apontou, você pode ser imprudente ao fazer isso baseado em apenas uma pista – Bahrain – que é amplamente considerada como atípica.

Quanto a Fernando Alonso, apesar de ter melhorado muito o trato com as pessoas que o cercam, ele continua sendo um pesadelo para seus adversários, ao mostrar no GP do Bahrain, que sua combatividade, paixão e gana não arrefeceram depois de tantos anos na Fórmula 1.

E a combinação dos ‘ingredientes’ Lawrence Stroll, Dan Fallows e Fernando Alonso pode resultar numa explosão de desempenho de um ano para outro há muito tempo não visto na F1.

AS - www.autoracing.com.br

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