Os 10 mais da Indy em 2006

quarta-feira, 24 de novembro de 2010 às 21:19
Penske em Indianapolis

É bem verdade que a temporada 2006 da Indy Racing League ficará fortemente marcada pela morte de Paul Dana e por uma sensível retração econômica, evidente pelo número de provas disputadas. Se em 2005 a categoria contou com 17 etapas, o último campeonato foi constituído por apenas 14. No entanto, a IRL manteve uma de suas principais características em 2006: o equilíbrio. Quatro pilotos chegaram a Chicago, palco da última prova, com chances de título. No final, a diferença do campeão, o norte-americano Sam Hornish Jr., para o quarto na classificação, o neozelandês Scott Dixon foi de apenas 15 pontos. Além disso, outros nomes chamaram a atenção como Vítor Meira, Tony Kanaan e o “rookie” Marco Andretti.

10o Felipe Giaffone: Literalmente empurrou o equipamento pouco competitivo da equipe A.J. Foyt a resultados significativos em 2006. Mesmo com pouca quilometragem em testes pela escuderia, Giaffone fez bonito no início do campeonato: emplacou o oitavo lugar em Homestead e o nono em Saint Petesburg. Porém, o auge aconteceu em Watkins Glen. Com uma condução extremamente racional, se beneficiou dos abandonos e recebeu a quadriculada em quinto lugar.

Cansado pela falta de competitividade da equipe – que nos anos anteriores foi motivo de piadas com A.J. Foyt IV ao volante, rescindiu contrato com a escuderia após a oitava etapa do ano, em Kansas. O brasileiro pretende regressar ao certame apenas quando voltar a ter bom equipamento em mãos. Como as vagas nas equipes grandes para 2007 já estão preenchidas, Felipe estará novamente relegado aos times de orçamentos mais modestos. Uma pena para um piloto bom de braço e que já levou o Brasil ao topo do pódio na IRL.

9o Michael Andretti: Três anos após pendurar o capacete, Andretti voltou com estilo às pistas. Aos 43 anos, o norte-americano alinhou o quinto carro da equipe Andretti-Green durante as 500 Milhas de Indianápolis – corrida que jamais conquistou durante sua carreira. E em 2006 esteve perto do triunfo. Apenas 13o colocado no grid, o campeão da Champ Car teve uma participação consistente e, arriscando uma estratégia de reabastecimento diferenciada da maioria dos adversários, assumiu a liderança durante a última bandeira amarela. Há poucas voltas da quadriculada, cedeu posição ao filho, Marco, e não resistiu à pressão de Sam Hornish Jr. – vencedor da corrida. Acabou em terceiro lugar.
Embora não tenha conquistado a tão desejada Indy 500, Michael mostrou que, mesmo “quarentão”, continua acelerando melhor que muita gente na Indy.

8o Danica Patrick: Com a equipe Rahal-Letterman longe de seus melhores dias, Danica não brilhou tanto quanto na temporada 2005. Contudo, mesmo sem liderar corridas e brigar por pódios, a morena comandou o time de Bobby Rahal aos melhores resultados nesse ano. Com dois quarto lugares (etapas de Nashville e Milwaukee) e oito “top-10”, a norte-americana terminou o campeonato em nono lugar, com 302 pontos – 68 à frente do companheiro de equipe, Buddy Rice. Além disso, conquistou novamente um bom resultado nas 500 Milhas de Indianápolis. A piloto, que em 2005 terminou a prova em quarto lugar, desta vez faturou a oitava colocação no evento mais importante do automobilismo norte-americano.

Mais que qualquer marca, no entanto, Danica já parte para a temporada 2007 com uma vitória: assinou contrato com a competitiva Andretti-Green, algo que muitos pilotos da IRL almejam há anos.

7o Tony Kanaan: Assim como Danica, o baiano foi o principal nome de sua equipe em 2006 na tabela de classificação. Aos 32 anos, Tony terminou sua temporada de número quatro na Indy Racing League em sexto lugar, imediatamente à frente do companheiro de esquadra Andretti-Green, Marco Andretti. Em 14 largadas, Tony obteve uma vitória (Milwaukee), dois terceiros (Saint Petesburg e Motegi), sete “top-5” e nove “top-10”. Além disso, foi peça fundamental para o amadurecimento profissional de Marco, compactuando sua experiência nas pistas com o jovem companheiro de equipe.

Ao contrário das temporadas passadas, o brasileiro teve um desempenho discreto nos mistos. Além do terceiro lugar em Saint Petesburg, o campeão de 2004 foi apenas 11o colocado nas etapas de Watkins Glen e Infineon. Em 2007, espera voltar a lutar pelo título, mas para isso terá primeiro de ganhar na Andretti-Green contra um estadunidense que é osso duro de roer…

6o Scott Dixon: Senhor dos mistos em 2006, foi “top-5” nas três provas do ano realizadas nesse tipo de circuito. Além da vitória em Watkins Glen, o campeão da IRL em 2003 foi segundo colocado em Saint Petesburg e quarto em Infineon. Faturou 125 dos 159 pontos disputados nos mistos – aproveitamento superior a 77%.

Mesmo sob forte concorrência do novo companheiro de Chip Ganassi, o inglês Dan Wheldon, Dixon não perdeu espaço na escuderia e foi um dos pilotos mais constantes da temporada. O neozelandês conquistou 12 “top-10”, um a mais que o campeão do ano, Sam Hornish Jr. Além disso, recebeu a quadriculada em todas etapas de 2006. Com essas marcas, chegou até a última etapa do ano, em Chicago, com chances de título.

Para 2007, certamente continuará incomodando a concorrência. Resta apenas saber se será novamente ao estilo “mineirinho”.

5o Hélio Castroneves: Veloz nos treinos, inconstante nos momentos decisivos. Essa é a melhor maneira para definir a participação de nosso Helinho Castroneves no último campeonato. Recordista de pole positions no ano (seis em 14 etapas), o piloto teve um início de temporada arrasador. Nas três primeiras corridas de 2006, o paulista acumulou um segundo lugar (Homestead) e duas das quatro vitórias que faturou no ano (Saint Petesburg e Motegi). Anotou 146 dos 159 pontos possíveis, ou seja, em três etapas fez mais de 30% do que conquistaria nas 11 provas seguintes da temporada. No entanto, o bicampeão da Indy 500 perdeu pontos importantes em corridas como a de Infineon, onde, no final da prova, espalhou em uma das curvas do sinuoso traçado e deixou o pódio escapar. Saldo: cinco pontos e um campeonato perdido.

Uma peculiaridade é que Helinho superaria o companheiro de Penske Sam Hornish Jr. na tabela de pontos caso o sistema de pontos da Fórmula 1 vigorasse na IRL. O brazuca teria 72 pontos contra 71 de Hornish.

Com a equipe Penske embalada pelo título de 2006, almejar o caneco em 2007 não é pretensão. Mas para isso precisa pilotar de um modo mais racional que instintivo.

4o Dan Wheldon: Ao trocar a Andretti-Green pela Chip Ganassi, para a disputa do campeonato 2006, Wheldon virou ponto de interrogação para alguns jornalistas e torcedores. Mas caiu do cavalo quem não botava fé em uma rápida adaptação do inglês à escuderia vermelha e branca. Logo na etapa de abertura, o campeão de 2005 mostrou um “eu estou aqui!” ao melhor estilo: venceu em Homestead após duelo espetacular com Hélio Castroneves pela ponta. Durante quase 20 voltas, ambos percorreram o oval de Miami praticamente lado-a-lado, no momento mais excitante da temporada.

O inglês foi o piloto com maior número de voltas na liderança: 761. No entanto, acabou prejudicado em diversas ocasiões por pequenos problemas. Em Indianápolis, liderou 148 das 200 voltas. Chegou a abrir mais de 20 segundos para o vice-líder. No entanto, o carro perdeu rendimento no último quarto de corrida e uma bandeira amarela desmoronou de vez sua estratégia de reabastecimento. Teve de se contentar com o quarto lugar.

Contudo, o fator preponderante para que o britânico amargasse o vice-campeonato (com os mesmos 415 pontos do campeão, Sam Hornish Jr.) foi o discreto desempenho nos mistos. O piloto, que havia conquistado resultados fantásticos nesse tipo de circuito em 2005, não recebeu a quadriculada em Saint Pete e Watkins Glen. Em Infineon, foi apenas sexto colocado. Somou apenas 60 pontos contra 62 de Hornish, piloto reconhecidamente pouco habilidoso em circuitos com curvas à esquerda e à direita…

Para quem quer uma aposta segura para o título de 2007, Wheldon é nome bastante forte.

3o Sam Hornish Jr: O título não poderia ficar em melhores mãos. Hornish mostrou-se um piloto consistente e agressivo na dose certa durante toda temporada e faturou o terceiro caneco na carreira.

Apesar de um início de temporada não tão avassalador quanto o companheiro de Penske Hélio Castroneves, Sam engrenou justamente a partir das 500 Milhas de Indianápolis, quarta etapa do ano. Além da pole, venceu com uma ultrapassagem sensacional sobre Marco Andretti na última curva antes da quadriculada. Embalado, ainda conseguiu mais três triunfos em ovais, nas etapas de Richmond, Kansas e Kentucky, um segundo lugar, em Milwaukee. Na etapa final, em Chicago, garantiu o tri com mais um pódio (terceiro posto).

Recordista em prêmios no ano, com quase US$ 3,9 milhões, Hornish teve também como triunfo a participação nos mistos. Tudo bem. É verdade que o rendimento não foi nem sombra do obtido por pilotos como Scott Dixon ou Vítor Meira. Mas o estadunidense buscou sempre se manter na pista, ficar longe de confusões e receber a quadriculada. Oitavo colocado em St. Pete, nono em Watkins Glen e 12o em Sears Point, Hornish garantiu pontos fundamentais para faturar o título da categoria top mais equilibrada do automobilismo mundial.

2o Marco Andretti: Ousado e rápido, um dos melhores estreantes da IRL nos últimos anos. Com a excelente estrutura da equipe Andretti-Green, desfilou uma virtude pouco presente nos pilotos norte-americanos: a versatilidade. Assim como o avô, Mario, e o pai, Michael, mostra excelente desempenho tanto em ovais com em mistos.

Logo no primeiro ano na categoria, Marco faturou uma vitória, em Sears Point. Além disso, o primeiro lugar bateu na trave em outras duas ocasiões. Nas 500 Milhas de Indianápolis, esteve a 600 metros do triunfo. Foi ultrapassado por Hornish Jr. na última curva antes da quadriculada. Na etapa seguinte, realizada no misto de Watkins Glen, liderava com folga até ser abalroado pelo retardatário Eddie Cheever Jr. Indignado nos boxes da Andretti-Green, o “paitrão” de Mario, Michael Andretti, definiu Cheever como “Stupid” – palavra inglesa cuja tradição ao português é indispensável…

Obviamente, Marco mostrou nervosismo e cometeu erros em algumas etapas do ano. Contudo, terminou 11 das 14 provas do campeonato. Foram sete corridas entre os dez primeiros e quatro entre os cinco melhores. Além disso, acumulou 73 voltas na primeira colocação nessas etapas.

Marquinho é nome para chegar à Fórmula 1. Ainda bastante jovem, tem muito tempo para trabalhar a competência ao volante. Mais do que isso, é um Andretti – sobrenome que soa docemente para Bernie Ecclestone e Max Mosley quando o assunto é a “popularização” da categoria da FIA na terra do Tio Sam.

1o Vítor Meira: Levou uma desacreditada e quase falida equipe Panther a resultados fantásticos na temporada 2006. Embora tenha passado o ano sem a tão desejada primeira vitória na categoria, Vítor guiou com constância do começo ao fim do campeonato e faturou seis pódios nas 14 etapas. Foram três segundos e três terceiros lugares.

Mais a prova do bom trabalho do brasileiro não pára por aí. Nas 12 corridas em que recebeu a bandeirada, Meira esteve entre os dez primeiros colocados – marca igual a obtida por Wheldon e Dixon. Em sete etapas, o campeão sul-americano de Fórmula-3 terminou entre os cinco melhores. Diante de tamanha constância, não é de se estranhar que empurrou o Dallara-Honda da Panther até a penúltima etapa do ano, em Infineon, com chances matemáticas de título.

Aliás, Meira também não deixou a desejar nos mistos. Além do terceiro lugar em Infineon, foi segundo em Watkins Glen e quinto em Saint Petesburg. Obteve 105 dos 411 pontos (mais de 25%) do ano nos mistos.

Com carro um pouco mais competitivo e investimentos maiores do que o de 2007 na Panther, Vítor pode surpreender. A receita para essa tarefa nosso brazuca já exibiu ao longo do campeonato 2006.

Texto: Rafael Boskonowich

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