O teste de Ayrton Senna na Penske em 1992 25/09/03)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 às 20:42

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Senna no cockpit do Penske

Depois de falhar ao não conseguir defender seu título mundial em 1992, conquista obtida em 1991, Ayrton Senna ficou desiludido com a F1. Sua McLaren era inferior e, portanto ele pouco pôde fazer para impedir Nigel Mansell de conquistar o título daquele ano em sua tecnicamente soberba Williams. Senna ainda conseguiu vencer em Mônaco, na Hungria e Itália, mas sua McLaren não era páreo para a mágica FW14.

Depois de terminar o campeonato em quarto lugar, sua pior posição desde 1987, Senna decidiu rever suas opções para 1993. Ele poderia ficar na McLaren, mas com a Honda saindo uma reviravolta na performance de seu carro era improvável. Na Williams era onde Senna queria estar, mas isso só seria possível se ele e Prost não se odiassem mutuamente. Senna chegou a se oferecer para correr de graça para a Williams, mas a oferta foi recusada.

Senna em ação

Finalmente Senna decidiu assinar um contrato por corrida com a McLaren em 93, mas não antes de explorar suas opções fora do mundo da Formula 1.

Ayrton estava insatisfeito com a ênfase tecnológica da F1. Falando para a revista norte-americana “Road and Track” em 1993, ele disse: “Em 1992 a Williams estava num outro mundo em relação ao resto. Não importa o que você fizesse e sempre ficaria 1 ou 2 segundos atrás deles. Isso é loucura, uma estupidez.”

Então logo após o término da temporada de 1992 Senna voltou suas atenções para o mundo da CART, na época chamada de Indycar. Outros campeões mundiais de F1 como Nelson Piquet, Alan Jones, Jim Clark, Graham Hill, Jack Brabham e Emerson Fittipaldi também estiveram em algum momento na CART, cada um deles com um nível de sucesso diferente. E naquele momento Senna estava determinado a experimentar a CART antes de decidir o que faria na temporada seguinte.

Mais um momento de A. Senna

Com a ajuda do velho amigo Emerson Fittipaldi, Senna conseguiu um teste com a vitoriosa equipe Penske no circuito de Firebird, em dezembro de 1992. Como a McLaren e a Penske tinham a Marlboro como patrocinador principal, não houve problemas na realização do teste.

Dois gênios juntos

Senna então pôde completar 25 voltas a bordo do Penske. Na décima passagem Senna já começou a virar tempos competitivos em comparação aos astros da CART.

Ayrton ficou impressionando com a dinâmica do carro Penske/Chevrolet. As ajudas eletrônicas (driver aids) que entorpeciam os carros de Formula 1 não estavam lá…

“O carro fica mais na mão do piloto, o que é ótimo. É assim que eu acho que deve ser, porque o público não percebe se você está cinco segundos mais rápido ou mais lento. O mais importante é que a competição assim é decidida pelos pilotos, não pelos carros. Acho que é nisso que a Formula 1 está errando, especialmente na ultima temporada”, disse Ayrton.

Senna testando o carro

“Tudo pareceu novo para mim. Tive que me acostumar a passar marcha novamente, a usar o pedal da embreagem, ao motor turbo e aos freios, que são completamente diferentes dos de carbono utilizados na F1,” prosseguiu.

“O Penske me lembrou dos velhos tempos da F1, onde o lado humano era o fator mais importante. Hoje os F1 são tão sofisticados que o computador faz grande parte do trabalho de guiar o carro por você. Se você tiver um bom computador, então você está em boas mãos, mas se seu computador não for dos melhores, você está com sérios problemas, entende? O que eu vi num Indycar é que o fator humano tem um tremendo valor, e isso me deixou muito excitado.”

Obviamente Senna ficou muito satisfeito em guiar um Penske, mas para 1993 ele estava de novo na McLaren, sob um contrato de corrida por corrida. Mas quão perto ele esteve de cruzar o Atlântico e ficar na CART?

Muitos acreditam que a CART nunca foi uma opção séria para Ayrton Senna em 1993 e acreditam que foi apenas uma manobra de pressão dele para forçar a FIA a rever sua posição sobre as ajudas eletrônicas. Com Nigel Mansell indo para a CART depois da temporada de 1992 e com o descomprometimento de Alain Prost para 1993, a Formula 1 corria o risco de perder seus três grandes astros de uma só vez. Se Ayrton decidisse se mudar para a CART por conta da falta de ajudas eletrônicas nos carros, a F1 sofreria um golpe duríssimo.

Mas se essa foi a grande razão para Ayrton ter realizado o teste na Penske, então certamente funcionou, pois para 1994 todas as ajudas eletrônicas foram banidas da Formula 1.

Outro momento do teste

Ironicamente Senna acabou sendo a maior vítima da retirada das ajudas eletrônicas. Depois de oito anos sem acidentes fatais, desde que De Angelis morreu num acidente durante testes em Paul Ricard, o ano de 1994 provou ser um dos mais terríveis dos últimos tempos. Muitos acreditam que o banimento imediato de todas as ajudas eletrônicas contribuiu para o novo nível de perigo.

Letho, Lamy, Alesi, Barrichello, Wendlinger e Montermini foram seriamente feridos em acidentes. Mas pior que tudo isso, dois pilotos faleceram. Rolando Ratzenberger perdeu sua vida no treino de classificação para o GP de San Marino. Na corrida foi Senna quem perdeu a vida em circunstâncias até hoje não bem explicadas. Foi o final de semana mais negro da história da Formula 1.

Reportagem original: Ayrton Senna in Indycar – Penske Test
Por: Scott Russel
Tradução: Adauto Silva

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