O Popstar das pistas

segunda-feira, 8 de agosto de 2016 às 12:28
Lewis Hamilton vestido de árabe no Bahrain

Lewis Hamilton vestido de árabe no Bahrain

Colaboração: Victor Manoel de Oliveira Nunes

Lewis Carl Davidson Hamilton é o tipo de piloto que você ou ama ou odeia; não existe para o britânico, meio termo. É inegável o sentimento intenso e oposto arraigado no âmago de cada um de nós.

Egocêntrico ou excêntrico, incontestável são os números da sua até então vitoriosa carreira. Três títulos mundiais; 49 vitórias, 96 podiums, 55 pole positions e 30 voltas mais rápidas. Por consequência, em 03 vitórias, ultrapassa Prost e 14 poles, supera Schumacher.

Único piloto na F1 a vencer quatro corridas no mesmo mês/ano (Áustria, Inglaterra, Hungria e Alemanha – julho/2016). Em 50 etapas da era híbrida, conquistou 27 vitórias. Estatísticas para ninguém distorcer.

Em quase dez temporadas completas, a figura do baby Hamilton e garoto blindado mimado foi exterminado. Atualmente, o notamos mais leve, livre, autêntico e menos robotizado. Se reclamamos que o mundo da Fórmula 1 anda bastante empacado; o de Lewis, o que não falta é movimento e personalidade.

O estilo de vida nada low profile, curtindo a vida supostamente adoidada, junto às estrelas Hollywoodianas e astros do pop rock internacional, despertaram críticas incisivas, de modo que a cada pequeno erro ou má largada, era creditado a sua falta de comprometimento com as apreciáveis flechas de prata? Ou será que as duas taças consecutivas (terceira por vir) foram obras do acaso?

É compreensível, porém incoerente hoje, no hipócrita mundo do politicamente correto, ainda mais na presença maciça das mídias sociais, alguém ser tachado de irresponsável ou incompetente por ter uma vida social agitada. Ora, ao conquistar seis vitórias nas últimas sete corridas, não recordo questionarem o seu repertório extra pista.

Fizesse real diferença, Rosberg, “o exemplar, agregador, pacato, estudioso e limpo”; estaria indo para o terceiro campeonato seguido e não precisaria do auxílio do rádio no Grand Prix de Silverstone. Mas não era o Hamilton que deveria ir ao simulador, estudar mais as configurações do volante? Se Fernando Alonso, tido por muitos como o piloto mais completo e técnico, acha o carro complexo, comparável à nave espacial… Por que Lewis deveria compreender tudo?

É notório o quão foi difícil a infância do 44. Houve diversas privações e atitudes preconceituosas sofridas durante essa época. Apenas ele, pôde sentir as diferenças, angústias e solidão. Portanto, acusa-lo pelos motivos elencados anteriormente, não é o melhor caminho. Seria injusto e leviano da nossa parte. Talvez, o “estilo 21 James Hunt de ser”, seja uma expressão de liberdade que não teve quando jovem.

Antes de acreditarem que sou fanático por Hamilton; sou torcedor do “El Nano”. Isso mesmo; todavia, o tempo é o senhor da razão, e devemos reverenciar a quem realmente faz jus.

Isto posto, não esqueçamos; Da adolescência ao início da vida adulta, HAM possuiu como tutor, Ron Dennis; embora bem sucedido e altamente qualificado, sabemos o quão controlador era. E conviver durante vários anos, talvez não fosse simples. E dentre inúmeros motivos, incluindo esse, em Cingapura 2012, praticamente aceitou a proposta da Mercedes AMG.

Novamente, decisão criticada pela mídia especializada e por torcedores. Coincidência ou não, em 04 (quatro) anos, presenciamos o amadurecimento e novo Hamilton. Era nítido o quão estava sufocado, perdido no reino de Woking. Em 2011, o que dizer? Apesar das 03 vitórias, suas apresentações permaneciam um tanto quanto inconsistentes; não é Felipe Massa? Mister Bean? Até a cientologia ele apelou. De fato, tinha perdido o foco.

Contratar a empresa do Simon Fuller, empresário do ramo do entretenimento, contudo sem experiência no automobilismo e somado ao relacionamento conturbado junto ao “papa Hamilton” (Anthony), que antes agenciava a sua carreira e ficava com pelo menos 50% (cinquenta por cento) de suas receitas; o levou, sem devida orientação e enorme desespero, a conversar com Horner pedindo vaga na Red Bull para temporada 2012.

Ao afirmar que o inglês de habilidade peculiar, é verdadeiro astro e ajuda incessantemente na promoção do campeonato mundial; Bernie Ecclestone evidencia: ser apenas piloto para a Fórmula 1 é insuficiente; apesar de esporte, também é negócio.

Por esta razão, difícil alguém não conhecer a Fórmula 1 e associá-la a Lewis. A imagem da categoria e Mercedes AMG F1 Team já é ultra positiva; com o 44, torna-se espetacular. Ou alguém nunca possuiu curiosidade em saber quem é Roscoe, Coco, Black Jaguar-White Tiger no instagram? Até mesmo aqueles que tinham aversão a corrida, chegaram a acompanhar F1 pela amizade e namoro do britânico com Rihanna e Nicole Scherzinger respectivamente.

Hamilton é ícone raro nos tempos modernos. Defeitos? Todos nós possuímos. Para alguns, às vezes o seu comportamento pode ir longe; denotando um ser desequilibrado. Entretanto convenhamos, para Lewis, pouco importa opinião alheia destrutiva. O seu universo e comportamento é estilo de vida. Gostem ou não, os resultados estão aí. Aproveitemos o momento e curtamos esse controverso, mas admirável popstar da F1.

Victor Manoel de Oliveira Nunes
Natal – RN

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