O grid da Fórmula 1 terá um campeão mundial a menos na temporada 2022

sábado, 4 de setembro de 2021 às 19:28

Kimi Raikkonen

Colaboração: Marcos José Mendes Cavalcante

Aos 41 anos, o finlandês Kimi Raikkonen anunciou que sairá das pistas após 19 campeonatos, “o homem de gelo” que venceu a categoria em 2007, anunciou em suas redes sociais que a temporada 2021 será a sua última. Raikkonen estreou na Fórmula 1, correndo pela Sauber. No ano seguinte, assinou com a McLaren. Ele chegou ao seu auge em 2007, pela Ferrari, quando conseguiu o único título da carreira, obtendo nove vitórias.

Kimi tem o recorde de maior número de largadas na F1, com 342 GPs disputados. Ele ainda soma 21 vitórias, 18 pole-positions, 103 pódios e 46 voltas mais rápidas. No entanto, o de tempo entre a primeira e a última prova, ainda é de Michael Schumacher, com 21 anos e 3 meses entre sua estreia no GP da Bélgica de 1991 e sua despedida a segunda e definitiva) no Brasil, em 2012.

Em 2009 o finlandês se “despediu” da F1 – ele foi se aventurar nos ralis, porém, retornou três anos depois, quando assinou com a Lotus. Depois, teve um breve retorno para a Ferrari, antes de assinar com a Sauber novamente (atualmente Alfa Romeo).

Raikkonen, é um dos pilotos mais queridos pelos fãs nas últimas décadas, surpreende muita gente com seu estilo de apego à fama e tudo que cerca a F1 fora do cockpit. Uma das mais curiosas é sobre a chegada de Raikkonen à F1. O finlandês criou uma grande polêmica na categoria, gerando comentários e opiniões de todos os lados, antes mesmo de sua estreia. A contratação de Raikkonen em 2001 foi marcada por protestos e muita vigilância ao piloto.

Ainda com 20 anos de idade, Raikkonen fazia seu primeiro ano completo nos carros de monoposto, competindo com destaque na F-Renault Britânica. O excelente desempenho mostrado pelo finlandês fez com que seus empresários, David e Steve Robertson, entrassem em contato com Peter Sauber, justificando que tinham um diamante bruto nas mãos. De forma resumida, eles diziam que, se a equipe Sauber não fosse apressada e garantisse o finlandês logo, uma outra equipe decisivamente o faria.

Assim sendo, a Sauber decidiu conceder ao jovem Raikkonen uma sessão de testes, o que aconteceria em setembro, no circuito italiano de Mugello. Kimi atuou por três dias: no primeiro, usou a ocasião para se adaptar à F1, sobretudo pela força G imposta ao seu pescoço e o câmbio borboleta, que era uma novidade para ele; no segundo dia, sob os olhares atentos de Sauber, ele virou um tempo melhor do que havia feito naquela semana o titular do time Pedro Paulo Diniz, deixando a Sauber impressionada. A Sauber se preparava para mudanças para 2001. Seus dois pilotos estavam se retirando equipe: Mika Salo se juntaria ao projeto da Toyota, que faria um ano só de testes em 2001, enquanto Diniz iria para a Prost, para ocupar uma posição de executivo.

O teste em Mugello colocou uma pulga atrás da orelha de Sauber. Peter Sauber foi convencido e resolveu que Raikkonen deveria ficar com o cockpit, porém, havia um obstáculo no caminho: a questão da superlicença. Naquela época, a emissão do documento não tinha um critério tão bem estabelecido como acontece hoje, a F1 não costumava dar a superlicença para pilotos que pularam F3000, Indy ou F3.

Naquela altura, Raikkonen já havia se sagrado campeão da F-Renault Britânica, o finlandês tentaria chegar à F1 tendo somente 23 corridas de monopostos no currículo. Ralf Schumacher, da Williams, dizia que um piloto jamais deveria ser autorizado a saltar da F-Renault direto para a F1. Na época tricampeão Michael Schumacher, que realizava testes em Mugello, apostou que o finlandês era um campeão em potencial, mesmo que ele cometesse erros como todos cometem. Peter Sauber estava seguro de que Kimi era o piloto certo para a vaga, pela maturidade e velocidade que ele apresentou sendo tão jovem e inexperiente.

A decisão final seria tomada no dia 7 de dezembro, em reunião especial da FIA, que incluía membros das equipes, representantes da FIA e alguns dos grandes patrocinadores da categoria. A decisão teve placar de 24 a 1 em favor de ceder a superlicença ao jovem piloto. O único que votou contra foi Max Mosley, presidente da FIA. Ele argumentava que a presença de Kimi poderia causar riscos à segurança dos concorrentes.

Raikkonen estaria autorizado a competir, porém, receberia apenas uma superlicença provisória, que seria revista a cada três meses, caso ele provocasse algum acidente grave, teria o documento cassado e deixaria a F1. No dia 4 de março de 2001, Raikkonen chegou à abertura do campeonato em Melbourne, sob os olhos atentos de todo o mundo. A inexperiência de Kimi se destacava, sobretudo num circuito tão complicado como o de Melbourne. Na classificação, ele obteve o 13º lugar, três posições atrás do companheiro de equipe, Heidfeld. Na prova, Raikkonen conseguiu escalar o pelotão em circunstâncias difíceis para receber a bandeirada em sétimo, sendo que apenas os seis primeiros pontuavam na época. A história não termina por aí…

A Sauber fez um protesto à direção de prova contra Olivier Panis, o quarto colocado, que ultrapassou Heidfeld sob bandeiras amarelas logo no início da corrida. O francês da BAR sofreu uma punição de 25s, fazendo com que Raikkonen fosse promovido para o sexto lugar, o finlandês pontuava logo em sua corrida de estreia. O resultado lhe deu uma satisfação especial, sobretudo por todos os questionamentos feitos por Max Mosley. Contudo, a situação não mudou e o piloto continuou com a superlicença provisória por algum tempo.

Raikkonen continuou trilhando e obtendo bons resultados, conquistou dois quartos lugares, na Áustria e no Canadá, um quinto em Silverstone. Isso colocou o piloto na mira das principais equipes da F1, Kimi chegou a ser especulado na Ferrari. Em setembro de 2001, um ano após seu primeiro teste com a Sauber em Mugello, ele foi anunciado pela McLaren, substituindo o compatriota Mika Hakkinen, campeão pela equipe nas temporadas de 1998 e 99. Seria o começo de sua vida como piloto de ponta na F1, o que marcou uma das ascensões mais rápidas que a categoria já viu.

Marcos José Mendes Cavalcante
Marabá – PA

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