O futuro dos novatos

sexta-feira, 12 de agosto de 2016 às 19:13
Carlos Sainz - Toto Rosso 2016

Carlos Sainz – Toro Rosso 2016

Colaboração: Leonardo Sá

Com a Fórmula 1 de férias, traço um exercício de futurologia para tentar desvendar o destino dos pilotos para a próxima temporada. Hoje, começaremos com os pilotos jovens: Estreantes, de pouca idade que estão e não estão na F1, além da análise do desempenho deles até aqui nessa primeira parte do ano.

Considerando que Max Verstappen já está com o futuro garantido na Red Bull pelos próximos dois ou três anos, vamos seguir a lista com quem está com o futuro indefinido:

VALTTERI BOTTAS: Com 26 anos e rumo à quarta temporada completa na F1 (sem contar 2012, quando andou bastante com o carro de Bruno Senna nos Treinos Livres), o finlandês já esteve com melhor fama no paddock. Para muitos, era a bola da vez para ir à Ferrari substituir Raikkonen no ano passado. Prestes a derrotar seu companheiro de equipe pela terceira vez, está “invicto” na carreira nesse quesito (também derrotou Maldonado em sua estreia, na temporada de 2013). Sua queda de desempenho é fruto da decadência da Williams, que piorou nos últimos anos ao não conseguir melhorar a aerodinâmica do carro, sendo refém do ótimo motor Mercedes. O futuro do bom (mas nada espetacular) piloto finlandês é a provável renovação com a escuderia de Woking e formar parceria com o eterno Jenson Button. Por outro lado, surge a especulação de que teria recebido uma proposta da Renault para o ano que vem. Sendo uma equipe de fábrica, o melhor para Bottas seria rumar para a equipe francesa, se essa proposta de fato existir, pois eles possuem mais recursos e, portanto, condições de se desenvolver em relação à equipe do simpático Frank e sua filha chefe Claire Williams.

SÉRGIO PÉREZ: O mexicano de 26 anos já esteve com a batata muito assada no paddock após a mal sucedida passagem na McLaren, em 2013 (não por culpa dele). Ainda assim, recebeu um voto de confiança e rumou para a Force India no ano seguinte. Enquanto muitos achavam que seria trucidado por Hulkenberg, Checo provou do que é capaz, voltando aos velhos tempos de Sauber, quando chamou a atenção de todos. Embora tenha sido derrotado na primeira temporada, a sua evolução é nítida. Com quatro pódios em três anos, Pérez conseguiu levar a Force India a feitos incríveis. Parece estar no seu melhor momento na carreira, depois dos terceiros lugares em Mônaco e Baku, onde chegou a fazer o segundo tempo na classificação, mas largou em sétimo por causa de uma troca de câmbio. Suas atuações foram muito elogiadas e foi o “bola da vez” de 2016 para ir à Ferrari. A nova renovação de Kimi frustrou os planos de Checo, ex-membro da academia de pilotos da Ferrari. Apesar de Vijay Mallya confirmar a manutenção do mexicano para o ano que vem, Pérez diz que seu futuro é incerto. Williams e Renault estão de olho no seu talento. Como escrevi para Bottas, a oportunidade de crescer em uma equipe de fábrica é tentadora. Aliás, essa seria uma dupla muito interessante para os franceses: Dois pilotos regulares, em busca da primeira vitória na carreira e com bastante tempo de carreira para tentar levar a Renault ao topo no longo-prazo.

CARLOS SAINZ JR: Talvez com o futuro mais “tranquilo” em relação aos jovens listados nesse texto. Depois de ser batido por Max Verstappen no ano passado na Toro Rosso, conseguiu melhorar seu desempenho nessa temporada. É verdade que o bólido evoluiu e o espanhol sofreu (e ainda sofre) com problemas técnicos provenientes do antigo motor Renault e do defasado da Ferrari do ano passado. Com a saída de Max, passou a ter seu trabalho mais percebido pelo paddock, ainda mais quando passou a bater de forma constante o apático Kvyat. Tal desempenho chegou a chamar a atenção de Ferrari e Renault, e os taurinos trataram de renovar contrato com o espanhol, que deve seguir na equipe filial por, no mínimo, mais dois anos. É um bom piloto, mas dependerá de acontecimentos externos para que, um dia, possa ascender a equipe-mãe Red Bull.

DANIIL KVYAT: Ao contrário de seu companheiro de equipe, seu futuro é negro na categoria. Talvez nem termine a temporada. Com dois pódios na Red Bull em duas temporadas, foi do céu (2° lugar na China) ao inferno (quando bateu duas vezes em Vettel e foi rebaixado por Helmut Marko). O russo admitiu que perdeu o prazer de pilotar depois desse episódio, e seus resultados (ou a falta de) comprovam. A sombra de Pierre Gasly está lhe atormentando no presente e no futuro. Kvyat está deprimido e depressivo (redundância desnecessária mas achei de bom tom reafirmar). Se não sair do fundo do poço, seu futuro na F1 estará acabado aos 22 anos de idade e se juntará ao “Hall de Chutados da Red Bull” junto com Buemi, Klien, Bourdais, Alguersuari (esse inclusive já se aposentou, com 24) e Vergne. Reage, Kvyat!

KEVIN MAGNUSSEN: Também com futuro incerto. Diante de uma Lotus 2015 travestida de Renault, marcou apenas seis pontos. Apesar de sofrer com as limitações do carro, muita gente pensa que o dinamarquês é capaz de fazer mais. Mesmo jovem, teoricamente é o “líder” da equipe nesse ano. Com experiência na McLaren, anda errando demais, principalmente nos qualyfings (batido em algumas ocasiões por Palmer) e nas corridas (acidentes que causam punições). Com um carro ruim, será difícil fazer mais do que está fazendo, mas ainda é pouco para a grandiosidade que a Renault deseja nesse retorno à F1. Lembrando que ele substituiu Maldonado de última hora. Sendo realista, dificilmente o dinamarquês permanecerá na F1. No máximo, talvez como um segundo piloto, mas não como protagonista de uma equipe grande e com grande capacidade de investimento.

PASCAL WEHRLEIN: Piloto reserva da Mercedes, possivelmente é o ficha 1 no caso de Hamilton ou Rosberg deixarem a equipe. Entretanto, isso não acontecerá nos próximos anos, a princípio. O que resta para o jovem alemão é buscar uma equipe intermediária (Leia-se Sauber, Force India ou Haas) para continuar se desenvolvendo e mostrar mais o seu potencial que, convenhamos, é difícil de mostrar na Manor. Apesar disso, já impressionou em alguns treinos e conseguiu um heróico décimo lugar na Áustria, garantindo um pontinho para a equipe no ano. Sem dúvida, Pascal é melhor que o carro que tem em mãos. Entretanto, em alguns casos é mais lento que Haryanto, nos treinos. Ainda não foi possível descobrir todo o seu talento potencial, mas uma coisa é certa: Pascal merece um carro melhor para o ano que vem.

ESTEBÁN GUTIÉRREZ: Como piloto, não deveria estar na F1. Não tem qualidade. Entretanto, também é bancado pelo dinheiro de Carlos Slim e agora é piloto reserva da Ferrari. Até o momento, está zerado com a Haas. Ou seja: Grosjean somou todos os pontos da estreante escuderia estadunidense (belo pleonasmo, ou outra figura de linguagem; não lembro, perdão). Guti Guti está aparecendo bastante nos noticiários. Reclamou do dedo médio mostrado por Hamilton na Hungria e não gostou de saber que é o retardatário que mais demora (e, portanto, atrapalha) no grid. Questões nada positivas, até porque Gutiérrez mostra muitas dificuldades nos treinos e largadas. Quando consegue ser mais veloz que Grosjean, sai zerado. Vai ser muito feio se não marcar pontos até o fim do ano. Até Wehrlein já conseguiu. Só irá permanecer na F1 com o apoio de Carlos Slim, o que não é improvável, muito pelo contrário.

JOLYON PALMER: Campeão da GP2 em 2014, o britânico filho de Jonathan Palmer (piloto dos anos 1980) ao menos mostrou credencial para estar na F1. Entretanto, o desafio é difícil: Estrear na F1 depois de um ano apenas treinando às sextas, quando possível, e numa equipe em evidente reestruturação e ainda sem competitividade. Provavelmente não irá desfrutar do bólido francês ano que vem. Palmer vem se mostrando errático e lento. Todavia, achei que seria superado com mais facilidade por Magnussen. Não é o caso. Apesar dos 6-0, Palmer chega a ser ligeiramente superior ao dinamarquês nos treinos, mas o carro e sua performance ainda o impedem de pontuar. Diante da exigência de contratar pilotos “jovens, carismáticos e líderes”, Palmer está com um pé e meio fora da F1, a não ser que consiga uma vaga na Manor, Sauber, Haas, etc.

MARCUS ERICSSON: Uma empresa braço direito da compatriota Tetra Pak (aquela, dos plásticos) o está garantido na Sauber em 2017. Não o acho grande piloto, mas é verdade que está sendo mais regular e foi superior a Nasr até certa altura da primeira metade da temporada. Sim, também é verdade que estava utilizando o chassi mais atualizado do C35, o que explica muita coisa. Quando os carros ficaram iguais, Nasr voltou a se destacar. Entretanto, Ericsson melhorou em relação ao ano passado. Está sendo um adversário mais complicado, não à toa supera o brasileiro na classificação, nos critérios de desempate. Razoável para baixo. Possivelmente irá permanecer na Sauber por alguns anos.

FELIPE NASR: Grande ponto de interrogação. Sauber, Renault, Williams ou Haas? Infinitas possibilidades ventiladas, nada confirmado. A impressão é que, antes da compra da Sauber, era questão de tempo a falência dos suíços e a consequente saída da escuderia. Agora, ficou tudo em aberto. É evidente que Nasr precisa buscar voos maiores, para mostrar mais sua habilidade e brigar por posições melhores. Nas últimas provas, conseguiu apostar em estratégias interessantes, mas problemas no carro o impediram de seguir adiante. Nasr é um bom talento. Mantém um ritmo constante de corrida, não degrada muito os pneus e ataca na hora certa. Precisa melhorar o ritmo nos qualyfings, onde vem perdendo com frequência para Ericsson. Com a Sauber levemente reestruturada financeiramente, a esperança fica nas atualizações aerodinâmicas para a parte final da temporada, para buscar pontos e atrair o interesse das equipes com cockpit indefinido. Resumindo: Nasr tem boas chances de permanecer na F1 (não sabemos em qual equipe), assim como também não é pequena a possibilidade de ficar sem vaga para o ano que vem.

RIO HARYANTO: Já tinha escrito sobre o indonésio quando saiu a notícia de que Esteban Ocon tomou o seu lugar na titularidade da Manor, em virtude da falta de pagamento de seus investidores a equipe estipulada em contrato. Com isso, Haryanto tornou-se piloto reserva da equipe inglesa. Ele mostrou-se razoável na GP2. Venceu algumas provas, chegou em outras no pódio, mas nada demais, na média.  Entretanto, achei estranho que muitos veículos e comentaristas o chamavam de “barbeiro”, batedor, essas coisas. Imaginei um Yuji Ide ou um piloto asiático arrojado qualquer. Preconceito? Enfim, Haryanto cumpriu seu papel na Manor, mas sua saída não fará falta nenhuma para a F1.

E então, quais seriam suas apostas na dança das cadeiras da F1 para 2017? Concorda, discorda das análises? Deixe sua opinião!

Muito obrigado!

Leonardo Sá
Porto Alegre – RS

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