O adeus ao homem que mais entende de Fórmula 1 no mundo

segunda-feira, 28 de novembro de 2022 às 19:26

Ross Brawn

Ross Brawn, considerado por muitos no paddock como o homem que mais entende de todos os aspectos de Fórmula 1 no mundo, vai mesmo deixar a categoria. Após uma carreira absolutamente vencedora de 46 anos no automobilismo, o homem nascido em novembro de 1954 em Manchester, Inglaterra, decidiu parar, descartando também um possível retorno à Ferrari. Como ele escalou de engenheiro para uma das pessoas mais poderosas e bem-sucedidas carreiras da F1?

Brawn começou sua carreira no automobilismo em 1976, quando ingressou na March Engineering aos 22 anos. Não muito tempo depois, ingressou na equipe de Fórmula 3 como mecânico. Em 1978, ele foi recrutado por Sir Frank Williams para a recém-formada equipe Williams de F1, onde as funções de Brawn incluíam trabalhar como especialista em aerodinâmica no túnel de vento.

Em 1985, o britânico mudou-se para a equipe Haas Lola, mas quando a equipe deixou o esporte no final de 1986, ele foi para a Arrows. Lá, ele trabalhou no desenho dos Arrows A10, A10B e A11 para as temporadas de 1987, 1988 e 1989, respectivamente. No final de 1989, mudou-se para a Jaguar Sportscar, onde foi o desenhista-chefe do Jaguar XJR-14, vencedor do campeonato.

Schumacher e Brawn – Benetton

Sucessos com a Benetton

Dois anos depois, em 1991, Brawn voltou à F1. Ele ingressou na Benetton como diretor técnico e venceu o campeonato mundial de pilotos com Michael Schumacher em 1994 e 1995. Em 1995, a Benetton também se tornou campeã de construtores. Brawn desempenhou um papel fundamental na conquista dos campeonatos e foi responsável por algumas decisões estratégicas decisivas.

Ross Brawn na Ferrari

Equipe dos sonhos na Ferrari

No final da temporada de F1 de 1996, Schumacher “mandou” a Ferrari contratar Brawn, depois que o alemão estava nos Vermelhos há um ano. Lá, ele novamente desempenhou um papel fundamental nos muitos sucessos que se seguiriam para a equipe. A Ferrari tornou-se cada vez mais competitiva e, em 2000, a equipe com Michael Schumacher venceu o campeonato de pilotos pela primeira vez desde Jody Scheckter em 1979.

Brawn foi uma parte fundamental do que foi rotulado como a ‘equipe dos sonhos’ da Ferrari, junto com Schumacher, o chefe da equipe Jean Todt e o desenhista-chefe Rory Byrne. No entanto, a combinação de sucesso se desfez depois que Schumacher e Brawn saíram da equipe após a temporada de 2006.

brawn-gp-2009

Brawn GP – Difusor duplo em 2009

Equipe própria, a Brawn GP

Após um ano de ausência do esporte, Brawn voltou à F1 no final de 2007, desta vez para trabalhar como chefe de equipe na Honda. Um ano depois, porém, a Honda anunciou que iria sair da Fórmula 1. Brawn assumiu a equipe com uma participação majoritária, a renomeou como Brawn GP e equipou seu carro – que foi projetado para o motor Honda – com motores Mercedes em 2009.

Ele avisou a Honda para não sair porque eles teriam um carro vencedor com difusor duplo, mas os japoneses foram inflexíveis.

Ele então atraiu vários patrocinadores importantes e teve um início sem precedentes na temporada de F1 de 2009. Na primeira corrida do ano, o GP da Austrália, Jenson Button se classificou na pole position com o companheiro de equipe Rubens Barrichello ao lado dele na primeira fila do grid. Button venceu seis das sete primeiras corridas, abrindo uma vantagem tão grande sobre seu principal rival, Sebastian Vettel, que não conseguiu mais ser ultrapassado. A Brawn GP conquistou o título mundial tanto de pilotos quanto de construtores, mas ficou nisso.

Ross Brawn

Mercedes

Após a temporada de sucesso de 2009, a Brawn GP chegou ao fim adquirida pela Mercedes-Benz. Brawn, que saiu do negócio muito bem financeiramente como acionista majoritário, decidiu permanecer como chefe da equipe. Este provou ser um dos principais motivos para Schumacher fazer seu retorno à F1 em 2010. No entanto, alguns anos magros se seguiram para a Mercedes e Schumacher saiu no final de 2012 para pendurar definitivamente seu capacete.

A Mercedes se saiu consideravelmente melhor em 2013, mas Brawn deixou a equipe no final da temporada após alegadas divergências sobre seu papel. Depois disso, o britânico permaneceu ausente do esporte em 2016, com exceção de seu papel na investigação do acidente de Jules Bianchi no GP do Japão.

Ross Brawn e Lewis Hamilton

Livro e retorno à F1

No final de 2016, Brawn lançou um livro intitulado Total Competition, sobre estratégia na F1. Ao mesmo tempo, ele anunciou sua intenção de retornar à classe rainha do automobilismo, embora em um papel estratégico.

No início de 2017, após a aquisição da Fórmula 1 pela Liberty Media, foi anunciado que Brawn foi nomeado diretor de automobilismo e diretor técnico do Grupo de Fórmula 1. Ele permaneceu nessa função por seis anos até anunciar sua saída final da F1 hoje, em 28 de novembro de 2022. Isso marca o fim da carreira altamente impressionante de 46 anos de Brawn, na qual ele trabalhou de engenheiro a um dos homens mais poderosos e bem sucedidos da história da Fórmula 1.

Conversas com Ross Brawn

Adauto Silva com Ross Brawn

Adauto Silva, editor-chefe do Autoracing, teve o privilégio de conversar com Ross Brawn quatro vezes, a primeira quando ele estava na Ferrari e a última em 2019 quando Brawn já era diretor de automobilismo da Liberty.

Mas foi no final de 2009 que a conversa com Brawn inadvertidamente durou quase 1 hora e deixou o editor-chefe do Autoracing totalmente abismado com cada palavra pronunciada por Brawn sobre técnica dos carros, dos pilotos, administração de uma equipe, regulamento e estratégias da Fórmula 1: “Aprendi mais com aquela conversa do que em 20 anos lendo e acompanhando tudo sobre F1,” disse Adauto na época quando chegou na redação do site.

AS - www.autoracing.com.br

Tags
, , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.