Notas sobre o bi de Verstappen

sexta-feira, 14 de outubro de 2022 às 15:44

Max Verstappen

Colaboração: Carlos Júnior

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O Japão coroou mais um gênio da Fórmula 1. Max Verstappen conquistou seu segundo título mundial ao vencer no tradicional circuito de Suzuka, local que viu gente como Michael Schumacher, Alain Prost e Ayrton Senna repetir a façanha. A terra do sol nascente consagra os maiores da história, e o holandês da Red Bull caminha solenemente para estar entre eles.

A corrida em si foi um show de horrores da FIA em vários aspectos. Uma largada debaixo de muita chuva, um trator na pista enquanto carros andavam na pista e a definição da pontuação completamente bizarra. É impressionante a capacidade da organização máxima do automobilismo mundial em sabotar o espetáculo da categoria mais popular do planeta. Ganha holofotes quando deveria passar totalmente despercebida.

Depois de toda a confusão da largada, míseros quarenta minutos de prova. E enquanto teve corrida, Verstappen mostrou o porquê de ser um piloto fora de série. Com a pista molhada e condições adversas, colocou uma vantagem de 26 segundos para Charles Leclerc. O monegasco, aliás, cortou a chicane no final da última volta e tomou uma punição justa de 5s. O veredicto veio após o encerramento da corrida e confirmou o título de Verstappen.

Uma conquista totalmente merecida. Verstappen venceu 12 corridas, subiu 14 vezes ao pódio e cravou 6 poles positions – tudo isso em 18 corridas. A temporada de 2022 está recheada de grandes atuações que exemplificam o seu talento absurdo. Na Arábia Saudita, largou em quarto e cozinhou a corrida para ultrapassar Leclerc na hora certa e vencer. No Canadá, segurou Carlos Sainz de pneus mais novos durantes muitas voltas com o espanhol podendo ativar o DRS. Na Hungria e na Bélgica, escalou o pelotão para chegar em primeiro com muita vantagem. Um desempenho espetacular em variadas circunstâncias.

Menções honrosas ao trabalho da Red Bull também precisam ser feitas. Se o começo do campeonato foi absolutamente terrível com um abandono duplo no Bahrain e o DNF de Verstappen na Austrália, a equipe taurina praticamente não sofreu com problemas na confiabilidade no decorrer da temporada. Além disso, entregou um carro que já nasceu bom. O RB18 tem uma velocidade final de reta muito boa e consegue andar bem em todas as pistas – até mesmo nas mais travadas. E quando se entrega um carro bom nas mãos de um piloto extraordinário como Max, o resultado só poderia ser o que vimos.

Como não poderia ser diferente, Verstappen e Red Bull têm os seus torcedores mais apaixonados – e os seus haters não menos fanáticos. O último grupo desqualifica o holandês de qualquer maneira, em uma das tentativas de demonização de um piloto mais abjetas que já vi. Retratam ele como o capeta na terra – e no grid. São coisas cansativas. O automobilismo está acima, e como jornalista, eu procuro estar acima dessas coisas. Vale o que vejo na pista, e nela Verstappen dá show.

Com a Red Bull não é diferente. Um dia desses, li um artigo de um jornalista tachando a equipe austríaca de ‘’retrógrada’’ e ‘’arcaica’’. Fãs de outras equipes reverberam certas fantasias como a do assoalho ilegal, na tentativa de justificar o sucesso dos taurinos como resultado da mais pura trapaça. Agora é a tal quebra do teto orçamentário. Pululam conclusões sobre algo que nem a FIA bateu o martelo. No fim, é pura antipatia com Verstappen e Red Bull.

Aos haters, resta inventar desculpas. Boa parte dos fãs brasileiros odeia Verstappen – não por acaso eu o comparei com Michael Schumacher nesse quesito. Pois bem, ele provavelmente irá bater o recorde de mais vitórias na mesma temporada em Interlagos, passará o número de vitórias de Ayrton Senna em 2023 – se a RBR não errar a mão no carro, é óbvio – e terá totais condições de ser tri ou tetracampeão com o regulamento atual. Como já disse, ele será o novo Schumacher, pois o pachequismo pega para Cristo qualquer piloto que não seja tupiniquim ou não balance a bandeira verde e amarela.

O mais engraçado dos fãs brasileiros que odeiam Verstappen é que eles simplesmente não percebem a similaridade incrível da guiada do holandês com a de Ayrton Senna. Ambos agressivos, freando mais para dentro das curvas e cedendo o mínimo de espaço possível aos adversários. Um é amado pelos tupiniquins, o outro, vaiado solenemente como foi em Interlagos.

Falei bastante dos amargurados, é verdade. Verstappen angariou a antipatia de muitos e é constantemente desqualificado como piloto. Quem ama e conhece o automobilismo sabe que ele é um talento absurdo, vencedor nato e conquistará mais que dois títulos mundiais. Nesses tempos é necessário reafirmar que a grama é verde – trabalho inglório, mas necessário.

Carlos Júnior
Teresina – PI

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