Motores da Indy – Fiasco anunciado e briga de ex-parceiros

sexta-feira, 25 de maio de 2012 às 4:20
Jean Alesi em Indianapolis - Lotus 2012
Jean Alesi em Indianapolis – Lotus 2012

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Fiasco da Indy este ano são esses tais motores Lotus. Sem potência, sem confiabilidade e o que seria uma competição entre três fabricantes virou uma disputa entre donos que equipes e até a administração da categoria em busca de uma solução pra quem tem a grana pra fazer o campeonato e foi atraído para uma arapuca técnica.

Representante da marca, embaixador para os carros esportivos Lotus o francês Jean Alesi que estreia nas 500 Milhas afirmou que se sente inseguro no carro. Inseguro por causa da falta de velocidade. Enquanto o Lotus dele ficou na última colocação do grid com pouco mais de 210 milhas por hora de média para as quatro voltas, o pole fez mais de 226 milhas! Mesmo levando em conta a falta de experiência de Alesi em Indianápolis, ou de sua equipe, dezesseis milhas em quatro voltas é muita coisa! Nem precisar fazer a matemática pra reparar que a insegurança a qual Alesi se refere tem a ver com o incontável número de voltas que ele vai tomar de pelo menos outros trinta carros durante a corrida. E num oval com traçado ideal, com carros que geram tanta pressão aerodinâmica, Alesi vai ter um final de semana indigesto, olhando mais nos retrovisores que na pista á sua frente.

Mas vai ter mesmo? A obrigação do diretor de prova e dos comissários é cuidar não apenas da parte desportiva da corrida mas também de sua segurança. Vários foram os pilotos que já receberam bandeira preta nas primeiras trinta voltas da corrida em Indianápolis. Tempo suficiente para que sua falta de velocidade fosse evidente para a direção da prova perceber que eles poderiam causar problemas. Assistindo a prova repare que alguns carros vão logo para os pits e ali ficam por algum tempo como se a equipe estivesse avaliando algo errado. Na verdade esperam da direção de prova uma aprovação pra voltar a ação. Geralmente em vão. Você deve lembrar-se de pilotos sem experiência ou em equipes pequenas nessa situação. Milka Duno, lembra?

A saída da Lotus da categoria é caso encerrado, já que faltava grana para investir no desenvolvimento do motor e agora faltam equipes pra comprar e pagar pelo produto. Portanto, fim de linha. A culpa, se é que podemos apontar o dedo para alguém, é da própria Indycar. Afinal esse projeto está em andamento há mais de um ano e eles deveriam ter acompanhado de perto não apenas a parte técnica, como fizeram, mas avaliando as condições para que os contratos com as equipes fossem cumpridos.

As equipes pagam pelos motores e já tiveram de investir um bocado no novo carro e não é segredo pra ninguém que a crise que nasceu em 2008 ainda atrapalha os negócios no automobilismo europeu e americano.  A filosofia da livre iniciativa americana dá conta de que longe dos reguladores o mercado, quem vende e compra é que tem de negociar e policiar seus negócios. O problema é que a Indycar deveria ser sim uma reguladora mais zelosa pelas equipes que são investidores da categoria. Se era pra ser assim por falha da Lotus, a Indycar já deveria ter reparado isso e entrado no cenário pra impedir o vexame que em última instância é da Lotus, sim, mas da categoria também. A Indy poderia evitar o desgaste.
 
E os outros motores? Ilmor contra a Honda
Enquanto a Lotus é o fiasco a Chevrolet é o destaque positivo. . Chevrolet, Penske e Ilmor. Dos dez primeiros apenas um motor não tem a gravatinha dourada. Na verdade o cérebro por trás dos motores que fazem sucesso vem mesmo da Ilmor, a fábrica que produz motores de alta performance desde karts até Barcos, passado por motos,  Nascar. A Ilmor criada em 1981 foi a responsável até agora por mover a Indy. Na verdade desde os primeiros motores turbo da categoria, na época chamada de CART, a Ilmor desenvolveu os motores turbo já com a GM e depois criou aquele canhão que correu e venceu as 500 Milhas de Indianápolis com a marca Mercedes em 1992. Como parceira da Honda até o ano passado fez todos os motores da categoria de 2006 até o ano passado. Sete anos de trabalho e seis anos com os 33 motores nas 500 Milhas sem apresentar uma falha sequer. Em termos de confiabilidade, nota dez.
 
Quando a categoria começou a discutir o novo motor a Ilmor sentou-se a mesa com a mente aberta, mas já aceitando o trabalho nos turbos. Roger Penske, um dos sócios da Ilmor, entrou no cenário trazendo a marca Chevrolet pra bancar os já comprovados engenheiros da Ilmor. Para a marca americana a oportunidade de mostrar alta tecnologia num cenário de estagnação econômica era mesmo uma grande oportunidade de marketing. Mesmo que participem do projeto com seu depto técnico, é mais para aprender que para fazer.

Já a Honda voltou a trabalhar sozinha em seus motores, algo que não fazia desde 2002 e isso, claro, está colocando a fábrica japonesa e sua sucursal na Califórnia, diante de um desafio que motiva todos, mas que ainda vai levar um tempo pra ser vencido.

Lembram-se todos dos anos de CART e da estreia desastrosa da Honda em 1994 nas 500 Milhas quando, do mesmo jeito que hoje a Lotus é rejeitada, a Honda foi trocada pelo seu piloto Bobby Rahal. A Honda voltou da experiência mais forte e no ano seguinte conseguiu sua primeira vitória na CART com André Ribeiro no pequeno oval de New Hampshire.  Dali vieram os títulos de pilotos e fabricantes de 1996, fabricantes de 98, 99 e 2001 e de pilotos de 97 a 2001. A história de sucesso da Honda faz com que todos por lá se motivem a trabalhar por um motor vencedor na concepção particular de turbo simples que escolheram para essa disputa. Não foram muito rápidos nos treinos mas desde o jovem Joseph Newgarden até tri campeão Dario Franchitti, todos confiam em melhor resultado na corrida.

Com a Lotus fora a boa briga é Ilmor contra seus ex-parceiros da Honda. Você aposta em quem?

Celso Miranda

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AS – www.autoracing.com.br

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