Motor alternativo na F1?

segunda-feira, 23 de novembro de 2015 às 18:26
Unidade de Potência Cosworth

Unidade de Potência Cosworth

Por: Adauto Silva

Essa história toda que a FIA e o Bernie vão implementar um “motor alternativo” ou “cliente” diferente do motor atual simplesmente não existe.

Isso é apenas pressão para que as fabricantes atuais abaixem o valor estratosférico que estão cobrando, ou seja, de USD 25 a USD 30 milhões. É o efeito da tal “Guerra” que me referi num texto em outubro

Mas por que digo que essa história não existe? Porque a Formula 1 não vai correr com dois motores de especificação totalmente diferentes. O novo motor seria um V6 ou menor de 2.5 litros, com um ou dois turbocompressores produzindo mais de 870 hp e não contaria com potência híbrida.

São incontáveis os problemas para se ter dois tipos de motores tão diferentes. O primeiro deles é a potência propriamente dita. Os híbridos Mercedes e Ferrari já são mais potentes que isso e serão ainda mais – bem mais – em 2017, quando estarão chegando próximo dos 1.000 hp.

O segundo é o peso do carro. Um motor sem potência híbrida precisaria largar com cerca de 150 kg de combustível para terminar a corrida, ou seja, 50 kg a mais que os híbridos. Aí você soma a maior potência dos híbridos com o menor peso dos carros e vê na mesma hora que quem for de “motor alternativo” vai tomar volta antes da metade das corridas.

Então você pensa: É só voltar o reabastecimento para quem for de motor independente. Então eu penso: Dois regulamentos diferentes na Formula 1?

Sem chance, além de que não resolveria o problema.

Sabe por que a Cosworth já disse que não entra nessa? Porque ela sabe que não vai acontecer.

E tem também o problema dos patrocinadores. Gostemos ou não, a onda no mundo é “verde”. O planeta está aquecendo, reuniões e conferências mundiais estão sendo feitas quase todos os meses para impedir que a emissão de gases aumente. É óbvio que uma corrida de F1 não tem a menor relevância no aquecimento do planeta, mas voltar atrás agora seria um retrocesso absurdo e perigoso para a categoria de maior tecnologia do mundo e que atrai patrocinadores completamente interessados no assunto.

Hoje, nenhuma empresa de ramo algum pode se dar ao luxo de dizer que não se importa com o aquecimento global. Fazer isso – principalmente na Europa – é assinar uma espécie de atestado de óbito.

Não vai acontecer. Poderia acontecer se alguma empresa independente de dispusesse a fazer um motor igual ao que a F1 está usando, mas nenhuma vai querer, uma vez que trata-se de um motor muito complexo e atualmente muito caro.

Mas o que precisa acontecer são três coisas: A primeira é abaixar o valor do fornecimento dos atuais motores para cerca da metade do custo atual. A segunda é obrigar que as fabricantes forneçam a mesmíssima especificação que elas estejam usando para suas clientes, como foi em 2014.

E a terceira é aumentar o nível do ronco dos motores. E muito. Neste GP do Brasil fiquei chocado com a diferença. Na pista é muito pior que na TV. Não parece um ronco de F1. Na verdade nem lembra um ronco de um F1.

Como fazer tudo isso? Se eu soubesse, provavelmente daria um jeito de falar com o Bernie e ficaria milionário dando essa consultoria a ele.

É lógico que eu não sei. A verdade é que a F1 se meteu num tremendo rolo e agora vai ter que dar um jeito de resolver isso de maneira inteligente.

Amanhã o pessoal do “Grupo de Estratégia” vai se reunir em Paris para deliberar sobre o motor alternativo e outras questões, inclusive a excelente ideia de voltar com o efeito-solo, completo ou em parte.

Espero sinceramente que a ideia do efeito-solo vingue, pois resolveria quase todos os problemas de mais emoção nas corridas de F1, como detalhado nessa matéria que publicamos em julho deste ano!

Adauto Silva

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