MotoGP – “12 + 1”

quinta-feira, 3 de agosto de 2017 às 14:10
Ángel Nieto - Derbi 50 cc

Ángel Nieto – Derbi 50 cc

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

O primeiro mundial promovido pela Federação Internacional de Motociclismo aconteceu em 1949 e, desde então, sempre houve algum piloto que se sobressaiu entre os demais. Os números oficiais da MotoGP indicam que Giacomo Agostini, que esteve em atividade entre 1964 e 1977, é o maior vencedor de todos os tempos com cento e vinte e duas vitórias e quinze títulos mundiais, oito na categoria 500cc e sete na 350cc. O contemporâneo Valentino Rossi, italiano cujo nome é sinônimo de motovelocidade, está em atividade desde 1996, acumulou cento e quinze vitórias e conquistou um título a menos, sete, na principal categoria. O terceiro piloto com resultados mais significativos é o espanhol Ángel Nieto, que se especializou em equipamentos com baixa cilindrada, desenvolveu sua carreira entre 1964 e 1986 e contabiliza treze títulos mundiais, sete na 125cc e seis na 50cc.

Ángel Nieto nasceu em Zamora em 1947 e imigrou para Madrid com dez anos de idade. Natural de uma família humilde, arranjou um emprego em um banco para contribuir com o orçamento doméstico. Mudou posteriormente para Barcelona onde conseguiu uma ocupação na fábrica Derbi. Comprou uma moto de segunda mão e desenvolveu a paixão pelo motociclismo, iniciando sua carreira esportiva utilizando o artifício de falsificar a idade para poder disputar provas.

A direção da Derbi facilitou a compra de sua primeira 50cc e, sem experiência e com uma pequena equipe de apoio, conseguiu suas primeiras vitórias em GPs oficiais no mundial de 1968. Foi o início de uma trajetória espetacular demonstrando uma grande habilidade para competir com equipamentos de baixa cilindrada, que terminou com a conquista de seis mundiais na categoria 50cc (1969, 1970, 1972, 1975 a 1977) e sete na125cc (1971, 1972, 1979, 1981 a 1984). Ao longo de sua carreira conseguiu vencer 90 GPs e esteve no pódio mais de 500 vezes. Foi também vice-campeão mundial em quatro oportunidades, venceu vinte e três campeonatos espanhóis em diversas categorias (50cc, 80cc, 125cc e 250cc), além de cinco vezes vice-campeão espanhol.

Seus resultados espetaculares aliados a seu arrojo e perícia nas pistas o credenciam como uma verdadeira lenda do motociclismo esportivo, dividindo espaço com Agostini, Rossi e Mike Hailwood. Barry Sheene, o britânico que fez história na motovelocidade, o considerava um dos melhores pilotos do mundo. Embora seus triunfos tenham sido associados com a marca espanhola Derbi, durante a sua carreira também utilizou equipamentos Morbidelli, Kreidier, Bultaco, Minarelli e Garelli. Nieto retirou-se das competições em 1986 com 39 anos de idade, alegando que já não sentia mais o mesmo prazer em pilotar e que, quando aconteceu, passou a perder um segundo por volta. Três anos mais tarde inaugurou em Madrid o Museu Ángel Nieto, onde são expostas as motos que utilizou em seus títulos, troféus, fotografias e vídeos.

O ídolo espanhol tem características próprias, extremamente supersticioso seus autógrafos sempre incluem o complemento “12 + 1” enaltecendo seus treze títulos mundiais. Nieto compareceu no GP da França em 2008 com um macacão especial parabenizando Valentino Rossi por igualar suas 90 vitórias, juntos ambos deram uma volta na pista com uma bandeira “90 + 90”. Em 2015 o polêmico incidente de Sepang entre Valentino Rossi e Marc Márquez, que resultou em uma penalização para o italiano, derivou para uma autêntica guerra entre pilotos, Ángel Nieto como comentarista de MotoGP da rede de TV espanhola Telecinco, embora provocado, preferiu não emitir opinião. O espanhol foi muito criticado por sua postura teoricamente neutra, entretanto há uma explicação plausível, a VR46 de Valentino Rossi administra a gestão do merchandising da empresa “Ángel Nieto 12+1”.

O ano de 2017 tem apresentado algumas surpresas nada agradáveis para a comunidade da motovelocidade. Em maio o norte americano ex-campeão da MotoGP (2006) e piloto da equipe oficial da Honda no mundial de SuperBike, Nicky Hayden, foi atropelado enquanto treinava de bicicleta e faleceu. Em julho, Sérgio dos Santos sofreu um acidente fatal durante uma prova do circuito SuperBike Brasil em Interlagos, perdeu o controle da moto, saiu da pista e bateu contra a mureta de proteção. Embora tenha sido levado ao hospital ainda consciente, não resistiu aos ferimentos. Também em julho Ángel Nieto, sofreu um acidente sério enquanto andava de quadriciclo em Ibiza, o espanhol de 70 anos foi acertado na traseira por um carro e acabou sendo lançado de seu veículo. Como resultado o ex-piloto foi internado e está em uma clínica em coma induzido.

Carlos Alberto Goldani
Poeto Alegre – RS

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