MotoGP – Substitutos

sábado, 31 de dezembro de 2016 às 14:53
MotoGP

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Colaboração: Carlos Alberto Goldani

Todo o alto escalão da Honda esteve presente na última prova da MotoGP em Valência, para assistir “in loco” o final da temporada de 2016. O mundial de pilotos já estava definido desde a prova de Motegi, entretanto os campeonatos de construtores e de equipes ainda permaneciam em aberto. A Honda liderava o de construtores, onde apenas a moto melhor classificada conta pontos, com uma vantagem tranquila de vinte e um pontos (349 a 328), e tinha esperanças no campeonato por equipes (pontuam as duas motos da equipe) onde estava com uma desvantagem de dez pontos (444 a 434).

A presença da direção da fábrica nipônica em Valência atendia dois objetivos, prestigiar o último evento da MotoGP sob a direção de Shuhei Nakamoto (que se aposenta) e lembrar aos condutores que a temporada ainda não havia acabado. O mundial de pilotos, que tem grande apelo na mídia, é considerado uma vitória pessoal, tanto assim é que as estatísticas individuais não discriminam os veículos utilizados, as 114 vitórias de Valentino Rossi em todas as classes no mundial de motos são distribuídas entre Aprilia (26), Honda (33) e Yamaha (55).

O marketing das fábricas e dos patrocinadores explora os resultados dos seus respectivos campeonatos. O regulamento do mundial de fabricantes contempla as todas motos em disputa na pista e, neste caso, a ousadia de Márquez na Austrália, que decidiu experimentar os limites da RC213V e acabou caindo quando mantinha uma liderança folgada, foi compensada pela vitória obtida por Cal Crutchlow (LCR). Para a equipe Repsol Honda o resultado de Phillip Island foi desastroso, não contabilizou um único ponto (o substituto de Dani Pedrosa, Nicky Hayden, foi o 17°) enquanto na mesma prova a Movistar Yamaha somou 30 pontos. A história quase se repetiu na Malásia com nova queda de Márquez, que recuperou a moto e ainda conseguiu a 11a colocação, enquanto Hiroshi Aoyama não pontuou. Em Sepang a Movistar Yamaha conseguiu mais 36 pontos e a Repsol Honda apenas 5.

Esta sequência de maus resultados conjuntos acendeu um sinal de alerta para a direção da Repsol Honda, que pretende dispor de um Plano B para a temporada de 2017. A equipe entende a importância e o talento de Hiroshi Aoyama como intérprete do comportamento e orientador de soluções para a RC213V, e aceita suas limitações para ser piloto em uma prova. Livio Suppo, gestor da HRC, gostaria de ter sempre Nicky Hayden disponível quando um dos pilotos principais estiver impossibilitado, porém algumas datas de provas são conflitantes com o calendário da WorldSBK, que é prioridade para o piloto. Ter na reserva um talento com capacidade de substituir uma estrela é um problema complicado, bons pilotos preferem competir sempre.

A desventura da Repsol Honda funcionou como um alerta para todas as outras equipes de ponta, a Movistar Yamaha não utilizou nenhum substituto em 2016, mas já teve problemas em anos anteriores. O manager da equipe, Lin Jarvis, reconhece que é heresia pensar em um substituto que possa competir em um nível semelhante ao dos pilotos da equipe oficial. A Movistar Yamaha tem 12 profissionais com contratos de trabalho assinado para 2017, e pode utilizar o recurso de um de uma equipe satélite se houver acordo prévio. Não há como planejar estrategicamente um cenário futuro onde seja possível ter um piloto super-rápido sem competir regularmente. O acordo de cessão de equipamentos para a satélite Tech3 inclui a opção de requisitar, se necessário, um de seus pilotos, porém a equipe tem inscritos provisoriamente os novatos (na principal categoria) Johann Zarco e Jonas Folger. A Ducati, fábrica com o maior número de motos inscritas para 2017, tem mais opções de escolha, mas nenhuma delas com condições mínimas para substituir eventualmente Lorenzo ou Dovizioso.

Os resultados obtidos por pilotos substitutos em 2016 foram preocupantes, Michele Pirro, que atuou em sete oportunidades, nas equipes Ducati, Avintia e Pramac, sempre com motos da fábrica italiana, conseguiu como melhores resultados um sétimo e um oitavo lugares, Hiroshi Aoyama comandou uma Repsol Honda em duas oportunidades e conseguiu apenas um décimo quinto lugar, o mesmo resultado obtido por Nicky Hayden conduzindo a RC213V uma vez para a equipe oficial e outra para a satélite Marc VDS. Os outros que atuaram como substitutos, Hector Barberá na Ducati, Mike Jones e Javier Fores na Avintia e Alex Lowes na Tech3 estiveram sempre entre os últimos classificados.

Motovelocidade é um esporte de risco, acidentes acontecem. A MotoGP é um campeonato que mobiliza fortunas, a escalada de custos está ascendente, as tarifas de hospedagem de GPs envolvem altas cifras e o crescimento salarial dos principais pilotos é uma realidade. Os números divulgados do contrato que a Ducati assinou com Jorge Lorenzo são astronômicos, as negociações de Marc Márquez com a Repsol Honda duraram uma eternidade mesmo depois de fecharem todas as opções do piloto em outra equipe de ponta, muito provavelmente por questões financeiras, quando assinado nenhuma das partes vazou qualquer número. Substituir uma destas estrelas é um desafio formidável.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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