MotoGP – Loosers

segunda-feira, 2 de maio de 2016 às 19:22
Daniel Pedrosa

Daniel Pedrosa

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

Entre 18 e 60 anos, sexo não é importante, saúde perfeita, peso menor que 90 Kg e altura não superior a 1,90m são condições que habilitam uma experiência fantástica, uma volta nos circuitos da MotoGP a bordo de uma Ducati Desmosedici de dois lugares, pilotada por Randy Mamola. É uma experiência aterrorizante, a velocidade máxima beira aos 300 km/h e as inclinações nas curvas excedem aos 55 graus. A sensação é uma amostra para leigos, sem a responsabilidade de controlar o equipamento, do turbilhão de sensações que um piloto sente durante uma prova.

Randy Mamola é um comentarista esportivo norte-americano, que se destacou na década de 80 pilotando nas principais categorias do mundial de motociclismo para as equipes Yamaha, Suzuki, Honda e Cagiva. Foi um dos mais carismáticos pilotos da sua geração, eleito como favorito pelo público por seu estilo agressivo e sua interação com os fãs dentro e fora da pista, em uma época onde ser acessível à mídia não era uma obrigação imposta pelo regulamento das competições.

Mamola conviveu nas pistas com Kenny Roberts, Freddie Spencer, Eddie Lawson e Wayne Gardner, venceu 13 Grandes Prêmios, frequentou o pódio em 54 oportunidades e foi vice-campeão nos anos de 1980, 1981, 1984 e 1987. Fez parte de uma elite de pilotos que levaram milhares de espectadores (a cobertura de TV não era tão ampla) aos circuitos, alguns talentosos, outros arrojados e, neste grupo, Randy foi certamente o mais original de todos com atitudes na pista e comemorações criativas.

Randy Mamola é constantemente lembrado por seus trabalhos de filantropia fora das competições e seus insucessos nos campeonatos promovidos pela FIM. Durante as últimas quatro décadas foi considerado o maior dos perdedores do motociclismo esportivo, um piloto brilhante que nunca conseguiu transformar suas performances na pista em títulos mundiais. A concorrência, no entanto, está acirrada. A versão atualizada de Mamola, embora sem o brilho e o carisma do original, pilota há dez anos a Repsol Honda #26.

Um dos folclores mais difundidos na MotoGP é que Dani Pedrosa somente dedicou-se com exclusividade para a motovelocidade depois de ter a inscrição recusada pela Força Aérea Espanhola por razões médicas, um exame detalhado diagnosticou um grave problema nos olhos, estavam muito próximos do chão. O espanhol de 30 anos, que desde as categorias de acesso pilota para a equipe Repsol Honda, tem uma história de adaptação, superação e força de vontade por causa da sua constituição física diminuta e por uma pré-disposição para acidentes. Pelas medidas oficiais da MotoGP, Dani Pedrosa tem 1,58m de altura e pesa 51kg.

Quando foi promovido para a MotoGP, depois de uma carreira vitoriosa nas categorias 125cc e 250cc, houve quem argumentasse ser necessário um peso mínimo do conjunto moto/condutor para limitar vantagens (?) de pilotos de pequena estatura. Os protótipos da MotoGP são máquinas de mais de 150 kg e muito potentes, o pouco peso do piloto pode contribuir marginalmente em retas, mas é uma desvantagem sensível em curvas. Para obter preciosos milissegundos nas curvas os pilotos necessitam de carga nos pneus para gerar calor, deformar a carcaça e expandir a área de contato. Pedrosa pesa muito menos do que seus rivais e não pode carregar o pneu traseiro como eles, por isso, tem menos aderência nas saídas de curvas. Dani também tem menor envergadura, é menos eficiente quando se move para transferir carga para frente, para trás ou de um lado para outro. Ele também não tem o efeito de alavanca em seus membros para trabalhar a direção e os pés como os outros pilotos.

Depois de conviver com Nicky Heyden (2006 a 2008), Andrea Dovizioso (2009 e 2010) e Casey Stoner (2011 e 2012), desde 2013 divide os compromissos oficiais da Repsol Honda com Marc Márquez, que surpreendeu a todos com sua condução criativa e agressiva. Se o convívio entre eles foi muito proveitoso para Márquez, que recebeu o colega ensinamentos valiosos sobre o protótipo RC213V, o inverso não ocorreu. O estilo de pilotar de Márquez exige força, mobilidade e envergadura, Pedrosa é um pouco menor e, mesmo em boa forma, não tem o físico adequado para replicar a técnica empregada por seu companheiro.

Na opinião de Marc Márquez, endossada pelo gestor da Honda Racing Shuhei Nakamoto, os resultados de Dani Pedrosa não correspondem a seu talento, que está sendo penalizado por problemas de desenvolvimento da moto atual. Sua carreira também foi atrapalhada por toda a sorte de acidentes, embora ainda não tenha sido determinado se existe alguma relação entre estas ocorrências e sua estatura. Dani Pedrosa é um exemplo vivo da possibilidade de recuperação de traumatismos, em seus 15 anos de carreira (início em 2001 na 125cc) já contabilizou inúmeras fraturas, três delas em sua clávicula esquerda.

A história não é escrita apenas por vencedores. As performances de Randy Mamola ainda serão lembradas por muito tempo e Dani Pedrosa já escreveu o seu nome na historia dos mundiais como o nono (até agora) piloto com maior número des vitórias em todas as categorias desde o primeiro campeonato em 1949. Só na MotoGP já participou de 169 corridas e venceu 28.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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