MotoGP – Duas notas sobre Valentino Rossi

segunda-feira, 2 de outubro de 2017 às 20:28

Valentino Rossi

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

Liderança na Equipe
Uma das responsabilidades do gestor de uma equipe da MotoGP é conseguir pilotos novos para pressionar os mais antigos. Jorge Lorenzo foi contratado pela Yamaha em 2007 para fazer exatamente o que fez, ganhar experiência para no futuro substituir Valentino Rossi. O velho campeão venceu ainda em 2008 e 2009, mas um acidente em 2010 proporcionou a Lorenzo a oportunidade que esperava para ganhar a confiança e assumir a liderança na equipe. Valentino perdeu a primazia na Yamaha, fracassou na Ducati (2011/2012) e de volta à antiga equipe nos anos seguintes não conseguiu se impor ao espanhol, com o agravante de ainda enfrentar a concorrência de Marc Márquez, do novo prodígio da Honda. A convivência entre Lorenzo e Rossi deteriorou com a disputa vencida pelo espanhol em 2015 e o ambiente nos boxes da Yamaha ficou insuportável em 2016, culminando com a substituição de Lorenzo por Vinales para este ano.

Falando esta semana (27/09) para a Gazzetta dello Sport, o principal jornal desportivo da Itália, o dirigente da Yamaha Massimo Meregalli reconheceu que, embora Rossi ainda tenha uma remota chance matemática, Maverick Vinales é a melhor aposta da fábrica para a disputa do título mundial. O dirigente italiano garantiu que Rossi não será instruído a facilitar para Vinales, mas admitiu a possibilidade pedir que Valentino não seja tão combativo ao lutar por uma posição com o colega de equipe. Lembrou que em Aragon Vinales enfrentou muita dificuldade para ultrapassar o companheiro, quando conseguiu abriu muito até o final da prova, infelizmente muito tarde para batalhar com Lorenzo por um lugar no pódio.

Heróico?
Alguns representantes da mídia especializada enumeraram alguns fatos não bem explicados em relação a recuperação meteórica da lesão que Valentino Rossi teria sofrido. Não há uma dimensão real da extensão do dano, se é que houve algum. O acidente aconteceu em um local ermo e testemunhado apenas por amigos próximos. Não se sabe como ele foi transportado para o atendimento em um hospital. Há notícias que houve uma cirurgia bem sucedida, mas onde estão os Raios-X com as placas e pinos? A única certeza é que o piloto perdeu a prova de Misano, todo o resto é obscuro e Rossi é conhecido por ser especialista em manipular a mídia com jogos mentais.

Existem registros que depois da avaliação médica realizada em Motorland ele saiu do Centro Médico utilizando uma muleta no lado esquerdo. É cientificamente impossível reduzir o peso ou provocar qualquer outro benefício na sua perna direita quebrada com este tipo de apoio. No dia da prova, ao montar em sua máquina antes de rumar para o grid, ele fez isso pelo lado direito do equipamento. Apoiou todos os seus 70-80kg de peso sobre a perna direita e girou toda esta massa sobre seus ossos fraturados para jogar a perna esquerda sobre a moto. Doses maciças de analgésicos podem justificar este procedimento, mas com certeza o instinto natural seria subir pelo outro lado para poupar o membro machucado. A pista de Aragon é no sentido anti-horário, ou seja, privilegia curvas para a esquerda que, por consequência, exigem maior apoio da perna direita para mudar a posição do corpo sobre a moto, Valentino não demonstrou dificuldades de movimentação em nenhum momento. Na prova ele também usou sem problemas o membro sinistrado como freio aerodinâmico nas aproximações das curvas. Quando desceu da máquina já no box no final da prova, de novo apoiou todo o corpo na perna direita.

Tudo indica que, se houve um sinistro, o dano foi muito menor do que a assessoria de imprensa de Valentino divulgou. Todas as notícias do acidente e acompanhamento da recuperação foram anunciadas pelo staff do piloto, nenhuma evidência real foi divulgada. Ninguém está duvidando ou menosprezando a proeza do piloto de 38 anos, apenas há uma possibilidade que talvez a magnitude de seu feito tenha sido exagerada. Muitos dos profissionais da imprensa que acompanham a MotoGP estão céticos quanto a extensão da lesão sofrida por Rossi.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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