MotoGP – Catar 2018

segunda-feira, 19 de março de 2018 às 12:15

Losail, Catar

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

Sui generis, único, original, singular, peculiar.

São diversos os adjetivos que podem caracterizar o circuito de Losail em Doha, Catar, cenário a primeira da dezenove etapas do Mundial de MotoGP de 2018. O Circuito Internacional de Losail é uma das melhores pistas do Oriente Médio, a único da região homologada pela FIA e FIM. Pode ser utilizada 24hs por dia, com iluminação planejada para evitar reflexos inclusive com a pista molhada. O circuito não foi construído para fazer bilheteria, é um dos GPs com menor afluência de público em todas as temporadas, até porque está localizado no meio de um deserto e tem uma única arquibancada para espectadores. Foi construído para divulgar o emirado e privilegiar o espetáculo pela TV.

Losail é um circuito curioso para começar a temporada da MotoGP, além de ser a única prova realizada de noite, a Dorna ainda encontrou uma maneira para tornar o evento ainda mais bizarro. Para evitar as gotas de orvalho que se formam após as 21 horas e deixam a pista traiçoeira, redistribuiu o horário das provas. A MotoGP foi a única classe que correu na noite, FP2 e qualificação e prova foram realizadas com iluminação artificial. Moto2 e Moto3 realizaram práticas e disputaram qualificação e corrida durante o dia.

O efeito colateral foi que o novo horário obrigou dois conjuntos de testes em condições radicalmente diferentes. FP1, FP3 e Warm Up foram realizadas a durante o dia, com sol, FP2, FP4, qualificação e corrida aconteceram depois de escurecer, com temperaturas significativamente diferentes.

Se o GP de Losail servir como amostra, a temporada de 2018 nos reserva grandes emoções. Os analistas exclusivos de resultados dirão que quase nada mudou. Johann Zarco repetiu a sua tática suicida de configurar o equipamento, uma satélite Yamaha com chassi 2016, para o máximo rendimento nas primeiras voltas e manteve a liderança enquanto teve pneus. A Ducati confirmou que, se fosse um campeonato de pista reta, a temporada já tinha um campeão. As Honda além de apresentaram um progresso enorme sobre a máquina da temporada passada ainda contam com um recurso extra, Marc Márquez. Valentino Rossi, de contrato renovado, mostrou que continua extremamente motivado e competitivo.

As últimas voltas do GP foram frenéticas. Andréa Dovizioso defendendo a liderança só tinha sossego na grande reta onde fazia valer a potência de seu motor. Na parte sinuosa do circuito Marc Márquez grudava na sua rabeta e, fiel ao seu estilo, procurava desestabilizar o italiano tentando ultrapassagens onde era impossível. Na última volta o espanhol atacou pelo lado interno da pista e ultrapassou na freada da última curva, mas foi obrigado a alargar o contorno e sofreu o Xis na aceleração para a entrada da reta.

A vitória de Dovizioso sobre Márquez por 0,027seg comprovou quase que integralmente as observações realizadas nos teste pré-temporada, o progresso da Honda é evidente e a disputa pela liderança até a bandeira final em uma pista complicada para a arquitetura de sua moto não foi gratuita. A Ducati ainda é soberana na aceleração. O resultado das Suzuki foi comprometido pela queda prematura de Alex Rins, que fazia boa prova e chegou a ocupar a 6ª colocação. O terceiro lugar de Rossi a 8 centésimos do líder e a recuperação de Vinales durante a prova foram um alento para a Yamaha, que aparentemente reencontrou o seu caminho.

Os dez primeiros contemplaram três Ducati (1°, 5° e 10°), três Honda (2°, 4° e 7°), três Yamaha (3°, 6° e 8°) e uma Suzuki (9°), mostrando equilíbrio na disputa entre os fabricantes. A Honda de Cal Crutchlow (4°) foi a equipe independente mais bem colocada.

Tito Rabat começou bem 2018, 11ª colocação com a Avintia, à frente do rookie Franco Morbidelli da Marc VDS Honda. As decepções da prova ficaram por conta da KTM que estreou a temporada sem marcar pontos e Jorge Lorenzo, que sofreu uma queda e continua a não justificar o salário que recebe.

A próxima etapa é em Rio Hondo, na Argentina, onde as Ducati e Honda oficiais não se classificaram na temporada passada. O traçado do circuito não penaliza o projeto das Honda e não tem grandes retas para a Ducati fazer a diferença. Um detalhe, no Catar este ano as Ducati falaram mais alto na reta, porém o resultado só era evidente quase no final, ao contrário do ano passado onde a diferença de motor era visível antes da primeira metade.

A MotoGP deste ano vai complicar a vida dos videntes e adivinhos.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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